Suspeito pediu ajuda a engenheiros da Colômbia e investiu ao menos R$ 44,3 mi no projeto
PF cumpre dez mandados de prisão da Justiça para desmantelar quadrilha que queria submarino para tráfico internacional de drogas
A Operação Águas Profundas comprovou que a quadrilha é estruturada, com rígida divisão de tarefas e o objetivo claro de conseguir lucros. A logística do grupo contava com ramificações em aeroportos, portos, despachantes aduaneiros, casas de câmbio, construtoras, hotel, fazendas e empresas agropecuárias.
A Justiça Federal emitiu, além dos dez mandados de prisão (três deles em outros países), 28 mandados de condução coercitiva e 47 mandados de busca e apreensão. Os agentes da PF cumprem os mandados nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Pará, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
Para enviar a droga, a quadrilha usava contêineres em navios e em aeronaves comerciais, além de esconder entorpecentes em aviões com a ajuda de mulas e tripulantes. A droga era embalada a vácuo e convertida em cocaína plástica. No entanto, em 2010, a quadrilha investiu pelo menos US$ 20 milhões (R$ 44,3 milhões) na construção de um submarino.
O local para a construção da embarcação seria a África, para onde foram enviados engenheiros colombianos, entre 2012 e 2013, a mando do traficante Mário Sérgio Machados Nunes. A PF informou que o grupo pesquisou peças e preços para o projeto da embarcação.
Além do submarino, de acordo com a apuração da PF, a organização também queria comprar um avião comercial Boeing 737. O bando queria criar uma empresa aérea para voos internacionais, usando a aeronave comprada, podendo assim transportar a droga traficada pelo grupo em seu próprio avião comercial sem levantar suspeitas.
Após a operação da PF, foram bloqueadas dezenas de contas bancárias utilizadas pela quadrilha. Também foram sequestrados imóveis do grupo, inclusive nove fazendas, diversas casas, quatro apartamentos à beira-mar, hotel, 26 lotes, chácara, quotas em empresas e a apreensão de veículos em nome dos investigados. O valor total dos bens confiscados chega a R$ 100 milhões.
Operação da quadrilha
O bando usava as mesmas regras utilizadas pelos negócios das grandes empresas para traficar entorpecentes. Segundo a PF, havia sempre um líder que colocava em prática os mesmos princípios da economia de mercado, com a utilização de diversos mecanismos contábeis, comerciais e cambiais, sempre visando o maior lucro possível e a redução constante de custos.
Segundo a PF, o bando tem conexão com outras organizações criminosas independentes e tinha infiltração na polícia para conseguir informações confidenciais. Assim, era mais fácil traficar drogas entre continentes e também evitar prisões depois de ações policiais. A organização atua no transporte de drogas entre países há 30 anos, segundo a PF.
A quadrilha tinha negócios na Holanda, Suriname, República da Guiné, Estados Unidos, China (Hong Kong), Venezuela, Uruguai, Paraguai, Bélgica, Espanha, França, Gana, Nigéria, Emirados Árabes Unidos (Dubai), Panamá, África do Sul, Equador, Cabo Verde, Aruba, Curaçao, Itália, Angola, Bolívia, Chile, Peru, Colômbia, Coreia do Sul, entre outros países.
O líder da quadrilha é Henry de Jesús Lopez Londoño, credor do chefe da organização criminosa de tráfico internacional de drogas denominada “Los Urabeños”. Ele é conhecido como Ninja, “Mi Sangre” ou “Salvador”, o qual é o maior fornecedor de cocaína da organização “Los Zetas”, do México.
Londoño foi preso em outubro de 2012 em Buenos Aires (Argentina), com documento falso da Venezuela. Ele deve US$ 5 milhões (R$ 11,1 milhões) ao comparsa Mário Sérgio Machados Nunes referentes à construção do submarino, que não foi concluído.
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