LUCAS SAMPAIO, DE CAMPINAS
Um raro dicionário da Língua Geral Paulista, principal idioma falado em São Paulo entre os séculos 16 e 18, foi encontrado pela Unicamp.
Escrito pelo militar e político José Joaquim Machado de Oliveira (1790-1867), o “Vocabulário Elementar da Língua Geral Brasílica” tem 1.311 entradas e foi publicado por seu neto, em 1936, na Revista do Arquivo Municipal paulista.
Nele, é possível encontrar diversas palavras que foram incorporadas pelo português. Por exemplo: aipi (raiz de mandioca), pacú (peixe), pagé (feiticeiro), tucano ou urubú (aves).
O documento já era conhecido, mas foi a mestre Fabiana Raquel Leite, linguista e pesquisadora da Unicamp, que descobriu se tratar de um dos poucos registros escritos da língua, já extinta há mais de um século.
“É um pequeno passo para se descobrir mais documentos sobre a língua, que tinha muita influência no Estado. Era praticamente a língua oficial da região”, diz Fabiana Leite, que foi orientada pelo doutor Vilmar da Rocha D’Angelis.
“A Língua Geral Paulista fez parte da história da construção do Estado, foi a base, e está praticamente esquecida”, diz a linguista.
Além do dicionário, entre os poucos documentos sobre a língua estão o dicionário de verbos do naturalista alemão Carl Friedrich von Martius e uma pequena lista de vocábulos do naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire.
A LGP, Língua Geral Paulista, tem origem nos dialetos dos índios tupi de São Vicente e do alto Tietê, com influências do português, do espanhol e do guarani. O auge de seu uso foi durante as bandeiras, quando chegou a outras regiões, como norte do Paraná, Mato Grosso e Minas Gerais.
“Junto com o português, ela era a língua dos bandeirantes paulistas. A maioria a utilizava para se comunicar, apesar de saberem ler e falar português”, afirma Leite.
A queda veio com a descoberta do ouro, em Minas, e a chegada dos europeus que passaram a utilizar o português como língua oficial.
TRÊS LÍNGUAS
Foram faladas três línguas gerais no Brasil a partir da colonização: duas no domínio português (as línguas gerais Paulista e Amazônica) e uma, no espanhol (a Guarani).
Enquanto a Paulista era falada na região central do Brasil, a da Amazônia era utilizada no Norte, nos atuais Estados do Maranhão e do Pará. A Guarani foi empregada no Sul, durante a colonização espanhola.
Inicialmente, pensava-se que o “Vocabulário Elementar da Língua Geral Brasílica” era um documento sobre a Língua Geral Amazônica, até hoje falada em partes da região Norte.
Também conhecida como Nheengatu, ela é uma das línguas oficiais de São Gabriel da Cachoeira (AM), ao lado do português e dos idiomas indígenas tucano e baniua.
Um raro dicionário da Língua Geral Paulista, principal idioma falado em São Paulo entre os séculos 16 e 18, foi encontrado pela Unicamp.
Escrito pelo militar e político José Joaquim Machado de Oliveira (1790-1867), o “Vocabulário Elementar da Língua Geral Brasílica” tem 1.311 entradas e foi publicado por seu neto, em 1936, na Revista do Arquivo Municipal paulista.
Nele, é possível encontrar diversas palavras que foram incorporadas pelo português. Por exemplo: aipi (raiz de mandioca), pacú (peixe), pagé (feiticeiro), tucano ou urubú (aves).
O documento já era conhecido, mas foi a mestre Fabiana Raquel Leite, linguista e pesquisadora da Unicamp, que descobriu se tratar de um dos poucos registros escritos da língua, já extinta há mais de um século.
“É um pequeno passo para se descobrir mais documentos sobre a língua, que tinha muita influência no Estado. Era praticamente a língua oficial da região”, diz Fabiana Leite, que foi orientada pelo doutor Vilmar da Rocha D’Angelis.
“A Língua Geral Paulista fez parte da história da construção do Estado, foi a base, e está praticamente esquecida”, diz a linguista.
Além do dicionário, entre os poucos documentos sobre a língua estão o dicionário de verbos do naturalista alemão Carl Friedrich von Martius e uma pequena lista de vocábulos do naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire.
A LGP, Língua Geral Paulista, tem origem nos dialetos dos índios tupi de São Vicente e do alto Tietê, com influências do português, do espanhol e do guarani. O auge de seu uso foi durante as bandeiras, quando chegou a outras regiões, como norte do Paraná, Mato Grosso e Minas Gerais.
“Junto com o português, ela era a língua dos bandeirantes paulistas. A maioria a utilizava para se comunicar, apesar de saberem ler e falar português”, afirma Leite.
A queda veio com a descoberta do ouro, em Minas, e a chegada dos europeus que passaram a utilizar o português como língua oficial.
TRÊS LÍNGUAS
Foram faladas três línguas gerais no Brasil a partir da colonização: duas no domínio português (as línguas gerais Paulista e Amazônica) e uma, no espanhol (a Guarani).
Enquanto a Paulista era falada na região central do Brasil, a da Amazônia era utilizada no Norte, nos atuais Estados do Maranhão e do Pará. A Guarani foi empregada no Sul, durante a colonização espanhola.
Inicialmente, pensava-se que o “Vocabulário Elementar da Língua Geral Brasílica” era um documento sobre a Língua Geral Amazônica, até hoje falada em partes da região Norte.
Também conhecida como Nheengatu, ela é uma das línguas oficiais de São Gabriel da Cachoeira (AM), ao lado do português e dos idiomas indígenas tucano e baniua.
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