METRO Brasilia
Saúde. Maior acesso da população ao Judiciário e problemas na formação de médicos explicam fenômeno, afirma livro de especialista
From page 01 Pacientes e suas famílias têm exigido cada vez mais qualidade dos serviços médicos e isso se reflete em um aumento de 211% no número de processos relacionados a erros médicos julgados pelo Tribunal de Justiça do DF nos últimos quatro anos -- de 27 em 2009 para 84 no ano passado.
O número foi revelado pelo advogado Raul Canal, que fez um levantamento em Cortes de todo o país e descobriu uma explosão no número dessas ações.
REPRODUÇÃO/FACEBOOK
BRIZZA CAVALCANTE/AGÊNCIA CÂMARA
Marcelo Dino morreu depois de um ataque de asma
Os dados são explicados por mais de um fator, na opinião do
profissional, que atua na área. “Um deles é que a população está mais
esclarecida e tem um acesso maior ao Poder Judiciário. Entre 2000 e
2012, foram 491 processos julgados no Tribunal de Justiça do DF, que já é
a segunda instância. O número tem crescido em todo o país”, afirma.
Mais de um quarto das ações, de acordo com o levantamento mostrado ao Metro, reclamam de problemas relacionados ao pré-natal e ao parto.
“Sobretudo no serviço público, faltam estrutura e profissionais para atender à demanda de gestantes, o que se reflete em atrasos por vezes fatais”, diz o advogado. Em seguida no ranking vêm erros no tratamento de traumatismos e em cirurgias plásticas.
SUS
Os dados relativos ao DF revelam ainda que 40% das ações são contra o poder público, enquanto nos outros estados o percentual varia entre 15% e 25%. “Acredito que o nível de educação da população do DF ajuda a explicar, mas o principal é que o sistema de saúde daqui não suporta a demanda imposta”, afirma Canal, dando força a um argumento muito usado pelos gestores da saúde do DF, que costumam reclamar da pressão exercida por cidades do Entorno.
Mais de um quarto das ações, de acordo com o levantamento mostrado ao Metro, reclamam de problemas relacionados ao pré-natal e ao parto.
“Sobretudo no serviço público, faltam estrutura e profissionais para atender à demanda de gestantes, o que se reflete em atrasos por vezes fatais”, diz o advogado. Em seguida no ranking vêm erros no tratamento de traumatismos e em cirurgias plásticas.
SUS
Os dados relativos ao DF revelam ainda que 40% das ações são contra o poder público, enquanto nos outros estados o percentual varia entre 15% e 25%. “Acredito que o nível de educação da população do DF ajuda a explicar, mas o principal é que o sistema de saúde daqui não suporta a demanda imposta”, afirma Canal, dando força a um argumento muito usado pelos gestores da saúde do DF, que costumam reclamar da pressão exercida por cidades do Entorno.
A Secretaria de Saúde do DF informou que não tem dados sobre o número de
erros médicos investigados na rede pública, mas, segundo o órgão, a
Corregedoria trabalha para minimizar o problema.
Apesar de achar que o aumento no número de ações judiciais não reflete um aumento proporcional no número de erros médicos, o advogado diz que a qualidade dos profissionais também tem piorado. “Isso é devido à explosão no número de cursos de medicina. Eram 100 escolas no Brasil até 1998. Desde então, abriram mais 116. Não é possível manter um bom nível.”
Caso Marcelo Dino
O prejuízo nesta relação de consumo, porém, pode ser uma vida humana. Flávio Dino, ex-presidente da Embatur, por exemplo, espera decisão do STJ sobre a reabertura da investigação sobre a morte de seu filho, Marcelo Dino, então com 13 anos, no Hospital Santa Lúcia em fevereiro de 2012, em uma crise de asma.
Após ser medicado, o menino teve uma parada cardiorrespiratória e não resistiu.
Para o pai, houve negligência. “E até hoje o hospital não apresentou um esclarecimento para a morte brutal de uma criança. Mas vou levar esse caso ao Supremo e até onde for necessário”, promete o pai.
“Ainda há uma grande dificuldade, um corporativismo que cria barreiras mesmo para mim, que sou do ramo (Dino é advogado). Infelizmente, muitas famílias que são vítimas acabam desistindo.”
Em nota na época da morte, o Hospital Santa Lúcia lamentou a morte e afirmou tratar-se de uma fatalidade.
Por que o senhor insistiu na investigação?
Porque perguntas fundamentais não foram respondidas. Meu filho era saudável e, após ser medicado, teve uma parada respiratória e não havia médico. Foi descaso.
A Justiça pode reparar sua perda?
Rafael Veleda METRO BRASILIA
Pode ajudar a evitar que outras famílias passem por isso. Meu filho morreu há dois anos e parece que foi ontem, porque a dor não passa. Por mim e por essas outras famílias, não posso deixar esse caso ser esquecido. A perda de uma vida não é algo banal.
Apesar de achar que o aumento no número de ações judiciais não reflete um aumento proporcional no número de erros médicos, o advogado diz que a qualidade dos profissionais também tem piorado. “Isso é devido à explosão no número de cursos de medicina. Eram 100 escolas no Brasil até 1998. Desde então, abriram mais 116. Não é possível manter um bom nível.”
Caso Marcelo Dino
O prejuízo nesta relação de consumo, porém, pode ser uma vida humana. Flávio Dino, ex-presidente da Embatur, por exemplo, espera decisão do STJ sobre a reabertura da investigação sobre a morte de seu filho, Marcelo Dino, então com 13 anos, no Hospital Santa Lúcia em fevereiro de 2012, em uma crise de asma.
Após ser medicado, o menino teve uma parada cardiorrespiratória e não resistiu.
Para o pai, houve negligência. “E até hoje o hospital não apresentou um esclarecimento para a morte brutal de uma criança. Mas vou levar esse caso ao Supremo e até onde for necessário”, promete o pai.
“Ainda há uma grande dificuldade, um corporativismo que cria barreiras mesmo para mim, que sou do ramo (Dino é advogado). Infelizmente, muitas famílias que são vítimas acabam desistindo.”
Em nota na época da morte, o Hospital Santa Lúcia lamentou a morte e afirmou tratar-se de uma fatalidade.
Por que o senhor insistiu na investigação?
Porque perguntas fundamentais não foram respondidas. Meu filho era saudável e, após ser medicado, teve uma parada respiratória e não havia médico. Foi descaso.
A Justiça pode reparar sua perda?
Rafael Veleda METRO BRASILIA
Pode ajudar a evitar que outras famílias passem por isso. Meu filho morreu há dois anos e parece que foi ontem, porque a dor não passa. Por mim e por essas outras famílias, não posso deixar esse caso ser esquecido. A perda de uma vida não é algo banal.
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