terça-feira, 15 de abril de 2014

Foster sobre Pasedena: Definitivamente não foi um bom negócio



A presidente da Petrobras participa de uma audiência pública no Senado sobre a polêmica aquisição da estatal sobre a refinaria norte-americana

A presidente da Petrobras, Graça Foster, confimou nesta terça-feira (15/4) que a que a compra da refinaria de Pasadena "não foi, definitivamente, um bom negócio”. A executiva participa da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado com a missão de explicar a lógica da compra da refinaria, nos Estados Unidos, epicentro da crise política instalada em torno da empresa e do governo...
 
Foster explicou que a compra de Pasadena foi estratégica, como a compra de outras refinarias em mercados importantes, como no Japão. Ao todo, Foster disse ainda que a refinaria norte-americana custou à Petrobras US$ 1,25 bilhão.
 
A executiva disse que criou em março uma comissão de apuração sobre as operações sobre Pasadena dentro da Petrobras. "É raro, existem outros projetos que é necessário se registrar no balanço perdas. Pasadena é um projeto, um bom projeto no início, que se transformou em um projeto de baixa probabilidade de retorno".
 
A presidente da estatal refutou que Pasadena tenha sido comprada pela Astra Oil por US$ 42 milhões de dólares, um ano antes do negócio com a Petrobras. Citou investigações da Petrobrás que apontam para um valor bem maior. "Tanto se discute sobre os US$ 42,5 milhões pagos pela Astra, que temos no âmbito da comissão de apuração da Petrobras, que tem mais 30 dias para trabalhar, uma série de evidências contábeis, nos balancetes, claramente registradas, que a Astra pagou muito mais do que US$ 42,5 milhões: no mínimo, a Astra pagou em torno, estimado, US$ 360 milhões."
 
Parceria com a Astra Oil



Sobre o tipo de acordo feito entre a Petrobras e Astra Oil para a gestão de Pasadena, Foster explicou que “a Petrobras tinha tudo, tinha o poder de dizer: eu quero essa parede pintada de verde, e o outro lado tinha que concordar. Entramos em um processo judicial e foi exercida a Put Option para a saída da refinaria."
 
Foster também explicou o porquê da parceria ter sido firmada com a Astra Oil. “Quando você entra numa operação de trading, o valor que se pode ter são os estoques. Nesse cas específico, o maior valor pago pela Petrobras foi o conhecimento que o grupo Astra tinha naquela região: os clientes, os contratos com a infraestrutura… mais do que pelos estoques remanescentes, o grande pagamento feito foi pelo negócio, pelos contatos, por estar dentro da atividade de trading com um grupo extremamente importante. Lá atrás, quando o Conselho aprovou os 50%, ele aprovou uma parceria, entre Astra e Petrobras."
 
Foster iniciou a exposição com números relativos a 2013, que atestam o crescimento do parque de refino de petróleo. "Pelo 22º ano temos descoberto mais do que produzido", ressaltou a presidente da Petrobras, o que seria um indicativo de segurança energética", disse Foster.
 
A presidente da estatal ainda comentou a crise econômica que se instalou em 2008 e causou grande impacto na economia mundial. "(A crise foi) uma grande surpresa, porque no Fórum de Davos, em 2008, as melhores cabeças pensantes do planeta sobre economia estiveram lá, e não foi possível prever essa crise".
 
Oposição


Parlamentares da oposição devem questionar também a construção da refinaria Abreu e Lima (PE) e os negócios da Petrobras na Argentina, alvo de inquérito da Polícia Federal, bem como a perda do valor patrimonial da empresa e a queda no faturamento.
 
O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) contestou dois dos principais pontos da explicação de Foster. "Na audiência de um ano atrás, vossa excelência disse que a Astra tinha comprado por US$ 43 milhões”. Hoje, a presidente da Petrobras disse que se acredita que a compra tenha sido por pelo menos US$ 360 milhões.
 
A presidente reforçou que não havia menção das duas cláusulas para a tomada de decisão. “Não ouvi Gabrielli dizer que foi um excelente negócio, mas que, à época, foi considerado um bom negócio. Senador Flexa Ribeiro, sou engenheira e, quando todas as cartas estão na mesa, nossa decisão de engenharia fica mais fácil”.
 
CPI



Ainda hoje o plenário do Senado vai definir a abrangência das investigações na CPI. A oposição quer uma CPI exclusivamente para investigar a Petrobras. Já os parlamentares aliados ao governo Dilma Rousseff defendem que a comissão de inquérito apure também as suspeitas de cartel no Metrô de São Paulo e irregularidades no Porto de Suape, em Pernambuco - estados administrados pelos partidos oposicionistas PSDB e PSB.


Fonte: ÉTORE MEDEIROS Correio Braziliense /Agência Senado. - 15/04/2014 
 
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