Nem o choro das crianças e o desespero das mães foram suficientes para sensibilizar cinco assaltantes que levaram os veículos com os filhos das vítimas a bordo
ary.filgueira@jornaldebrasilia.com.br
A frieza dos bandidos em dois crimes semelhantes mostra o retrato da insegurança no Distrito Federal. Nem o choro das crianças e o desespero das mães foram suficientes para sensibilizar cinco assaltantes que levaram os veículos com os filhos das vítimas a bordo. Os dois casos ocorreram em um intervalo de quatro dias.
O caso mais recente foi registrado na última terça-feira. Eram 15h quando uma moradora do Setor Sol Nascente, de 32 anos, tinha acabado de colocar o cinto de segurança na filha de um ano e seis meses, no banco de trás do carro. Um Chevrolet Prisma cinza encostou na frente da casa dela, na Quadra 111 D, com três homens dentro.
Ela percebeu se tratar de um assalto. Ainda chegou a travar as portas. Mas viu pelo retrovisor do carro que um dos bandidos já estava no banco de trás, onde estava a filha. “Os vidros ficaram abertos. Por isso, ele conseguiu entrar”, relata a mãe.
Ordem
De acordo com ela, o assaltante que segurava um revólver mandou que saísse do carro. Mas a vítima se recusou porque a filha estava dentro. Ela tentou argumentar. “Eu só quero tirá-la”, pediu. Mas o outro criminoso apontou o facão para a criança, ameaçando matá-la caso a mulher não abandonasse o carro.
Em seguida, o comparsa puxou a mãe pelo braço e a tirou do veículo. “Saí atrás, gritando, pedindo socorro. Ela (criança) estava chorando. Só pensava no rosto dela”, conta a dona de casa.
A vítima procurou o posto da Polícia Militar, mas encontrou as portas fechadas. Desesperada, saiu correndo em busca de ajuda com as pessoas que passavam pela rua. Até que, a um quilômetro de casa, se deparou com uma mulher que afirmou ter visto uma criança chorando ali perto. “‘É a minha filha’, eu disse a ela. A mulher não queria me entregá-la. Pediu para que esperasse a polícia”, relembra.
Por volta das 19h30, a vítima recebeu uma ligação informando que a polícia localizou o carro roubado na QNN 9, ainda em Ceilândia. Um dos suspeitos foi preso. Com ele, estavam a cadeira da criança e a bicicleta que a vítima havia colocado no porta-malas.
Dupla deixa menina e sofre acidente
Na última segunda-feira, o JBr. mostrou o caso de uma moradora da QNL 4 de Taguatinga, de 44 anos, que também passou por momentos de terror. Ela foi abordada por um casal de assaltantes no último sábado, quando estava dentro do carro, estacionado em frente ao prédio do irmão. “O homem mandou que eu saísse”, lembra. “Ainda gritei: ‘me dá minha filha’”, conta. Os bandidos levaram o veículo com a criança de um ano e oito meses, que estava na cadeirinha afixada no banco de trás.
Segundo ela, um motorista viu toda a ação e passou a seguir os bandidos. Ele viu quando colocaram o menino na frente de uma faculdade na Samdu Norte, em Taguatinga. “Quando estava registrando a ocorrência na delegacia, ouvi no rádio a informação de que encontraram uma criança. Ao chegar ao local, vi que era a minha filha”, relata a mãe.
No mesmo dia em que o crime ocorreu, a polícia encontrou o carro da vítima. Os bandidos tinham acabado de capotar o veículo na BR-070, que liga Brasília a Águas Lindas (GO), Região Metropolitana do DF. Eles sofreram apenas escoriações leves. De acordo com a polícia, a dupla alega que em um primeiro momento não percebeu a presença da criança.
Polícia procura foragidos
A Polícia Civil informou que o suspeito do assalto no Sol Nascente, W.S.S., 21 anos, foi flagrado na posse do veículo roubado. A 23ª DP registrou um flagrante de roubo de veículo/localização de veículo roubado ou furtado. Agora, a delegacia investiga o paradeiro dos outros envolvidos no crime. Após os procedimentos legais, o autuado foi recolhido ao cárcere do Departamento de Polícia Especializada.
Desde então, a vítima nunca mais saiu de casa. “Cada carro que passa, escuto o barulho e fico assustadíssima. Preciso tomar chá para me acalmar. Penso em sair daqui”, afirma ela, que se mudou para o Sol Nascente no último dia 10. “Mudei da QNR por causa da violência”, conta.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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