segunda-feira, 26 de maio de 2014

Deputado de MT que responde a 107 ações diz que abandonará a política




José Riva foi preso na semana passada pela PF e solto após três dias. 


Ele exerce o quinto mandato consecutivo de deputado estadual.

Pollyana Araújo Do G1 MT

José Riva comentou sobre a prisão nesta segunda (Foto: Maurício Barbant/ AL-MT) 
 
José Riva comentou sobre a prisão nesta segunda

Após cinco mandatos, o deputado estadual José Geraldo Riva (PSD), preso na semana passada durante a Operação Ararath que investiga esquema de lavagem de dinheiro, declarou nesta segunda-feira (26) que não irá mais disputar cargo eletivo. Ele alegou que não precisa da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT) para viver. Riva responde a mais de 100 ações pelos crimes de improbidade administrativa, corrupção e peculato, quando o cargo público é usado para obter benefícios pessoais. Ele foi solto na sexta-feira (23) após conseguir a revogação da prisão junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Há algum tempo, o parlamentar tem alegado que não pretende disputar a reeleição. Inclusive, na eleição passada havia dito que iria abandonar a vida pública, o que não se cumpriu. "Em 2010, não queria me candidatar porque enfrentava situações adversas, mas, não só me elegi, como ajudei 15 deputados a se elegerem", disse, se referindo à prisão da mulher dele, Janete Riva, ex-secretária de Cultura do estado, durante a Operação Jurupari, sob acusação de crimes ambientais, em meados daquele ano eleitoral. Ele foi reeleito com maior número de votos no pleito.

Mesmo depois de ter sido preso e, via de regra, estar com a imagem desgastada, ele alega que ainda tem apoio, não só dos correligionários, mas também dos adversários. "Assim que fui preso, liguei para a minha mãe, que mora em Juara [690 km de Cuiabá], e falei para ela não ficar preocupada. Ela me disse que alguns adversários tinham ido até a casa dela para dizer que, agora sim, eu deveria me candidatar", enfatizou.

Nos três dias em que esteve no Complexo da Papuda, em Brasília, a preocupação também, conforme o deputado, era em relação à família. "Quando saí, vi que minha família estava mais preparada que eu". Apesar da declaração, ele contou uma história da infância que o teria preparado para o 'pior'. "Já vivi situações muitos piores que essa. Quando tinha cinco anos, minhas mãos estavam cheia de calos de tanto carpinar, ajudando meu pai. E minha professora falou para o meu pai que eu era muito pequeno para trabalhar daquele jeito", citou.

Durante entrevista coletiva, o parlamentar alegou perseguição política, que, segundo ele, teria motivado a decretação da prisão a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). "Quem mentiu para causar um estrago tão grande desse na minha vida tem outros interesses", disse o deputado.

No comando
Praticamente desde que assumiu cadeira na Assembleia, o deputado se reveza nas cadeiras de presidente e vice-presidente da instituição. Desde então já foi acusado de uma série de crimes. Mas ele disse não se importar com o que as pessoas pensam sobre ele. "Confio em Deus e não ligo para o que as pessoas falam de mim. O que me preocupa é a forma como atendo as pessoas, respeitando as lideranças", disse o parlamentar, que nesta segunda já voltou a trabalhar normalmente no gabinete da presidência da Casa de Leis, embora esteja afastado do cargo há quase um ano por decisão da Justiça.


Essa permanência no gabinete da presidência e o fato de usufruir de todos os benefícios destinados ao presidente motivaram, em parte, a decretação da prisão do parlamentar. Sobre essas regalias, Riva disse que continuava no gabinete, pois teria sido afastado somente das funções administrativas e, desse modo, poderia permanecer no espaço e usando até mesmo o veículo oficial exclusivo para o transporte do presidente. "Posso despachar até no corredor, se for preciso", afirmou.

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