terça-feira, 15 de abril de 2014

Mas, sim, os portugueses são culpados: de terem ido embora e nos deixado órfãos.

A culpa dos portugueses

Ivar Hartmann

O Índice de Percepção da Corrupção é hoje a mais conhecida medição da corrupção nas nações. Iniciativa de uma ONG sediada na Alemanha, em seu boletim de 2013, o Brasil ficou em 72º entre 177 nações onde mais se percebe a corrupção do setor público. 


A mais honesta foi a Dinamarca. Com PIB de lambari, o Brasil segue sem dar respostas às necessidades mais urgentes dos cidadãos. 


O Estado busca realizar obras que seriam da iniciativa privada para que seus agentes possam ganhar comissões ou propinas. E com qualidade inferior e prazos maiores. Os fundos públicos desaparecem nas construções superfaturadas, nos contratos das empresas estatais, nas CCs ocupadas por incompetentes e no empreguismo maluco. 


Qualquer prefeito de prefeitura de quinta categoria tem uma montanha de secretários e assessores, recrutados entre os companheiros desempregados. Desempregados por incompetentes, porque ninguém que sabe que seu trabalho tem valor vai aceitar trocar um emprego garantido por quatro anos de aventura municipal. 


Há alguns anos fui secretário de um município que depois foi desmembrado em outros quatro. Apenas um secretário: eu. Nenhum CC. Nem de longe morria trabalhando. Muito se tem estudado porque os USA e a Austrália, ex-colônias como o Brasil, terem alcançado patamares de primeiro mundo, longínquos para nós.


Uns defendem a tese da posição geográfica,  alguns da religião católica contra a evangélica, outros as origens de nossa colonização. Os portugueses seriam então os culpados de nossa inépcia. 



E bastaria citar nossos políticos e governantes em sua maioria absoluta com sobrenomes lusos. Face aos estudos sobre a percepção da corrupção e a colocação do Brasil (cada ano pior), está na hora de buscarmos outros culpados para nossa desídia natural, amparo dos corruptos encastelados nos órgãos de Estado. Porque Portugal, na mesma lista está em 32º. lugar. 


Esta honestidade do país se reflete em progresso e bem estar social. Renda per capita - Portugal: US$33.000. Brasil US$12.500.  Os critérios para calcular o IDH (índice de desenvolvimento humano) dos países são: escolaridade, renda média e saúde. IDH de Portugal 0,816 - 43º. lugar - desenvolvimento humano muito alto. IDH no Brasil 0,73 - 85° lugar – desenvolvimento alto. 


Não há gente mais cordial do que os portugueses. Mas, sim, os portugueses são culpados: de terem ido embora e nos deixado órfãos.




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