08/04/2014 | Política BLOG SINAL
Leonencio Nossa
Em Minas, presidente afirma em discurso que “é muito normal uso de todos os instrumentos possíveis para desgastar governo” durante a pré-campanha
A presidente Dilma Rousseff disse ontem
que as suspeitas que envolvem negócios da Petrobrás são uma tentativa
de atingir sua campanha à reeleição. Em Contagem, na região
metropolitana de Belo Horizonte, a presidente disse que a estratégia de
desgastar o governo é usual no período pré- eleitoral e citou a
campanha à reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“E muito usual em período de
pré-campanha no Brasil, como é o de agora, e os períodos de campanha
que haja a utilização de todos os instrumentos possíveis para desgastar
esse ou aquele governo”, afirmou. “Nós temos experiência disso, porque
nós já enfrentamos isso em 2006, na reeleição do Lula, e em 2010, na
minha eleição.”
A tática de atrelar o caso envolvendo a estatal à
disputa eleitoral foi definida por Dilma numa conversa na semana
passada com Lula, segundo interlocutores do Planalto. Daqui para
frente, a presidente, sem se alongar em explicações técnicas, reforçará o
discurso de que as suspeitas fazem parte do jogo eleitoral da
oposição. Dilma prometeu não recuar na “disputa política”.
“Podem ter certeza que o meu governo
continuará governando, mantendo o seu caráter republicano, mas nós não
iremos recuar um milímetro da disputa política quando ela aparecer”,
afirmou.
Na solenidade em Contagem a presidente
distribuiu verbas, máquinas e caminhões a prefeitos de Minas Gerais.
Nos eventos públicos e fechados na cidade e em Belo Horizonte durante
todo o dia de ontem, Dilma esteve sempre acompanhada do ex- ministro de
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Fernando Pimentel,
pré-candidato do PT ao governo mineiro.
Pimentel esteve também no almoço
oferecido à presidente por Walfrido dos Mares Guia, ex-ministro do
governo Lula.
Em janeiro, Walfrido se livrou do processo do mensalão
mineiro – esquema de arrecadação ilegal de recursos para a campanha à
reeleição do então governador de Minas, Eduardo Azeredo (PSDB), em
1998, segundo denúncia do Ministério Público Federal – após a Justiça
decretar prescrição dos crimes de peculato e formação de quadrilha.
Dilma discursou no fim do dia em
Contagem, diante de 151 prefeitos que ganharam patrolas e caçambas.
A
presidente anunciou a liberação de uma parcela de R$ 1,5 bilhão de
recursos para custeio das prefeituras brasileiras. Escolhido pelo
Planalto para falar na cerimônia, o prefeito de Joaíma, Donizete Lemos
(PT), falou abertamente em campanha e pediu apoio para a petista.
“Companheiros, não tenham medo de apoiar a presidente Dilma. O Brasil de
12 anos para cá tem essa transformação”, disse. Em seguida,
simpatizantes do governo e militantes que completavam a plateia
cantaram em coro: “olê, olê, olá, Dilma, Dilma”.
• Pronta para o embate
“Podem ter certeza que meu governo
continuará governando, mas não vamos recuar um milímetro da disputa
política quando ela aparecer” Dilma Rousseff PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Governo tenta adiar reunião sobre CPI
• Em nova manobra para atrasar o início
das investigações sobre a Petrobrás no Congresso, aliados da
presidente Dilma Rousseff tentam adiar para amanhã a reunião da
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado marcada para
analisar, hoje, a abrangência da CPI.
Nomeado ontem relator da questão, o
senador Romero Jucá (PMDB- RR) indicou que vai abraçar a missão, mas
alegou que não deve conseguir dar um parecer a tempo. Em resposta ao
governo, a oposição apresentará hoje um mandado de segurança no Supremo
Tribunal Federal para que a investigação tenha apenas a estatal como
foco. / DÉBORA ÁLVARES
Fonte: O Estado de S.Paulo
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