14/04/2014
às 20:48
O deputado André Vargas PT-PR) anunciou que vai renunciar nesta terça. A
situação do bruto já não andava bem no partido. Vargas fez de conta que
não sabe como são as coisas. Às vezes, é preciso recuar para poder
avançar, mas ele decidiu dar uma de teimosão. Não se mirou no exemplo de
admiráveis figuras do partido, como Delúbio Soares e próprio Ricardo
Berzoini, hoje ministro das Relações Institucionais. O que quero dizer
com isso? Delúbio aceitou ser expulso do partido, por exemplo. Voltou
mais tarde. Quando se descobriu, em 2010, a tramoia dos chamados
aloprados, o presidente da sigla era Berzoini. Aceitou cair fora. Quem
assumiu foi Marco Aurélio Garcia.
Vargas
quis ser o valentão. Em vez de perceber o tamanho da esparrela, resolveu
cobrar solidariedade da cúpula do partido e ameaçou gente graúda, como
Alexandre Padilha, pré-candidato ao governo de São Paulo, e Gleisi
Hoffmann, pré-candidata ao governo do Paraná, além do ministro Paulo
Bernardo, das Comunicações. Aí já era um pouco demais. Fizeram o homem
perceber que, mesmo com escoriações, o partido sobreviveria. Ele, no
entanto, teria de decidir se seria apenas alguém que caiu em desgraça,
com alguma chance de recuperação mais tarde, ou um pária entre os
próprios pares. Pô, Vargas! Ameaçar companheiro é coisa que não se faz!
Com a
renúncia, o PT pretende tirar o parlamentar do noticiário. Mantê-lo
significaria manter também a curiosidade sobre os assuntos que ele andou
ventilando para alguns companheiros. Tudo o que o PT quer é que se
esqueça essa história de que a Labogen, um laboratório-fantasma, feito
de sucata, ganhou o sinal verde do Ministério da Saúde, sob o comando de
Padilha.
Pois é… E
pensar que o futuro de tão notável figura já estava até desenhado. O PT
não tem dúvida de que fará a maior bancada da Câmara, o que, se
confirmado, lhe renderá a Presidência da Casa na nova Legislatura. E o
nome certo para ocupar o cargo era André Vargas, que passaria, depois do
presidente, a ser a segunda pessoa na hierarquia da República. Em caso
de impedimento do titular e do vice, a cadeira presidencial é assumida
pelo presidente da Câmara.
Não é raro
presidente e vice estarem em viagem, e o país, formalmente ao menos,
ficar sob os cuidados do presidente da Câmara.
Pois é… Vejam como o
doleiro Alberto Youssef chegou perto de se sentar, ainda que
temporariamente, na cadeira presidencial. Quanto a Vargas, é possível
que a renúncia seja o preço para o PT não expulsá-lo. A gente sabe que o
partido nunca deixa seus valentes na chuva. Segundo a Lei da Ficha
Limpa, como já informei aqui, Vargas está inelegível por oito anos a
partir de 2015. Não pode, portanto, se candidatar nem em 2022, último
ano da punição. Só poderá disputar um cargo eletivo de novo nas eleições
municipais de 2024.
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