Térmicas
ameaçam cortar luz de Manaus. Empresas cobram na Justiça pagamentos
atrasados da Eletrobrás Amazonas Energia e colocam em risco fornecimento
da cidade
Donos de usinas termoelétricas que abastecem Manaus decidiram cobrar na Justiça a estatal Eletrobrás Amazonas Energia pela falta de pagamento. Há cinco meses sem receber pela energia gerada, as empresas ameaçam parar de produzir por incapacidade financeira e falta de materiais para operação e manutenção das usinas.
Donos de usinas termoelétricas que abastecem Manaus decidiram cobrar na Justiça a estatal Eletrobrás Amazonas Energia pela falta de pagamento. Há cinco meses sem receber pela energia gerada, as empresas ameaçam parar de produzir por incapacidade financeira e falta de materiais para operação e manutenção das usinas.
Isso significa deixar a capital do Amazonas e cerca de 460 mil consumidores às escuras.
Em
nota, a Amazonas Energia confirmou a inadimplência e explicou que os
atrasos são decorrentes "da falta de recebimento dos recursos da CCC
(Conta de Consumo de Combustível)" - hoje bancada pela Conta de
Desenvolvimento Energético (CDE), que virou um varal
para bancar os mais diversos programas e despesas do setor elétrico. O
assunto, segundo a estatal, está sendo tratado pelo Ministério de Minas e
Energia, que não se pronunciou. "A distribuidora está em processo de
negociação com as geradoras para que não haja impacto no suprimento."
Empresas
ouvidas pelo Estado afirmam que, para honrar compromisso básicos, como
pagar o salário de funcionários, tiveram de recorrer a empréstimos
bancários por falta de caixa. Pedidos de insumos importantes para a
operação das térmicas, como óleo lubrificante, que precisam ocorrer com
60 dias de antecedência, não foram feitos e o estoque está no fim.
"Só
não paramos antes porque recorremos a bancos e ao capital dos sócios.
Mas agora chegamos ao limite. Não temos mais o que fazer", afirma um
executivo. A inadimplência da Amazonas Energia tem provocado um efeito
cascata. Sem dinheiro em caixa, as empresas deixaram de pagar
fornecedores, que agora não aceitam novos pedidos.
Em
documento obtido pela reportagem, a GenRent, geradora responsável por
25% da demanda de Manaus, afirma à Amazonas Energia que sua operação
poderá sofrer interrupções a qualquer momento por falta de insumos
essenciais para o funcionamento das unidades. A empresa está no grupo de geradores que estão cobrando a estatal na Justiça por um débito de R$ 45 milhões.
Procurada,
a companhia afirmou que o assunto está sendo tratado pela área jurídica
e que não se pronunciará. Outra empresa que já entrou na Justiça para
cobrar a subsidiária do Grupo Eletrobrás é a PowerTech, do grupo Lempar.
A empresa também não quis comentar o assunto. No total, há cinco
empresas com problemas de caixa por falta de pagamento da estatal. Essas
usinas recebem o combustível da Amazonas Energia e bancam a operação e
manutenção da unidade.
O
problema é mais um reflexo das medidas adotadas pelo governo federal em
2012 para reduzir a tarifa de energia elétrica. Uma das decisões foi
acabar com a CCC, criada em 1973 para ajudar no pagamento da geração
termoelétrica (a base de óleo diesel e óleo combustível) dos Estados do
Norte do País. Até o ano passado, o valor era rateado entre todos os
brasileiros. Mas, para baratear a tarifa de energia, o governo federal
eliminou o encargo.
Desde
então as despesas com o subsídio têm sido bancadas pela Conta de
Desenvolvimento Energético (CDE), outro encargo que foi reduzido da
conta de luz do brasileiro. Nos últimos meses, essa conta ganhou
atribuições diversas, como honrar com o rombo bilionário das
distribuidoras, pagar as indenizações das empresas que renovaram as
concessões de geração e transmissão, bancar o Programa Luz Para Todos e
cobrir a CCC. Resultado: faltou dinheiro para tudo, apesar de o Tesouro
ter aportado recursos na CDE.
camuflados 30 de maio de 2014
camuflados 30 de maio de 2014
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