A eventual neutralidade do PMDB na eleição presidencial, bandeira e
ameaça da ala do partido insatisfeita com o governo, teria efeitos
limitados sobre a distribuição do tempo de propaganda entre os
candidatos. Sem seu principal aliado, a presidente Dilma Rousseff
perderia apenas 7% de seu tempo de TV. ...
Com o PMDB em seu campo, Dilma deve ter 12 minutos de exposição em cada
bloco de 25 minutos de propaganda - isso em um cenário com 12
candidatos, o mais provável até o momento. Sem os peemedebistas, ela
ficaria com 11 minutos e 8 segundos - um tempo ainda superior ao que
teve na campanha presidencial de 2010.
A pressão pela neutralidade do PMDB foi explicitada na última reunião
da Executiva Nacional da legenda, no dia 14 deste mês. A chamada "ala
dissidente" ameaça derrotar na convenção nacional do partido, em junho, a
proposta de apoio à reeleição de Dilma - apesar de o peemedebista
Michel Temer ser o vice-presidente da República e ter intenção de
permanecer no cargo por mais quatro anos.
"O PMDB participa do governo com cinco ou seis minutos do tempo de
televisão, mas não apita nada na construção de políticas públicas do
País", declarou o deputado Eduardo Picciani (RJ), um dos líderes da ala
dissidente, ao sair da reunião da Executiva. Picciani deixou claro que o
tempo de propaganda é um dos principais trunfos do partido nas
negociações com Dilma, mas exagerou no cacife da legenda.
Regras. O tempo de TV é distribuído com base em dois critérios: 1/3
igualmente entre todos os candidatos, e 2/3 proporcionalmente ao tamanho
das bancadas eleitas no pleito anterior.
Como elegeu a segunda maior bancada em 2010, o PMDB é detentor do
segundo maior tempo de propaganda eleitoral, atrás apenas do PT.
Descontadas as defecções para legendas criadas recentemente, seus 71
deputados dão direito a 2 minutos e 18 segundos em cada bloco de
propaganda, ou 4 minutos e 36 segundos por dia - menos, portanto, do que
o citado pelo deputado Picciani.
Para de fato dispor desse tempo, porém, o PMDB precisará entrar em
alguma coligação ou lançar candidato próprio. Se ficar neutro, sua
bancada será desconsiderada na conta da distribuição, e o peso
proporcional das outras legendas subirá.
Os 86 deputados do PT, por exemplo, equivalem a 16,4% dos 513 membros
da Câmara. Excluídos os peemedebistas, a Câmara passa a ter 442
cadeiras, para efeito de cálculo do horário eleitoral - e a participação
dos 86 petistas sobe para 19,5%.
Com o PMDB fora da conta, portanto, todos os demais partidos passariam a
ter uma cota maior de TV - e a coligação de Dilma, que tem mais
legendas, abocanharia a maior parcela do tempo redistribuído.
Não seria uma situação inédita. Em 2010, o PP, que integrava a base do
governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, rachou e decidiu
não apoiar ninguém na eleição presidencial. Seus 43 deputados foram
descontados no momento em que o Tribunal Superior Eleitoral calculou a
distribuição da propaganda.
Efeito surpresa. Os mesmos critérios da distribuição do tempo dos
blocos de propaganda no rádio e na televisão são adotados no rateio das
chamadas inserções, as peças de 30 segundos exibidas ao longo da
programação normal das emissoras.
As inserções são vistas pelos marqueteiros políticos como as armas mais
poderosas de propaganda porque elas chegam de surpresa aos eleitores,
misturadas à publicidade comercial e em horários diversos. Mesmo os
espectadores desinteressados em política as assistem.
Nos 45 dias de propaganda no primeiro turno, os brasileiros serão
submetidos a um bombardeio de 4 horas e meia de inserções em cada
emissora de rádio ou televisão. Se mantiver o PMDB em sua coligação,
Dilma terá 130 minutos de inserções. contra 40 minutos para Aécio e 21
minutos para Campos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: DANIEL BRAMATTI - Agência Estado - 26/05/2014 - - 09:03:47 BLOG do SOMBRA
Nenhum comentário:
Postar um comentário