quarta-feira, 16 de julho de 2014

Câmara Legislativa: militares correm por uma cadeira

Em busca de representatividade, policiais e bombeiros pedem dispensa para se candidatar

daniel.cardozo@jornaldebrasilia.com.br


A Operação Tartaruga repercute até hoje e o reflexo disso é o grande número de policiais e bombeiros militares do Distrito Federal  que pediram dispensa para disputar as eleições. Foram feitos 97 pedidos para concorrer em outubro. Para evitar a dispersão dos votos, alguns grupos da categoria farão até prévias. 

A expectativa de todos os candidatos é tentar substituir os dois  distritais militares. O primeiro é Patrício (PT), ex-policial militar, que será candidato a deputado federal e, portanto, deixará um espaço na Câmara Legislativa. 

No caso de Aylton Gomes (PR), eleito com o votos dos bombeiros, existe uma condenação em segunda instância que pode provocar a impugnação da candidatura.

A cada dia, o Diário Oficial do DF traz publicações das dispensas. Na Polícia Militar, foram registrados 58 pedidos de afastamento. Os requerimentos chegaram a 32 no Corpo de Bombeiros, mas sete deles entregaram documentação fora do prazo e correm risco de ter a solicitação negada. Vale ressaltar que o levantamento só inclui militares na ativa, o que significa que a lista deve aumentar consideravelmente quando forem levadas em conta as candidaturas dos reformados. 

Votação
Durante a chamada Operação Tartaruga, realizada entre dezembro de 2013 e fevereiro de 2014, as entidades de policiais e bombeiros militares deixaram claro que não falavam a mesma língua. Algumas apoiavam o movimento, enquanto outras se mantinha fora da questão. Também apareceram lideranças que tentavam falar pela categoria, sem obter o apoio de outros setores.

Os grupos Ideal Coletivo e Rede Democrática, compostos de policiais e bombeiros,  fundiram-se e já preparam uma pesquisa entre os militares. Serão colocadas urnas nas proximidades dos quartéis para que eles escolham entre os dez candidatos – seis distritais e quatro federais – que serão apoiados, evitando a dispersão dos votos. Apesar de reunir apenas nomes de bombeiros, a expectativa dos dois grupos é conquistar também os votos dos policiais.

A consulta não é novidade. Já foi realizada uma vez em 2010, quando Guarda Jânio acabou entre os escolhidos. O candidato chegou perto da vitória, ficando pouco mais de 100 distante de Joe Valle, eleito. Os dois compunham a nominata do PSB.

Consulta para evitar divisões e concentrar votos


De acordo com o líder do Ideal Coletivo, Élton Lima, houve resistência à iniciativa a consulta entre os candidatos. Alguns chegaram até a questionar a legalidade das prévias, mas o grupo fez uma consulta ao Tribunal Regional Eleitoral e a votação foi liberada. Agora, a intenção é unir tanto praças – categoria que inclui de soldados a subtenentes – e oficiais, que possuem processo de ingresso diferenciado. 

“No nosso grupo não há divisão entre praças e oficiais. Sempre tivemos a visão de que precisamos estar unificados. Quanto mais nos dividirmos, pior fica, já que alcançar os objetivos se torna ainda mais difícil”, garantiu Lima.

O presidente da Rede Democrática, Roner Gama, estima que 100 mil votos estejam em jogo, entre militares da ativa, na reserva, familiares e dependentes. Para ele, policial militar, a grande quantidade de associações provoca uma dispersão e a disputa de grupos fica inevitável. “É como uma grande pizza onde cada fatia representa o interesse de um grupo. Cada candidato tem seu grupo e isso acaba impedindo a categoria de conseguir seus interesses”, afirmou.

Por meio da assessoria de imprensa, o deputado Aylton Gomes afirmou estar “conversando com alguns grupos que reúnem militares e a ideia é amadurecer e fortalecer as categorias”. O distrital recorreu da condenação que o deixaria inelegível e, portanto, acredita que não terá problemas em ser candidato.

Ponto de vista
Candidato a distrital pelo PEN, o coronel Jooziel de Melo Freire, ex-comandante- geral da PM, acredita que não deve existir distinção entre praças e oficiais, como aconteceu durante a Operação Tartaruga. A representatividade deve vir para ajudar os policiais militares como um todo. “As discussões políticas estão se dando na nossa ausência. Praças e oficiais não competem entre si, embora existam, de fato, algumas divisões. Mas a polícia, em sua maioria, é coesa”, opinou. Do ponto de vista de Jooziel, faltou atuação mais contundente dos oficiais em relação as decisões do governo nos últimos anos.

Associações e não sindicatos
1. Já é tradição que sindicalistas acabem tentando a sorte nas eleições e conquistem votos das categorias que representam. 

2. No caso dos militares, porém, o direito a livre associação - representação em sindicatos - não é reconhecido, o que provoca a criação de associações civis.

3. Mesmo assim, as lideranças militares acabam conseguindo espaço, como é o caso dos distritais Aylton Gomes e Patrício.

4. Os dois tentaram intermediar as negociações com o governo durante a Operação Tartaruga.

5. Por outro lado, também há, entre os pedidos de dispensa, quem tentará cargos públicos em outros estados. Maranhão, Ceará, Minas Gerais e Goiás  estão entre os destinos.

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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