Éder Moraes, Blairo Maggi e Silval Barbosa são investigados pela PF. Ex-titular da pasta da Fazenda está preso em Brasília desde o dia 20.
O ex-secretário da Casa Civil, da Fazenda e da Copa de Mato Grosso,
Éder Moraes (PMDB), foi o principal operador do esquema de empréstimos
fraudulentos com instituições financeiras investigado pela Polícia
Federal durante a operação “Ararath”. As operações financeiras teriam
ocorrido com o aval, conhecimento e no interesse do então governador do
estado e atual senador Blairo Maggi (PR), e com a autorização do
governador do estado Silval Barbosa, que na época era vice de Maggi. As
informações constam do inquérito que tramita na 5ª Vara Federal em Mato
Grosso.
O advogado de Moraes não atendeu as ligações do G1. Já Ulisses
Rabaneda, que defende Barbosa, disse que não vai comentar o caso
enquanto não tiver acesso à íntegra do processo. Já Maggi afirmou, por
meio da assessoria de imprensa, que desconhece quaisquer operações
financeiras ilegais...
Segundo as investigações, o ex-secretário de estado intermediava
empréstimos feitos pelo Bic Banco (Banco Industrial e Comercial S/A) a
empresas como a Comercial Amazônia de Petróleo Ltda (Amazônia Petróleo),
de propriedade de Gércio Marcelino Mendonça Júnior, o Júnior Mendonça,
também apontado como peça chave do esquema de lavagem de dinheiro e
outros crimes financeiros na mira da PF. Para isso, Moraes contava com o
apoio de Luis Carlos Cuzziol, superintendente do Bic Banco em Mato
Grosso.
De acordo com o inquérito da PF, Mendonça declarou que fez tantas
operações que não saberia dizer de quem exatamente era a dívida, mas
saberia que é do grupo formado por Moraes, Maggi e Silval, e que o esse
grupo fazia o pagamento ao empresário por meio de transferências
bancárias originárias de contas de empresas - geralmente construtoras.
Bic Banco
Júnior Mendonça, que atuou como colaborador premiado da PF, disse
durante as investigações que os empréstimos começaram a ser feitos pelo
Bic Banco por sugestão de Moraes e que o dinheiro deveria ser repassado
diretamente para o ex-secretário. Segundo Mendonça, os encontros com o
Éder ocorriam, em média, uma ou duas vezes por mês, por telefone, ou até
mesmo dentro do gabinete dele na Sefaz - Éder era titular da pasta da
Fazenda.
“As fraudes (…) só se materializaram em razão das ações praticadas por
Éder de Moraes Dias, que desempenhou o papel de principal operador de
praticamente todos os esquemas identificados na investigação(…). Foi
ele, também, quem planejou e viabilizou, perante o Bic Banco, com a
indispensável colaboração de Luis Carlos Cuzziol, a concessão dos
empréstimos simulados, em nome da Amazônia Petróleo (e de outras
empresas, conforme indícios que vieram a lume, após as buscas em sua
residência)”, diz trecho do inquérito.
O G1 não conseguiu entrar em contato com o advogado de Luis Carlos Cuzziol.
Maggi e Silval
Entre outubro de 2009 e dezembro de 2010, segundo a PF, foram
concedidos pelo menos R$ 12 milhões em empréstimos fraudulentos para a
Amazônia Petróleo. No inquérito, Júnior Mendonça afirma que estranhou a
facilidade nas operações de empréstimos porque não foi exigida garantia
real e porque a Amazônia Petróleo, na época, tinha apenas dois anos de
funcionamento.
Ao questionar Cuzziol a respeito dessas facilidades, Mendonça contou
que o superintendente respondeu ter recebido orientação do presidente do
Bic Banco para que, a pedido de Maggi, "atendesse a todas as
necessidades financeiras de Éder Moraes".
O início da relação "institucional" do estado com o Bic Banco teria
ocorrido quando Éder Moraes ainda era diretor presidente da MT Fomento
(Agência de Fomento do Estado), e "atendeu mais aos interesses
particulares do grupo político para quem Éder operava, que ao interesse
coletivo - como deveria ser", apontam as investigações.
Fonte: CAROLINA HOLLAND - portal G1 MT - 26/05/2014 - - 11:15:11 BLOG do SOMBRA
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