Marina Silva fez com que Eduardo Campos traísse o aperto de mão que
selou o pacto com Aécio Neves. Mostra quem mandaria no Brasil se
porventura o pernambucano fosse eleito.
O pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos,
anunciou nesta quinta-feira que o partido lançará candidato próprio ao governo
de Minas Gerais, e que o acordo com Aécio Neves, pré-candidato do PSDB, que
previa apoio mútuo em Minas e Pernambuco, é apenas um pacto de não agressão que
o PSB faz com todos os partidos. — O pacto de não agressão é com todos os partidos. Sempre
fiz política assim. Temos aliança com o PSDB em vários locais, mas não há pacto
(de acordo mútuo) — afirmou Campos.
Com o fim do acordo, o nome mais cotado para ser o candidato
do PSB ao governo de Minas é o do deputado federal Júlio Delgado, embora Marina
Silva, que será vice de Campos, prefira o ambientalista Apolo Heringer. — Há uma divisão no PSB de Minas. Mas a tendência mais
forte, e que está crescendo, é a de lançar a candidatura do deputado Júlio
Delgado. Como direção nacional, nós vamos acompanhar a decisão do partido no
estado — disse Campos.
A argumentação do ex-governador pernambucano confirma a
tendência do PSB de lançar candidatos próprios nos estados de maior
representatividade. Já no Rio Grande do Norte, o partido optou por lançar a
ex-governadora Vilma de Faria como pré-candidata ao Senado, apoiando a chapa
formada por Henrique Eduardo Alves (PMDB) e João Maia (PR) ao governo.
O motivo do rompimento do acordo com Aécio é uma tentativa
de atrair o voto da esquerda lulista que não vai para Dilma Rousseff e
fidelizar o voto do eleitorado de Marina nos grandes centros urbanos. A
explicação vem de alguns dos principais articuladores políticos de Campos.
Desde que decidiu marcar as diferenças do seu projeto para o de Aécio, Campos
busca se tornar a melhor opção para petistas descontentes, mirando suas
críticas em Dilma. — Se o Eduardo marca suas diferenças com Aécio e o PSDB, ele
atrai não só os votos da esquerda, mas também os votos de Marina. No segundo
turno é outra história, mesmo porque estaremos lá — diz um interlocutor de
Campos.
Um dos coordenadores da campanha de Eduardo Campos afirma
que o ex-governador decidiu pela ruptura com o PSDB em Minas Gerais a partir de
um cálculo segundo qual o PSB terá mais votação no estado se apostar no voto da
esquerda e no recall de Marina Silva do que se mantiver uma aliança com o
tucano.
Interlocutores do pernambucano lembram que Marina ficou em primeiro
lugar em Belo Horizonte na disputa presidencial de 2010 e que apoiar um
candidato do PSDB no estado não traria benefício eleitoral ao PSB, mas somente
a Aécio Neves. Em contrapartida, avaliam, Eduardo Campos não perderá votos em
Pernambuco se o PSDB decidir lançar Daniel Coelho (PSDB) ao governo, um nome
que, acreditam, embora possa ter uma boa votação, não teria muita capacidade de
transferir votos a Aécio.
– Se Eduardo ficasse com Aécio em Minas, sumiria. A Marina
ganhou em Belo Horizonte e tem muito recall nos grandes centros. Havia um
acordo tácito, mas temos a percepção de que temos que nos diferenciar
efetivamente, marcar diferenças com uma nova política e pegar um voto mais
ideológico – avalia o pessebista.
A estratégia em relação ao pacto de não-agressão em Minas e
Pernambuco vinha sendo traçada desde que Aécio e Campos lançaram suas
pré-candidaturas, há cerca de um mês. O acordo havia sido firmado informalmente
com o presidenciável em um encontro na casa de Campos, em Recife, mas vinha
sendo negociado há meses.
O comando da campanha do pernambucano, pressionado por
Marina, decidiu no entanto botar um fim à lua-de-mel entre os dois
presidenciáveis e iniciar um trabalho de demarcação de território do PSB, a
partir da conclusão de que Campos perderia o discurso de renovação caso ficasse
muito alinhado ao PSDB de Aécio.
Os tucanos devem lançar o deputado estadual Daniel Coelho ao
governo de Pernambuco para disputar com Paulo Câmara, do PSB. Coelho ficou em
segundo lugar na disputa pela prefeitura de Recife, em 2012, com 27,7% dos
votos.
- O acordo foi fechado na casa dele, com aperto de mão. Para
os mineiros, isso vale mais que um contrato formal. Se houver mesmo o
rompimento, vai ser gravíssimo. Quem vai acreditar em um outro acordo para o
futuro? Se acontecer isso, o PSB se isola completamente aqui e dificilmente
fará deputados estaduais e federais - disse o presidente do PSDB de Minas
Gerais, deputado Marcus Pestana, um dos mais próximos interlocutores de Aécio,
antes de Campos confirmar a ruptura do pacto.
Além da irritação no PSDB, Eduardo Campos pode ter problemas
para acomodar o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), que se
reelegeu com forte empenho de Aécio e do ex-governador Antônio Anastasia,
candidato ao Senado na chapa com Pimenta da Veiga. Um dos motivos que levou
Lacerda a rejeitar a candidatura ao governo, foi justamente não criar um
palanque anti-Aécio em Minas. (O Globo)
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O EDITOR
às
07:32
Comentário
Acho meio suspeito esse entusiasmo do Aécio pelo Agronegócio e o silencio dele em relação à temas afeitos à proteção ambiental.
Vera Regina Moraes RS
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Acho meio suspeito esse entusiasmo do Aécio pelo Agronegócio e o silencio dele em relação à temas afeitos à proteção ambiental.
Vera Regina Moraes RS
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