Foto de Marcos Moreno Oliveira
Por Chico Sant’Anna
Inaugurado duas vezes pelo governador Agnelo Queiroz, uma em 02/04/2014, e a outra, acompanhado da presidente Dilma, em 13/06/2014, o sistema de transporte coletivo Expresso DF (ou BRT) não garante acessibilidade a seus usuários, além de manter várias paradas fechadas ao uso dos passageiros.
O mais grave se revela agora: pelo menos duas nascentes d’água foram afetadas pelas obras do sistema.
Os serviços deveriam ter sido entregues em é dezembro de 2013, depois mudaram a data para junho deste ano. Mas trinta dias após o prazo limite do segundo adiamento, várias paradas estão fechadas ou inacabadas.
Isso, sem falar que parte do trajeto, que passaria pela Candangolândia, rumo a Estação Asa Sul do Metrô, só agora deverá ter suas obras iniciadas.
A
água que corre às margens da EPIA se acumula em um grande buraco
próximo à linha férrea da extinta RFFSA. Como o volume é grande, a água
transborda, levando barro aos trilhos. Fotos de Chico Sant’Anna
Próximo
ao Campus da UnB, no Gama, um verdadeiro riacho brotou da terra, depois
que as máquinas do BRT fizeram os serviços de terraplanagem no local.
Foto de Marcos Moreno Oliveira.
Pelo menos, em duas localidades ao longo da via expressa do BRT, água de nascentes estão correndo em valas e canaletas a céu aberto.
No caso do Park Way, uma lagoa de contenção foi construída próxima à Metropolitana, mas o volume de água é tão grande, que ela transborda, gerando erosão e levando terra que já encobre os trilhos da linha férrea que passa no local. Um lamaçal se formou próximo ao conjunto 2, da Quadra 6.
Próximo ao Campus da UnB, no Gama, um verdadeiro riacho brotou da terra, depois que as máquinas do BRT fizeram os serviços de terraplanagem no local. O fato foi denunciado, em 31 de maio, nas redes sociais, pelo movimento Mobilização Popular em Defesa do Parque Urbano e Vivencial Gama/DF, mas até agora nenhuma providência foi tomada. E este bem precioso que é a água, está sendo desperdiçado, enlameando as proximidades das estações e servindo de berço para focos da Dengue.
Leia também:
- Obras do BRT agridem meio ambiente no Park Way
- Park Way: Palmeiras de Madagascar são as novas vítimas do Expresso DF
- Agnelo abandona de vez as linhas 2 e 3 do metrô do DF
- Adeus VLT! Agnelo sucumbe ao lobby dos ônibus
- VLT? Só em 2018
- Lobby tenta impor tecnologia atrasada de ônibus sobre trens, metrôs e VLTs.
- Brasília é apontada como uma das piores capitais em termos de mobilidade urbana
- Exclusivo: obras das vias do Expresso DF vão atrasar, pelo menos, seis meses
- Transporte público: Agnelo inaugura o superado
- Sistema de ônibus que Agnelo quer implantar em Brasília não teve êxito em Buenos Aires
- Sistema de ônibus que Agnelo quer para Brasília não suporta demanda de Bogotá
- [Veja o vídeo] Hit do Buzão cobra implantação do VLT e rechaça ônibus
No Park Way, o lamaçal e valetas impedem a acessibilidade dos usuários de ônibus. Foto de Chico Sant’Anna.
Valas
e canaletas tentam reter a água que corre. Não há nenhum projeto de uso
deste manancial.
Nem mesmo para fins paisagísticos. Foto de Chico
Sant’Anna
Para tentar canalizar a água que brota no solo, valas e canaletas foram construídas. São verdadeiras trincheiras que impedem os passageiros alcançarem as passarelas que dão acesso às estações de ônibus.
Na
Estação próximo às quadras 7 e 26, do Park Way, uma tábua foi colocada
no local e serve de pinguela para a travessia dos passageiros. Fotos de
Chico Sant’Anna
Se a travessia já é perigosa para uma pessoa em condições normais, ela é impossível para cadeirantes e deficientes físicos.
No dia 3 de julho, o blog Gama Livre fotografou, às 21 horas, a escuridão de uma estação no Gama. Sem luz externa na via e, também, sem luz na parada.
A situação expõe os passageiros ao perigo de acidentes, além de estimular meliantes a assaltarem os usuários do sistema. “O perigo espreita, o medo reina. Há uma estação, a do Balão do Periquito, que é iluminada apenas pelas luzes dos postes da via, e pelas luzes vindo de um supermercado que há em frente” – afirma o blog.
Veja a vídeo-entrevista:
Mobilidade Urbana: as soluções para Brasília
Com
as estações do BRT fechadas, apesar do sistema ter sido inaugurado duas
vezes, passageiros são obrigados a usarem o sistema antigo de
transporte. Fotos de Chico Sant’Anna
Mesmo após duas inaugurações, várias estações de passageiros estão fechadas. Muretas de concreto cercam as paradas impedindo que os ônibus nelas possam pegar passageiros. Estes continuam a usar o tradicional serviço de ônibus e, para surpresa de muitos, voltar a utilizar os velhos ônibus, que estão voltando a circular embora muitos acreditassem já estarem aposentados.
A outra grande reclamação, principalmente dos moradores da quadra 14 do Park Way e daqueles que tem interesse em ir ou voltar do aeroporto, é a falta de paradas de ônibus. Entre a Floricultura do Núcleo Bandeirante e o início da Asa Sul não existe uma única parada de ônibus. Os ônibus seguem direto sem pegar ou deixar passageiros. São cerca de oito quilômetros – mais longo do que toda a Avenida W.3 Sul -, sem uma única estação sequer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário