Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão
A História da Civilização é clara. Toda Nação só evolui por vontade e liderança de uma Elite Moral. Os melhores entre os mais capacitados indicam soluções e resolvem o problema no mundo real. A maioria do povo segue os bons. Ou copia os ruins e medíocres, se parecer conveniente. Tudo depende de quem exerce a hegemonia.
O Brasil não sai da vanguarda do atraso, na eterna promessa de "País do Futuro", porque nos falta o protagonismo desta Elite Moral - que aponte caminhos, com liberdade, democracia e patriotismo. Nossas Zelites, que só fazem merda, se mostram cada vez mais perdidas. Precisamos de exemplos bons e corretos que perdurem historicamente.
Em busca dessa Elite Moral Perdida, que precisamos achar depressa, sinto a obrigação de comentar três manifestações essenciais no Facebook de um dos mais consagrados apresentadores da televisão brasileira - e muito mal aproveitado pelo Jornalismo da rede em que trabalha - Marcos Hummell. A primeira: O esforço diário de milhões de pessoas para destruir o país está tendo sucesso. Parabéns, você conseguiram. A segunda: Ler as notícias todos os dias só com Isordil. Sim, mas só os que se importam com o Brasil. A terceira: Hoje, o número de acusados de corrupção é imenso. E ninguém assume uma atitude decente. Estão todos acima do bem e do mal. A palavra vergonha, envergonhada, vai se retirando lentamente do vocabulário.
O leitor Régis Fusaro também manda uma provocação pensativa no e-mail corporativo do Alerta Total, a partir de uma constatação em artigo do brilhante Historiador Carlos I. S. Azambuja. O Kamarada Azamba escreveu: " Mas, conquistar os meios legais para isso – meios legais de informação, organização, comunicação, reunião, etc., – é praticamente impossível". O Fusaro pergunta, pedindo que responda ou comente, se achar prudente: "E qual seria a Solução? Contar com a evolução de todo o povo mais carente de educação (digamos os 30 e pouco % de eleitores que reelegeram a Presidente - se já foram perdidos mais de 500 anos? Ou uma solução mais radical que começasse punindo duramente, em 24 horas, os envolvidos nas mais diversas fraudes ocorridas no país?
Antes de responder, volto ao facebook. Está na página do grande mestre de Jornalismo João Baptista de Abreu, uma análise altamente simbólica sobre estes perigosos tempos de Lava Jato: " A foto de capa do Globo desta terça-feira expressa uma espécie de inversão estética de valores. O papagaio de pirata está em primeiro plano; a celebridade em segundo. A foto, de Paulo Lisboa (Brazil Photo Press) mostra um agente da Polícia Federal com jeito de Rambo olhando fixamente para a câmara. Atrás um homem idoso, último suspeito de envolvimento no escândalo da Petrobrás a se entregar, permanece de cabeça baixa. Foto difícil de legendar porque o personagem que deve ser citado está atrás do protagonista anônimo. Caçador e caça trocam de lugar. A ênfase está no caçador, que exibe garboso seu troféu. A investigação policial é indispensável para esclarecer os desmandos e punir os criminosos das altas rodas, mas o espetáculo deve ser encenado em outro espaço, sob pena de se destacar mais a encenação do que o drama".
Não aguentei e comentei no Face do João a resposta que começo a ensaiar ao Régis Fusaro: "O falso moralismo é a contravenção da moral jornalística. Mais uma vez, diante do quadro geral de impunidade, a mídia celebra a repressão simbólica como solução. Reprimir é atacar o efeito e não a causa. Tal postura é mais uma comprovação de nosso atraso democrático. Não temos, no Brasil, Segurança do Direito. Celebra-se a barbarie e o autoritarismo, sem privilegiar o respeito à Lei e aos Direitos fundamentais. Pior ainda: não aprimoramos o aparato legal (que funciona muito mal), não evoluímos na questão processual (causa da lentidão e impunidade) e não fazemos Justiça de verdade. O jornalismo de justiçamento, falso moralista, nos leva a lugar algum - a não ser ao de sempre: ditaduras, disfarçadas ou explícitas".
Vale a pena remar contra a maré? O ilustre conselheiro de Napoleão Bonaparte, o diplomata e ex-primeiro-ministro francês Charles Maurice de Talleyrand-Périgord (1754-1838) advertia que não valia tal esforço...
Aliás, contam os biógrafos que, no início da Revolução Francesa (1789 a 1799), o pragmático Talleyrand tomou três decisões – algumas delas que valem para toda a vida e para qualquer situação:
1) Não remar contra a maré;
2) Não abandonar seu País, salvo corresse grande perigo pessoal.
3) Salvar o que pudesse ser salvo.
Ainda no replay de mim mesmo, aqui na proa do PTitanic - conforme um irônico leitor me sacaneia todo dia nos comentários: "O tempo ruge e urge contra nós. O prazo para o Brasil mudar para melhor se esgota a cada ano que passa. Em 2040, chegaremos ao deadline. Seremos uma nação com mais velhos do que jovens. Isto significa que nossa vontade e capacidade de mudança tendem a ser menores. Um país jovem tem, em tese, mais disposição para aceitar mudanças. Uma nação mais envelhecida pode até fazer isto. Mas a tendência natural é agir mais lentamente. Precisamos de definições concretas e práticas, não de discursos vazios a cada eleição".
Nossas elites não assumem seu papel moral. Agem apenas como dirigentes do caos. Não definimos um projeto de Nação. Ficamos reféns de um modelo estatal capimunista - nem capitalista e nem socialista. Nossa União funciona como o império de uma federação de araque. O erro conceitual é tão gritante que já se fala, escancaradamente, em separatismo, sem antes falar na implantação do federalismo de verdade, para jogar no lixo o milagre que nossos antepassados conseguiram de unir um lugar tão grande, com tantas diferenças culturais, climáticas, sociais, econômicas e etc...
Que Brasil queremos? Não definimos corretamente... Sem isto, não se pode cuidar da prioridade máxima, que é a implantação de um sistema educacional que tenha custos racionais e consiga formar o brasileiro integral, capaz de ler, escrever, traduzir, interpretar, dominar a matemática, pensar logicamente e raciocinar de modo empreendedor, a fim de produzir riquezas como fruto do trabalho - e não da especulação ou do ganho socialmente fácil das esmolas oficiais.
Os resultados judiciais da Operação Lava Jato, graças à transação penal, são um inegável avanço. No entanto, o Brasil precisa ir ao infinito e além... Quando a corrupção é sistêmica, é necessário mudar o sistema - e não apenas prender uns corruptos que serão substituídos por outros. Eis o risco que corremos, além do rigor seletivo do "justiçamento" virar "usos e costumes" em um País ignorante, corrupto e injusto.
O Brasil certamente tem pessoas com potencial para ser Elite Moral. Os bons precisam se juntar, pensar soluções corretas e agir depressa. Os netosdaputa já fazem isto naturalmente, por sobrevivência e pragmatismo. Deles a maioria começa a ficar de saco cheio. No entanto, a reação contra a governança do crime organizado não acontece de forma eficaz. A inação é mais fácil e cômoda. Este ciclo de sacanagem e esperteza precisa ser rompido para se implantar um inédito ciclo de honestidade, correção, transparência e responsabilidade de cada um, sem falsos moralismos, caças às bruxas e medidas autoritárias de força.
Jorge Serrão é torcedor fanático do Clube de Regatas do Flamengo.
Postado por Jorge Serrão às 07:21:00 6 comentários:
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