A presidente da Petrobras participa de uma audiência pública no Senado sobre a polêmica aquisição da estatal sobre a refinaria norte-americana
A presidente da Petrobras, Graça Foster, confimou nesta terça-feira
(15/4) que a que a compra da refinaria de Pasadena "não foi,
definitivamente, um bom negócio”. A executiva participa da Comissão de
Assuntos Econômicos (CAE) do Senado com a missão de explicar a lógica da
compra da refinaria, nos Estados Unidos, epicentro da crise política
instalada em torno da empresa e do governo...
Foster explicou que a compra de Pasadena foi estratégica, como a compra
de outras refinarias em mercados importantes, como no Japão. Ao todo,
Foster disse ainda que a refinaria norte-americana custou à Petrobras
US$ 1,25 bilhão.
A executiva disse que criou em março uma comissão de apuração sobre as
operações sobre Pasadena dentro da Petrobras. "É raro, existem outros
projetos que é necessário se registrar no balanço perdas. Pasadena é um
projeto, um bom projeto no início, que se transformou em um projeto de
baixa probabilidade de retorno".
A presidente da estatal refutou que Pasadena tenha sido comprada pela
Astra Oil por US$ 42 milhões de dólares, um ano antes do negócio com a
Petrobras. Citou investigações da Petrobrás que apontam para um valor
bem maior. "Tanto se discute sobre os US$ 42,5 milhões pagos pela Astra,
que temos no âmbito da comissão de apuração da Petrobras, que tem mais
30 dias para trabalhar, uma série de evidências contábeis, nos
balancetes, claramente registradas, que a Astra pagou muito mais do que
US$ 42,5 milhões: no mínimo, a Astra pagou em torno, estimado, US$ 360
milhões."
Parceria com a Astra Oil
Sobre o tipo de acordo feito entre a Petrobras e Astra Oil para a
gestão de Pasadena, Foster explicou que “a Petrobras tinha tudo, tinha o
poder de dizer: eu quero essa parede pintada de verde, e o outro lado
tinha que concordar. Entramos em um processo judicial e foi exercida a
Put Option para a saída da refinaria."
Foster também explicou o porquê da parceria ter sido firmada com a
Astra Oil. “Quando você entra numa operação de trading, o valor que se
pode ter são os estoques. Nesse cas específico, o maior valor pago pela
Petrobras foi o conhecimento que o grupo Astra tinha naquela região: os
clientes, os contratos com a infraestrutura… mais do que pelos estoques
remanescentes, o grande pagamento feito foi pelo negócio, pelos
contatos, por estar dentro da atividade de trading com um grupo
extremamente importante. Lá atrás, quando o Conselho aprovou os 50%, ele
aprovou uma parceria, entre Astra e Petrobras."
Foster iniciou a exposição com números relativos a 2013, que atestam o
crescimento do parque de refino de petróleo. "Pelo 22º ano temos
descoberto mais do que produzido", ressaltou a presidente da Petrobras, o
que seria um indicativo de segurança energética", disse Foster.
A presidente da estatal ainda comentou a crise econômica que se
instalou em 2008 e causou grande impacto na economia mundial. "(A crise
foi) uma grande surpresa, porque no Fórum de Davos, em 2008, as melhores
cabeças pensantes do planeta sobre economia estiveram lá, e não foi
possível prever essa crise".
Oposição
Parlamentares da oposição devem questionar também a construção da
refinaria Abreu e Lima (PE) e os negócios da Petrobras na Argentina,
alvo de inquérito da Polícia Federal, bem como a perda do valor
patrimonial da empresa e a queda no faturamento.
O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) contestou dois dos principais pontos
da explicação de Foster. "Na audiência de um ano atrás, vossa excelência
disse que a Astra tinha comprado por US$ 43 milhões”. Hoje, a
presidente da Petrobras disse que se acredita que a compra tenha sido
por pelo menos US$ 360 milhões.
A presidente reforçou que não havia menção das duas cláusulas para a
tomada de decisão. “Não ouvi Gabrielli dizer que foi um excelente
negócio, mas que, à época, foi considerado um bom negócio. Senador Flexa
Ribeiro, sou engenheira e, quando todas as cartas estão na mesa, nossa
decisão de engenharia fica mais fácil”.
CPI
Ainda hoje o plenário do Senado vai definir a abrangência das
investigações na CPI. A oposição quer uma CPI exclusivamente para
investigar a Petrobras. Já os parlamentares aliados ao governo Dilma
Rousseff defendem que a comissão de inquérito apure também as suspeitas
de cartel no Metrô de São Paulo e irregularidades no Porto de Suape, em
Pernambuco - estados administrados pelos partidos oposicionistas PSDB e
PSB.
Fonte: ÉTORE MEDEIROS Correio Braziliense /Agência Senado. - 15/04/2014
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