Desculpem-me os ufanistas de plantão, mas essa não foi a Copa das
Copas. A da África do Sul, em 2010, também não foi, e a da Rússia, em
2018, com certeza não será. Foi mais um Mundial, como os 20 já
realizados. Todos marcados pelas características de cada povo que os
organizou, com suas qualidades, seus defeitos e seus problemas. Mas é
inegável que fizemos um bom campeonato. Entregamos com dignidade tudo o
que nos foi pedido.
E o campeonato teve o nosso toque, é claro. Lotamos os estádios,
mostramos simpatia e alegria. Fizemos milhões de selfies e interagimos
com todos os povos. Tudo parece ter dado certo. Mas daí a chamar de Copa
das Copas é um provincianismo desnecessário. O Brasil tem muito a
mostrar ao mundo e não precisa do marketing do governo para se orgulhar
da sua capacidade de receber grandes eventos. ...
Esse torneio é fruto do trabalho e do sacrifício de cada um de nós.
Pagamos caro por ele e o balanço final é positivo, podemos nos orgulhar.
Não há responsáveis isolados nem políticos que mereçam levar o mérito. O
povo brasileiro é o craque dessta Copa.
O país volta hoje ao normal, ainda de ressaca pelo desastre da
participação da Seleção Brasileira. É hora de fazermos um balanço. A
partir de agora, saberemos se o transporte e a segurança das cidades
sedes serão realmente bons sem os feriados e os pontos facultativos. Se a
telefonia e os aeroportos vão funcionar corretamente com o fim da
mobilização e do plantão montados pelas empresas. Espero que sim. Hoje é
dia também de nos lembrarmos de que houve improviso nas obras e muitas
delas estão inacabadas. Há um legado a ser cobrado.
É importante saber que o mundo passou a nos ver com outros olhos. Rio
de Janeiro, magistralmente lindo, e Salvador se consolidaram como
roteiro para turistas de todo o mundo. Brasília e Fortaleza entraram no
mapa. Precisamos aprender a explorar menos essas pessoas, cobrar o preço
justo pelos produtos e serviços. Mas isso vem com o tempo, já temos a
receita para seguir no caminho certo.
Por fim, aprendemos lições. Os japoneses nos ensinaram a limpar o
estádio depois do jogos. Os alemães prometeram patrocinar uma escola de
tempo integral na Bahia. Nos lembraram que a educação é prioridade.
Também nos mostraram a importância da organização, do planejamento e da
seriedade no trabalho. É por isso que a taça está nas melhores mãos.
Parabéns a Alemanha!
Fonte: Por MARCELO AGNER, Correio Braziliense - 14/07/2014 - - 08:31:49
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