Com passagens inéditas, 'Indefensável — O Goleiro Bruno e a História da Morte de Eliza Samudio' derruba a ideia de que tudo já foi dito sobre o crime
Monica Weinberg
O goleiro Bruno Fernandes durante a comissão de Direitos
Humanos, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Belo Horizonte
Em carreira ascendente no futebol brasileiro, o mineiro Bruno Fernandes, goleiro e ídolo do Flamengo, se refestelava numa espreguiçadeira à beira da piscina quando a ex-amante cruzou seu campo de visão, fez um aceno com a mão e disse “tchau”. Ele não se mexeu. Quando a moça já não podia mais ouvi-lo, soltou um lacônico “Vá com Deus” e voltou ao papo e à cerveja.
Era 10 de junho de 2010 quando Eliza Samudio, então com 25 anos, foi conduzida à casa onde seria barbaramente assassinada, o desfecho de uma trama que, diante da brutalidade e da frieza, fez tremular até mesmo os mais habituados às páginas policiais.
Dois dias depois, o goleiro foi flagrado de colar havaiano e sorriso largo sob o sol escaldante de Angra dos Reis. Apostava que a fama lhe garantiria a impunidade. Três anos mais tarde, já encarcerado e rendido à vida longe do glamour e das farras sem limites, mas sem nunca perder a soberba, Bruno dirigiu-se, pesaroso, à atual mulher, a dentista Ingrid Oliveira, num dia de visitas em que o Brasil enfrentava o Uruguai pela Copa das Confederações: “Poderia ser eu ali”.
Ao revirar o caso e trazer à tona essas e outras passagens inéditas, o livro Indefensável — O Goleiro Bruno e a História da Morte de Eliza Samudio (Record; 265 páginas; 32 reais) derruba a ideia de que tudo já foi dito sobre o crime e reforça, à base de reportagem irretocável, o protagonismo do jogador do começo ao fim do enredo.
Mais de uma centena de pessoas foram ouvidas para tecer uma narrativa que volta à juventude de Bruno para mostrar que mesmo nos tempos mais duros a prepotência e a mania de grandeza estiveram sempre à espreita; entra nos bastidores do Flamengo para revelar os mandos e desmandos do goleiro que ninguém ousava contrariar; e refaz os passos dos personagens da trama com espantosa riqueza de detalhes.
Parece que os três autores testemunharam cena a cena. O livro foi escrito pelos jornalistas Paula Sarapu, Paulo Carvalho e Leslie Leitão, repórter de VEJA com mais de uma década de dedicação ao noticiário esportivo e policial. Foi ele o primeiro a publicar no jornal carioca O Dia a notícia do sumiço de Eliza.
Em VEJA, estampou uma carta interceptada no presídio que ajudaria a minar a defesa: o goleiro suplicava ao seu braço-direito, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, que seguisse o “plano B”, assumindo sozinho a culpa.
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