Enquanto o governo garante que o sistema elétrico está equilibrado e
que não há risco de desabastecimento no Brasil, dados do mercado
mostram o contrário. Uma nova ferramenta, lançada semana passada na
internet, revela que, se nada for feito agora, em setembro o País já
poderá ter falta de energia. O cálculo foi feito pelo racionômetro,
criado pela empresa Engenho, da ex-pesquisadora do Centro de Pesquisa de
Energia Elétrica (Cepel), da Eletrobrás, Leontina Pinto.
Trata-se
de plataforma inteligente criada para especialistas, técnicos,
analistas e empresários do setor elétrico. Nela, o usuário pode mudar e
inserir as informações que quiser e simular os riscos do setor. Basta
ter em mãos dados como previsão do volume de chuva, nível dos
reservatórios e disponibilidade das térmicas. Com os dados completos, o
aplicativo (http://www.engenho.com/PlataformaWeb/) mostra a oferta
contra a demanda de energia.
Considerando um nível de reservatório de 15% entre o fim de outubro e início de novembro, o País começaria a ter problemas em setembro. A oferta ficaria ligeiramente abaixo da demanda: 65.752 megawatts (MW) médios contra 65.768 MW médios. Os problemas se intensificariam nos meses seguintes e o balanço só voltaria a ficar no azul em fevereiro de 2015. O racionômetro mostra que a segurança no abastecimento duraria até julho (considerando a médio histórica do volume de chuvas). A partir de agosto de 2015, o País voltaria a ter problemas, até mais graves que neste ano.
Visão realista
Leontina ressalta que o aplicativo tem o objetivo de fazer uma avaliação preliminar e simplificada. "É uma conta aproximada, mas muito realista", diz ela. A executiva explica que o sistema nacional tem um backup para suprir um período de seca. "Mas quando a situação ocorre vemos que o backup tem problemas, como a falta de combustível para operação das térmicas."
Além disso, a escassez de chuvas prejudica a produção da bionergia e reduz a potência das hidrelétricas. Com a queda no volume dos reservatórios, a mesma água gera menos energia comparado a uma represa cheia. Quanto maior a queda d’água, mas energia é gerada.
A diretora executiva da Engenho avalia que a situação atual do setor elétrico é extremo e exige medidas paliativas, com um corte de energia da ordem de 6% a 8%. "Se deixar para outubro e novembro esse número pode subir para 10%, 15% ou 20%."
Procurado, o Ministério de Minas e Energia afirmou que seu posicionamento sobre o risco de racionamento foi dado na nota do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), divulgada na semana passada. Nela, o ministério afirma que "o Sistema Interligado Nacional dispõe das condições de equilíbrio estrutural necessárias para o abastecimento do País". O comunicado diz que, considerando o risco de déficit de 5%, há uma sobra estrutural de cerca de 5.400 MW médios para atender a carga prevista. Nas simulações do governo, com base no Programa Mensal de Operação (PMO)de maio e em 81 séries observadas no histórico, chega-se a um risco de qualquer corte de 3,7% para o sistema Sudeste/Centro-Oeste.
Questionada sobre o cenário positivo do governo e se existia alguma informação que o mercado desconhecia, Leontina foi categórica: "Todos nós viemos do Cepel e da Eletrobrás, todos temos os mesmos modelos e informações". Ela pondera, entretanto, que o momento é delicado, às vésperas de uma eleição. Além disso, o resultado do racionamento de 2001 foi traumático para a economia, com reflexos no nível de emprego. "De qualquer forma, não podemos encarar o problema como um bicho papão." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Considerando um nível de reservatório de 15% entre o fim de outubro e início de novembro, o País começaria a ter problemas em setembro. A oferta ficaria ligeiramente abaixo da demanda: 65.752 megawatts (MW) médios contra 65.768 MW médios. Os problemas se intensificariam nos meses seguintes e o balanço só voltaria a ficar no azul em fevereiro de 2015. O racionômetro mostra que a segurança no abastecimento duraria até julho (considerando a médio histórica do volume de chuvas). A partir de agosto de 2015, o País voltaria a ter problemas, até mais graves que neste ano.
Visão realista
Leontina ressalta que o aplicativo tem o objetivo de fazer uma avaliação preliminar e simplificada. "É uma conta aproximada, mas muito realista", diz ela. A executiva explica que o sistema nacional tem um backup para suprir um período de seca. "Mas quando a situação ocorre vemos que o backup tem problemas, como a falta de combustível para operação das térmicas."
Além disso, a escassez de chuvas prejudica a produção da bionergia e reduz a potência das hidrelétricas. Com a queda no volume dos reservatórios, a mesma água gera menos energia comparado a uma represa cheia. Quanto maior a queda d’água, mas energia é gerada.
A diretora executiva da Engenho avalia que a situação atual do setor elétrico é extremo e exige medidas paliativas, com um corte de energia da ordem de 6% a 8%. "Se deixar para outubro e novembro esse número pode subir para 10%, 15% ou 20%."
Procurado, o Ministério de Minas e Energia afirmou que seu posicionamento sobre o risco de racionamento foi dado na nota do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), divulgada na semana passada. Nela, o ministério afirma que "o Sistema Interligado Nacional dispõe das condições de equilíbrio estrutural necessárias para o abastecimento do País". O comunicado diz que, considerando o risco de déficit de 5%, há uma sobra estrutural de cerca de 5.400 MW médios para atender a carga prevista. Nas simulações do governo, com base no Programa Mensal de Operação (PMO)de maio e em 81 séries observadas no histórico, chega-se a um risco de qualquer corte de 3,7% para o sistema Sudeste/Centro-Oeste.
Questionada sobre o cenário positivo do governo e se existia alguma informação que o mercado desconhecia, Leontina foi categórica: "Todos nós viemos do Cepel e da Eletrobrás, todos temos os mesmos modelos e informações". Ela pondera, entretanto, que o momento é delicado, às vésperas de uma eleição. Além disso, o resultado do racionamento de 2001 foi traumático para a economia, com reflexos no nível de emprego. "De qualquer forma, não podemos encarar o problema como um bicho papão." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Agencia Estado Jornal de Brasília
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