terça-feira, 15 de abril de 2014

Falha chantagem de Vargas. Ou: Por muito pouco, o doleiro Youssef não senta na cadeira presidencial!

14/04/2014
às 20:48


O deputado André Vargas PT-PR) anunciou que vai renunciar nesta terça. A situação do bruto já não andava bem no partido. Vargas fez de conta que não sabe como são as coisas. Às vezes, é preciso recuar para poder avançar, mas ele decidiu dar uma de teimosão. Não se mirou no exemplo de admiráveis figuras do partido, como Delúbio Soares e próprio Ricardo Berzoini, hoje ministro das Relações Institucionais. O que quero dizer com isso? Delúbio aceitou ser expulso do partido, por exemplo. Voltou mais tarde. Quando se descobriu, em 2010, a tramoia dos chamados aloprados, o presidente da sigla era Berzoini. Aceitou cair fora. Quem assumiu foi Marco Aurélio Garcia.


Vargas quis ser o valentão. Em vez de perceber o tamanho da esparrela, resolveu cobrar solidariedade da cúpula do partido e ameaçou gente graúda, como Alexandre Padilha, pré-candidato ao governo de São Paulo, e Gleisi Hoffmann, pré-candidata ao governo do Paraná, além do ministro Paulo Bernardo, das Comunicações. Aí já era um pouco demais. Fizeram o homem perceber que, mesmo com escoriações, o partido sobreviveria. Ele, no entanto, teria de decidir se seria apenas alguém que caiu em desgraça, com alguma chance de recuperação mais tarde, ou um pária entre os próprios pares. Pô, Vargas! Ameaçar companheiro é coisa que não se faz!


Com a renúncia, o PT pretende tirar o parlamentar do noticiário. Mantê-lo significaria manter também a curiosidade sobre os assuntos que ele andou ventilando para alguns companheiros. Tudo o que o PT quer é que se esqueça essa história de que a Labogen, um laboratório-fantasma, feito de sucata, ganhou o sinal verde do Ministério da Saúde, sob o comando de Padilha.


Pois é… E pensar que o futuro de tão notável figura já estava até desenhado. O PT não tem dúvida de que fará a maior bancada da Câmara, o que, se confirmado, lhe renderá a Presidência da Casa na nova Legislatura. E o nome certo para ocupar o cargo era André Vargas, que passaria, depois do presidente, a ser a segunda pessoa na hierarquia da República. Em caso de impedimento do titular e do vice, a cadeira presidencial é assumida pelo presidente da Câmara.
Não é raro presidente e vice estarem em viagem, e o país, formalmente ao menos, ficar sob os cuidados do presidente da Câmara. 


Pois é… Vejam como o doleiro Alberto Youssef chegou perto de se sentar, ainda que temporariamente, na cadeira presidencial. Quanto a Vargas, é possível que a renúncia seja o preço para o PT não expulsá-lo. A gente sabe que o partido nunca deixa seus valentes na chuva. Segundo a Lei da Ficha Limpa, como já informei aqui, Vargas está inelegível por oito anos a partir de 2015. Não pode, portanto, se candidatar nem em 2022, último ano da punição. Só poderá disputar um cargo eletivo de novo nas eleições municipais de 2024.


Por Reinaldo Azevedo

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