Enquanto isso, governo e sindicato travam batalha judicial, com possibilidade de corte de ponto
Carla Rodrigues
carla.rodrigues@jornaldebrasilia.com.br
Os alto-falantes avisam os passageiros: “Atenção, senhores usuários. Devido à greve dos metroviários, estamos trabalhando com número reduzido de trens e maior tempo de espera”.
E assim segue a paralisação, ainda sem prazo para terminar.
Enquanto os passageiros sofrem com a falta do transporte, governo e sindicato travam uma batalha que parece longe do fim. Pelo contrário. Fontes ligadas ao governo dizem que são estudadas medidas severas, como a automatização do serviço e o corte de ponto dos grevistas.
“Não vamos negociar. O próprio GDF encerrou as negociações. A greve continua. Não temos previsão de quando vamos encerrá-la. Esperamos, agora, o julgamento da Justiça para dizer se a paralisação é legítima ou não. Mas, sabemos que é”, explicou a diretora do Sindicato dos Metroviários (SindMetrô-DF), Tânia Viana. Ela diz que até a decisão do Tribunal Regional do Trabalho, a categoria deve manter apenas 30% dos trens funcionando, o que equivale a sete dos 32.
A categoria reivindica “correção das distorções salariais do plano de carreira, redução da jornada de trabalho para seis horas, reajuste salarial de 10%, previdência complementar e aumento da quebra de caixa da bilheteria”.
O maior embate entre governo e metroviários, porém, está sendo com relação ao salário. O Governo do Distrito Federal tem divulgado a tabela com os valores de remuneração da categoria. “(...) O GDF/Metrô-DF reafirma para população do Distrito Federal que a categoria recebeu aumento de salário médio, em 2013, de 96%. O reajuste só foi alcançado com um esforço na superação de gestão do atual governo (...)”, diz o texto, que pontua, em uma tabela, cada um dos atuais salários da categoria.
Os pilotos, por exemplo, receberam reajuste de 107% no ano passado, passando de R$ 2,2 mil para R$ 4,6 mil mensais. Além deles, os agentes de estação também ganharam aumento acima de 100% (veja tabela).
Sem respostas
Procurado pelo JBr., o Tribunal Regional do Trabalho não atendeu. A mesma coisa aconteceu com a Secretaria de Administração Pública, que ficou de retornar até o final desta edição, mas não o fez. O secretário da pasta, Wilmar Lacerda, não foi encontrado. Porém, em nota no site da secretaria, o órgão se diz aberto à negociação.
Sindicato x GDF
Algumas reivindicações do Sindicato dos Metroviários e a justificativa do GDF para não aceitar o acordo
1 Correção salarial – com base na tabela salarial acima discriminada, o GDF/ Metrô-DF propõe reajuste pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) (estimado em 5,62% mais 1,5% de ganho real), totalizando 7,12% aplicado sobre todas as verbas salariais e todos os benefícios
2 Redução de jornada de trabalho de 8 para 6 horas - O GDF/Metrô-DF não pode acatar a proposta porque a redução de horas prejudicaria o serviço de transporte à população, pela diminuição do número de empregados para operação do sistema, e resultaria em um reajuste significativo de salario pela diminuição da carga horária.
Cabe lembrar que não existe autorização legal para este procedimento. Para melhorar ainda mais a qualidade dos serviços prestados à população do DF, o GDF/Metrô-DF realizou neste domingo, 13 de abril, concurso público para contratar mais 232 empregados, incluindo cadastro reserva.
População se irrita com a paralisação
“É um absurdo isso. Governo e metroviários tinham que tomar vergonha na cara. Eu cheguei atrasado no trabalho. Só que isso não pode acontecer todo o dia”, revoltou-se o auxiliar administrativo Diones Xavier, 40 anos. Morador de Ceilândia, ele contou ainda que os ônibus que saem da região para o Plano Piloto estavam superlotados.
Assim como ele, a funcionária pública Márcia Adriana Trindade, 41 anos, perdeu a hora para buscar o filho na escola. “Ele tem cinco anos e eu fico me humilhando, pedindo para outras pessoas buscá-lo”, indignou-se a usuária do Metrô-DF.
O motorista de ônibus Abílio Pereira Sousa, 36 anos, resumiu a via-crúcis dos usuários do transporte. “Em menos de três horas não chegamos ao P Norte. Sabe o que é isso? Em três horas, vou até Minas Gerais visitar meus pais e volto”, lamentou.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
Nenhum comentário:
Postar um comentário