sexta-feira, 30 de maio de 2014

Dilma afronta a legalidade em Brasília e em São Bernardo para fazer campanha. Ou: Quando os petistas não levam alguns da cadeia para o poder, eles é que vão do poder para a cadeia



Vejam estas fotos de dois políticos presos. Explicarei por que estão aí.
Maluf e Jader
Não posso fazer nada! Enquanto eles não pararem de cometer ilegalidades, eu não paro de acusá-los. Eles fazem aquilo que NÃO deveria ser o trabalho deles. E eu faço aquele que deve ser o meu trabalho. 


Reportagem de Ranier Bragon, na Folha de hoje, relata a natureza da conversa que manteve a presidente Dilma Rousseff, na noite de terça-feira, com dirigentes, parlamentares e governadores do PMDB, durante jantar no Palácio do Jaburu, sede da Vice-Presidência da República. 


Sim, leitor, trata-se de um prédio público, sustentado com o nosso dinheiro. Petistas e não petistas pagam as contas do Jaburu. Eleitores e não eleitores de Dilma arcam com os custos.


Dilma deixou claro, por exemplo, para que serve a candidatura do peemedebista Paulo Sakaf em São Paulo: “Temos duas candidaturas, uma que é a do ex-ministro [Alexandre] Padilha [PT], e o Skaf. Acredito que é essa a fórmula do segundo turno (…). Quero enfatizar esse fato, a gente não pode ser ingênuo e não perceber o que significa uma derrota dos tucanos em São Paulo, sendo bem clara”.


Convenham! Ela estava sendo claríssima. E praticando ilegalidades também! Estava usando dinheiro público — a estrutura do Jaburu — para convocar seus aliados para uma guerra contra um governador da oposição.


Dilma também fez afagos a peemedebistas. Elogiou, por exemplo, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão: “Em poucos lugares do Brasil construímos uma parceria tão fluida”. Pois é… Ocorre que o senador Lindbergh Farias, do PT, elegeu a gestão peemedebista do Estado como seu principal alvo. Tanto é assim que parte do PMDB vai fazer campanha para o tucano Aécio Neves, no chamado voto “Aezão”.


Mas nada fala tanto sobre o PT de hoje em dia como a declaração de apreço que Dilma fez pelo senador Jader Barbalho (PMDB-PA): “Tenho um grande respeito pelo Jader Barbalho. Acredito hoje que o Jader tem muita sorte, tem um filho que pode continuar a caminhada dele”. Ela estava se referindo à candidatura de Helder Barbalho ao governo do Pará.

Em 2002, Jader chegou a ser preso pela Polícia Federal, junto com outras dez pessoas, todas acusadas de envolvimento no escândalo da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). No dia 4 de outubro do ano anterior, tinha renunciado ao mandato de senador, não resistindo a uma chuva de acusações, como desvio de recursos do Banpará e emissão fraudulenta de Títulos da Dívida Agrária. Mas sabem como é… Dilma é dona do seu respeito.


Maluf Nesta quarta, a presidente participou de um evento comemorando os dez anos do programa “Brasil Sorridente”. O ato se deu lá em São Bernardo. O atual ministro da Saúde, Artur Chioro, estava presente. Ocorre que o ex também estava: Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo. Mais uma vez, o dinheiro público financiava a festa e era posto a serviço de um candidato.

Indagado sobre a sua aliança com Maluf, em São Paulo, e se tiraria uma foto ao lado do deputado, Padilha afirmou: “Vai ter uma foto muito bonita com o PP e quem deve estar triste são aqueles que queriam o PP junto”.

Além de certos hábitos, Maluf tem em comum com Jader o fato de também ter sido preso pela Polícia Federal em 2005. O PT é mesmo um portento: quando não contribui para levar as pessoas da cadeia para o poder, seus homens fortes acabam indo do poder para a cadeia. Desse jeito, o Planalto ainda acaba não se diferenciando da Papuda.

Ah, sim: lá no alto, vocês veem Jader e Maluf, ambos presos pela Polícia Federal.

Por Reinaldo Azevedo

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