08/04/2014 12h57
- Atualizado em
08/04/2014 15h41
Deputado pediu afastamento após denúncias de ligação com doleiro preso.
Ex-presidente falou a blogueiros. Ele também disse que não será candidato.
O ex-presidente Lula durante entrevista a blogueiros
transmitida pela internet
transmitida pela internet
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou em entrevista a
blogueiros transmitida pela internet na manhã desta terça-feira (8) as
denúncias de envolvimento do deputado André Vargas (PT-PR) com o doleiro
Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal. Para o ex-presidente,
Vargas tem de "convencer a sociedade" porque do contrário, segundo
afirmou, "quem paga o pato" pelas denúncias é o PT.
Nesta segunda (7), Vargas, que é vice-presidente da Câmara, pediu
afastamento de 60 dias do mandato. Reportagem da "Folha de S.Paulo" na
última semana afirmou que ele viajou em avião emprestado por Youssef.
Além disso, a edição desta semana da revista "Veja" publicou reportagem
que mostra mensagens trocadas entre Vargas e Youssef, que, segundo a
revista, tratam de contrato de empresa de fachada com o Ministério da
Saúde.
“Espero que ele consiga convencer a sociedade e explicar que não tem
nada além de uma viagem de avião, porque, no final, quem paga o pato é o
PT. Torço que não seja nada além de uma viagem, o que já é um erro”,
afirmou o ex-presidente.
saiba mais
Dilma
Logo no início da conversa com os blogueiros, Lula afirmou que queria
deixar claro que não é candidato na disputa pela Presidência da
República em 2014 e que sua candidata é a presidente Dilma Rousseff.
“Minha candidata é a Dilma Rousseff. Se vocês puderem contribuir para
acabar com essa boataria toda, vocês estarão contribuindo para a
democracia no Brasil”, afirmou o ex-presidente. Em seguida, disse que já
cumpriu a sua tarefa e que Dilma é “disparadamente” a melhor pessoa
para o cargo.
Eduardo Campos
Ao referir-se a Eduardo Campos, provável candidato do PSB, Lula disse
ter uma “belíssima relação” com o ex-governador de Pernambuco, assim
como tinha com seu avô, Miguel Arraes.
“Sou agradecido a tudo que ele contribuiu ao meu governo e ele deve ser
muito agradecido a mim pelo o que eu contribuí a Pernambuco e ao
Nordeste, e lamentei que ele tenha se afastado da base para ser
concorrente da Dilma”, disse.
CPI da Petrobras
Lula comentou também as movimentações da oposição em torno de uma CPI
exclusiva para investigar denúncias de irregularidades na Petrobras. O
ex-presidente disse que essa ideia é levantada por quem "não tem
bandeira, não tem programa e não tem voto".
"Normalmente, em época de eleição, quando a oposição não tem bandeira,
não tem programa e não tem voto, a oposição então levanta essa ideia de
se fazer uma CPI", afirmou.
Mensalão
Em seguida, Lula disse esperar que o PT tenha "aprendido a lição" da CPI do Mensalão, em referência à CPI que, em 2005, investigou denúncias de pagamentos a parlamentares da base aliada do governo em troca de votos. Para Lula, o PT tem que "ir para cima" no caso da CPI da Petrobras.
"Então, eu acho que nesse aspecto o PT tem que ir para cima. Eu vou
contar uma coisa para vocês, de coração. Eu espero que o PT tenha
aprendido a lição do que significou a CPI do mensalão. Essa CPI deixou
marcas profundas nas entranhas do PT. Se o PT tivesse feito o debate
político no momento que tinha que fazer o debate político, e não tivesse
ficado esperando uma solução jurídica, possivelmente a história fosse
outra", completou.
Joaquim Barbosa
O ex-presidente afirmou durante a entrevista que, se tivesse que tomar a
decisão outra vez, voltaria a indicar o ministro Joaquim Barbosa para o
Supremo Tribunal Federal. Barbosa foi relator do processo do mensalão,
que culminou com a condenação de líderes petistas, como José Dirceu e
José Genoino. Foi durante o governo Lula que o ministro foi indicado
para o tribunal.
"Se eu fosse presidente, e tivesse as informações que eu tenho do
Joaquim, na época, ele seria indicado do mesmo jeito, não teria
problema", afirmou.
" 'Você se arrependeu de indicar Barbosa?' Não, porque quando eu
indiquei o Barbosa, não tinha o mensalão.
Não indiquei o Barbosa para
julgar o mensalão. Indiquei o Barbosa porque eu queria que a gente
tivesse um advogado negro na Suprema Corte Federal brasileira, e de
todos os currículos que eu recebi, o do Barbosa era o melhor. E ele foi
indicado", disse Lula.
Lula disse ainda que o comportamento de Barbosa é de "inteira
responsabilidade" dele. O presidente criticou a postura de integrantes
da Corte, sem especificar quais, e afirmou ter "gente falando demais".
"A Suprema Corte tem que se pronunciar nos autos do processo. Eu vou
julgar um de vocês, eu não posso ficar falando antecipadamente o que eu
vou fazer com vocês. Eu tenho que pegar os autos e tomar uma decisão.
Alguns, inclusive, mentiram, descaradamente", afirmou.
Eleição no Rio de Janeiro
Lula, que também respondeu perguntas feitas por interneutas pelo Twitter, foi questionado sobre a eventual candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo do Rio de Janeiro. O PT no estado rompeu com o PMDB, que pretende lançar o vice-governador, Luiz Fernando Pezão.
"A candidatura é para valer, está colocada e é irreversível", afirmou.
Lula disse que Lindbergh, por ser jovem e estar no meio do mandato de
senador, "não tem nada a perder". "Ele acha que é o momento dele e eu
acho que ele é um candidato bom. Pode tomar cuidado que ele vai crescer e
pode até ganhar as eleições."
Lula disse ainda esperar que a disputa seja "civilizada" e que um
consiga ajudar o outro, caso um deles não vá para o segundo turno.
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