Na
contramão de alguns vizinhos latino-americanos, Dilma Rousseff, Aécio Neves e
Eduardo Campos mostram
que dificilmente mudarão políticas relacionadas a temas espinhosos
O segredo em
uma eleição presidencial é fugir dos temas espinhosos. Essa é uma das estratégias adotadas
pelos principais pré-candidatos à Presidência da República no Brasil quando se trata de
aborto, descriminalização de drogas ou a redução da maioridade penal.
Enquanto em alguns dos nossos vizinhos latino-americanos essas questões estão
entrando na agenda, aqui no Brasil, temas polêmicos são evitados pelo Governo e
pelos candidatos.
[Os candidatos que pretendam ser
eleitos devem ter em conta:
- aborto continua proibido,
devendo
eventuais liberações se reduzirem a situações excepcionais, nas quais já
é permitido; a pena para a mãe aborteira e para os que contribuem, de
qualquer
forma, para a prática criminosa, deve ser aumentada.
- a descriminalização das drogas deve
ser retirada de discussão, aumentar as penas para os usuários e traficantes.
Qualquer publicidade favorável ao consumo de drogas deve ser coibida e os
responsáveis punidos com pena de prisão.
- a maioridade penal deve ser
alcançada aos 15 anos e qualquer pena aplicada ao menor deve ser cumprida na
íntegra, mesmo que durante o período de cumprimento da pena ele alcance a
maioridade civil que permanece fixada aos 18 anos.
- o homossexualismo deve ser proibido e a prática de qualquer ato
homossexual – ainda que não obsceno e permitido entre héteros – deve ser punida
com pena de prisão. Qualquer propaganda que estimule práticas sexuais entre
pessoas do mesmo sexo deve ser impedida e seus autores penalizados.
Saiu dessa linha será inapelavelmente
punido nas urnas.]
[a presidente Dilma é favorável aoaborto, tanto que nomeou para o seu ministério ELEONORA MENICUCCI, aborteira convicta, especializada em ministrar cursos de auto aborto, tanto que é
conhecida como a vovó do aborto e se jacta de ter feito, com êxito, vários
autoaborto.
Para a doutora em ciências sociais e presidenta da ONG Católicas pelo Direito de Decidir, Maria José Rosado Nunes, essa é uma questão que não é discutida pelo risco de se perder o apoio, tanto popular – tendo em vista que somos um país de maioria católica e com um grande número de evangélicos – quanto no Congresso. “O governo silencia sobre a questão do aborto porque essa é a garantia da fidelidade de sua bancada”, diz.
Para a doutora em ciências sociais e presidenta da ONG Católicas pelo Direito de Decidir, Maria José Rosado Nunes, essa é uma questão que não é discutida pelo risco de se perder o apoio, tanto popular – tendo em vista que somos um país de maioria católica e com um grande número de evangélicos – quanto no Congresso. “O governo silencia sobre a questão do aborto porque essa é a garantia da fidelidade de sua bancada”, diz.
[essa doutora em ciências deveria
cuidar de suprimir o adjetivo ‘católicas’ do nome de sua ONG, já que o
VERDADEIRO CATÓLICO NÃO TEM O DIREITO DE DECIDIR SOBRE O ABORTO.
O ABORTO É PROIBIDO AOS CATÓLICOS.]
O único avanço de Rousseff sobre a questão ocorreu no ano passado, quando ela sancionou uma lei que determina que a rede pública de saúde pode pagar pelos abortos legais. Mas isso apenas nos casos que envolvam vítimas de estupro, quando o feto for anencéfalo ou ainda se a gravidez apresentar algum risco de morte para a mulher.
O ABORTO É PROIBIDO AOS CATÓLICOS.]
O único avanço de Rousseff sobre a questão ocorreu no ano passado, quando ela sancionou uma lei que determina que a rede pública de saúde pode pagar pelos abortos legais. Mas isso apenas nos casos que envolvam vítimas de estupro, quando o feto for anencéfalo ou ainda se a gravidez apresentar algum risco de morte para a mulher.
Essa questão é tão polêmica no
Brasil e divide tantas opiniões, que, pouco antes da sanção dessa lei no
ano passado, a Comissão de Finanças e
Tributação da Câmara dos Deputados aprovou a
criação da chamada 'Bolsa Estupro', que concede uma pensão mensal para a vítima de
estupro que gerar a criança.
O texto, de autoria dos deputados federais
Luiz Bassuma (PT) e Miguel Martini (PHS), prevê que o dinheiro dessa pensão
sairia dos cofres públicos.
Tanto o pré-candidato do PSDB, Aécio Neves, quanto o do PSB, Eduardo Campos não demonstram interesse em seguir rumos diferentes nesse assunto. Quando questionado pela revista Época sobre o tema, Neves disse: "Sou a favor da legislação atual, sem mudanças". O representante do PSB tem a mesma opinião: “A legislação brasileira já é adequada. Não vejo razão para que se altere”, disse, durante a celebração da missa de Páscoa no Santuário de Aparecida, no dia 20 de abril deste ano, para o Estado de S. Paulo.
Tanto o pré-candidato do PSDB, Aécio Neves, quanto o do PSB, Eduardo Campos não demonstram interesse em seguir rumos diferentes nesse assunto. Quando questionado pela revista Época sobre o tema, Neves disse: "Sou a favor da legislação atual, sem mudanças". O representante do PSB tem a mesma opinião: “A legislação brasileira já é adequada. Não vejo razão para que se altere”, disse, durante a celebração da missa de Páscoa no Santuário de Aparecida, no dia 20 de abril deste ano, para o Estado de S. Paulo.
Enquanto a legalização do aborto
não avança muito no Brasil, no Uruguai, em Cuba e em 18 dos 31 Estados do México o procedimento é
permitido sem restrições até um certo período da gestação (varia da décima até a décima segunda semana). Nos outros países
latino-americanos o aborto ou é proibido ou só é permitido em situações
específicas, como ocorre no Brasil. E por qual razão esse assunto é tão mal
visto no Brasil?
Maria José Rosado Nunes acredita que uma das respostas pode estar na cultura judaico-cristã, que no Brasil é muito forte. Isso acaba colocando a mulher como uma moeda de troca pelos políticos. “Os governantes acabam cedendo espaços para bancadas religiosas e, em troca de votos para projetos de seus interesses, e não discutem temas como o aborto ou a liberdade sexual”.
Maria José Rosado Nunes acredita que uma das respostas pode estar na cultura judaico-cristã, que no Brasil é muito forte. Isso acaba colocando a mulher como uma moeda de troca pelos políticos. “Os governantes acabam cedendo espaços para bancadas religiosas e, em troca de votos para projetos de seus interesses, e não discutem temas como o aborto ou a liberdade sexual”.
Tramita no Congresso uma proposta
de reforma do Código Penal desde 2012 que, entre outras questões, propõe descriminalizar o aborto
“Se por vontade da gestante até a 12ª
semana de gestação, quando o médico ou psicólogo constatar que a mulher não
apresenta condições psicológicas para arcar com a maternidade”. Um pequeno
avanço, mas passa longe de legalizar o procedimento para qualquer mulher que o
deseje fazer.
Drogas
Quando se discute a descriminalização das drogas o
debate parece ainda mais atravancado. O único que se posiciona radicalmente sobre o
assunto é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Ele tem, inclusive,
emprestado sua imagem para apoiar a liberação da maconha para consumo próprio,
quando foi protagonista do documentário Quebrando o Tabu, que discute a
descriminalização da maconha em diversos países. Porém, quando presidiu o país, de 1995 a 2002, Cardoso não tentou
estabelecer a política de drogas que hoje defende. E o pré-candidato de seu
partido, até agora, não demonstrou que deve abrir esse diálogo.
Em
entrevista à Folha
de S. Paulo no último dia 22, Neves afirmou que embora já tenha
fumado maconha, é contra a descriminalização da droga. "Não gostaria de ver o Brasil como cobaia de uma experiência que
não se sabe o resultado”, disse ele. Já Campos, afirmou na última segunda-feira, também ser contra essa
proposta: "Num
país que vive uma epidemia do crack, a questão da droga não é se legaliza ou
não a maconha. A questão é que a gente aumente o efetivo da Polícia Federal,
que tomem conta das nossas fronteiras ", disse.
Rousseff, por sua vez, nunca foi
explícita sobre o tema e seu governo também não demonstrou qualquer interesse em discuti-lo
abertamente. Na campanha de 2010, ela chegou a declarar: "Uma droga nunca anda sozinha". E parou por aí.
Como, ao
menos teoricamente, a postura do Congresso é o reflexo da sociedade, a
discussão não chega aos palanques dos presidenciáveis. “Os candidatos costumam ter posições parecidas pois eles sabem que,
no Brasil, quando se discute aborto ou drogas podem perder terreno”, diz
analisa o cientista político Cláudio Gonçalves Couto, professor da Fundação
Getúlio Vargas de São Paulo (FGV – SP). Nos últimos anos, quando esse assunto
vem à tona, rapidamente qualquer debatedor cita o caso do Uruguai, que liberou
a venda de pequenas quantidades de maconha para usuários.
O que é preciso
analisar, conforme especialistas, são as diferenças culturais que interferem na
decisão política.
O Uruguai
é uma sociedade muito mais homogênea que a brasileira, explica Couto. Assim
como o Chile, que apesar de sua tradição católica, ao menos se abre ao debate. “Ambas as sociedades têm um nível de
escolaridade superior ao do nosso país e consegue dissociar as questões
religiosas e cosmológicas das questões de saúde pública”, afirma o
cientista político. Outros exemplos nas questões das drogas são o México e a Argentina.
Embora neles não existam leis como as uruguaias, ambos países decidiram promover as discussões. Representantes do alto escalão dos governos já se posicionaram favoráveis à descriminalização do uso da maconha. Na Cidade do México, por exemplo, tramita na Assembleia uma lei que permite habilitar espaços para a venda e o uso de maconha. Já na Argentina, o secretário de Segurança, Sergio Berni, se declarou, no início deste ano, a favor da descriminalização da produção, comercialização e do consumo da droga no país.
Embora neles não existam leis como as uruguaias, ambos países decidiram promover as discussões. Representantes do alto escalão dos governos já se posicionaram favoráveis à descriminalização do uso da maconha. Na Cidade do México, por exemplo, tramita na Assembleia uma lei que permite habilitar espaços para a venda e o uso de maconha. Já na Argentina, o secretário de Segurança, Sergio Berni, se declarou, no início deste ano, a favor da descriminalização da produção, comercialização e do consumo da droga no país.
Assim
como nos países vizinhos, a aprovação da venda da maconha no Uruguai acabou
gerando uma reação no Brasil nos últimos meses. Como os governantes raramente
se debruçam sobre o assunto, em fevereiro, um grupo de 20 mil pessoas
apresentou uma sugestão ao Senado na qual pede que seja autorizada o uso recreativo e
medicinal da droga. Essa
proposta ainda está sendo analisada pelo senador Cristóvam Buarque (PDT).
Conforme seu parecer, poderá se tornar um projeto de lei.
Na Câmara
dos Deputados, o deputado Jean Willys (PSOL) apresentou um projeto para regular
a produção industrialização e a comercialização da Cannabis. Até agora, quase
três meses após a apresentação do projeto, ele ainda não andou nesta Casa de leis. [o
primeiro, único e último mandato do deputado Jean Wyllys termina em 31 de
dezembro deste ano.]
Para a
socióloga Rosado Nunes, um dos fatores que interfere na estagnação do Brasil
com relação a esses temas reside na tradição autoritária. “Ao contrário dos nossos vizinhos, somos um país autoritário, com uma
política de cabresto, uma democracia fraca”, opina. Ela acredita que o
longo período de escravidão e o autoritarismo vivido aqui nos tempos da
ditadura dificulta a instalação de uma democracia plena.
Homofobia
como crime e redução da maioridade penal
Ainda que
o Brasil tenha aprovado, no ano passado, a
união homoafetiva, o país está longe de se livrar da homofobia. No ano
passado, a cada 28 horas um gay, lésbica ou travesti
foi assassinado no Brasil, somando 312 homicídios, de acordo com o Grupo
Gay da Bahia (GGB), uma das entidades mais antigas de defesa dos direitos
humanos dos homossexuais no país. A entidade estima ainda que 99% dos crimes
foram motivados por homofobia.
[estimativa falsa; caso fosse verdadeira, teríamos mais de
50.000 assassinatos motivados por heterofobia.
Alguns homicidios que atingem gays e podem ser atribuídos ao homossexualismo são praticados pelos próprios parceiros, são desavenças entre portadores do homossexualismo.]
Alguns homicidios que atingem gays e podem ser atribuídos ao homossexualismo são praticados pelos próprios parceiros, são desavenças entre portadores do homossexualismo.]
Existe um projeto de lei no
Congresso que trata da criminalização da homofobia, definindo os crimes resultantes
de discriminação ou preconceito de gênero, sexo e orientação sexual e
estabelecendo as responsabilidades do ato e dos agentes. Porém, anda a passos
de tartaruga. Está tramitando há oito anos e até agora não avançou.
Enquanto
isso no Chile, a Justiça tem se mostrado mais rígida quando se depara com crimes
com clara motivação homofóbica. No ano passado, a justiça
condenou a prisão perpétua um dos quatro agressores e assassinos de Daniel
Zamudio, que morreu
em 2012 depois de ser espancado, vítima de um crime homofóbico.
Apesar
disso, o Chile, Paraguai, Bolívia, Peru e a Venezuela não reconhecem o
casamento entre pessoas do mesmo sexo. Uma causa que, no Brasil, assim como no
Uruguai, a Argentina e em alguns Estados do México, está mais avançada. [no
Brasil houve uma interpretação equivocada do Supremo Tribunal Federal
que conseguiu ler em um dos artigos da Constituição Federal o que não
estava, e nem está, escrito.]
A redução
ou não da maioridade penal, por sua vez, é um assunto cíclico. A cada crime
cometido por um menor de idade no Brasil, esse tema volta à tona na bancada
mais conservadora. E é rebatido por ONGS e especialistas em direitos humanos. Há no
Congresso Nacional brasileiro mais de 20 projetos de lei que
tratam de reduzir a maioridade penal de 18 para 16 ou até 14 anos ou de aumentar o rigor para
jovens infratores, tema que raramente é defendido por movimentos sociais. Os
mais antigos datam dos anos 1990.
Essa é um
dos poucos temas em que os países vizinhos se assemelham à nossa condição,
sendo que, em alguns Estados do México, um adolescente a partir dos 11 anos já
pode receber medidas socioeducativas e ser internado em alguma instituição.
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