O doleiro Alberto Youssef é réu
numa nova ação penal, sob acusação de ter ajudado o deputado José Janene
(PP-PR) a dar uma aparência legal a parte dos recursos que o parlamentar
recebeu do esquema do mensalão --o que configura crime de lavagem de dinheiro.
Janene foi réu do mensalão, mas
morreu em 2010 vítima de problemas cardíacos antes que o julgamento da ação
penal fosse concluído. O então líder do PP na Câmara
recebeu R$ 4,1 milhões do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza a
partir de 2009, segundo as investigações do chamado escândalo do mensalão,
esquema comandado pelo PT para obter apoio de partidos aliados. Uma parte do dinheiro do mensalão
repassado a Janene (R$ 1,17 milhão) foi usado pelo parlamentar para investir em
uma indústria em Londrina (PR), a Dunel, que fazia componentes eletrônicos.
Segundo a denúncia da
força-tarefa da Operação Lava Jato, Janene e Youssef usaram a Dunel para lavar
dinheiro. Os procuradores acusam Youssef de ter repassado R$ 618,4 mil ao
parlamentar de maneira dissimulada. O doleiro usou uma empresa que controlava,
a CSA Project Finance, para fazer o repasse. Outro doleiro, Carlos Habib Chater,
de Brasília, intermediou o repasse de R$ 537,3 mil do esquema do mensalão para
Janene, ainda de acordo com a denúncia.
CONTRATO FALSO
Empregados dos dois doleiros
chegaram a falsificar um contrato de empréstimo, que foi apresentado à Polícia
Federal para justificar o investimento na indústria, segundo os procuradores. Uma filha e dois primos de Janene
também são acusados de ter participado da lavagem de dinheiro. Ao todo, são dez
os réus da nova ação. Eles vão responder pelos crimes de lavagem de dinheiro,
associação criminosa, estelionato, uso de documento falso e apropriação
indébita. Eles são acusados de apropriação
indébita porque tentaram tirar equipamentos da indústria e transferi-los para
uma empresa de Janene.
A apuração começou em 2009, quando
o dono da Dunel relatou à polícia que Janene ingressara como sócio na indústria
e tentara tomar a empresa dele. O procurador regional Carlos
Fernando Santos Lima afirma que a investigação sobre a lavagem de recursos de
Janene é o marco zero da Operação Lava Jato. Decretada em 17 de março deste
ano, a operação investiga um esquema de lavagem que teria movimentado R$ 10
bilhões, com laços em partidos como o PT, PP e SDD, e suspeitas de desvios em
obras da Petrobras.
Yousseff está preso por conta das
investigações da Lava Jato. Ontem, devido aos laços com Janene, o juiz federal
Sergio Moro decretou uma nova prisão preventiva de Youssef e Chater e de dois
subordinados dos doleiros. É a quarta vez que Youssef tem
uma prisão decretada desde o início da Lava Jato. (Folha de São Paulo)
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