Refinaria de ouro
Aécio criticou a postura de Renan Calheiros, que empurrou o caso À CCJ
Publicado: 7 de abril de 2014 às 21:16 -
O senador mineiro Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à presidência da
República, confirmou que representantes de partidos da oposição vão
acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira, 08, buscando
garantias para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) voltada especificamente para a investigação da Petrobras.
“Vamos
pedir que se cumpra a Constituição, que se garanta o direito das
minorias de investigar”, destacou, durante entrevista coletiva em Porto
Alegre, no final da tarde desta segunda-feira,07, pouco antes de
participar, como palestrante, da abertura do Fórum da Liberdade, um
evento anual voltado á discussão de temas políticos e econômicos.
Aécio criticou a postura do presidente do Senado, Renan Calheiros,
que admite que a CPI a ser instalada no Congresso investigue também o
metrô de São Paulo e o porto de Suape, em Pernambuco, como querem os
aliados da presidente Dilma Rousseff. O senador usou palavras como
“vergonha” e “hipocrisia” para qualificar os movimentos da base
governista e afirmou que “eles não querem investigar coisa alguma” e
“querem, com esse artifício, impedir que haja foco na investigação da
Petrobras”.
Lembrou, ainda, que CPI é um direito das minorias. “Havendo um terço
(de assinaturas) e fato determinado, cabe ao presidente do Senado ou da
Câmara simplesmente pedir a indicação dos membros dos partidos e
instalar a comissão”, reiterou. Para Aécio, se a tese da base
prevalecer, “a minoria perderá a capacidade de investigar qualquer
denúncia em relação ao governo, agora ou no futuro”.
Ipea
Assim como criticou o “aparelhamento” de empresas como a Petrobras
pelo governo, Aécio lançou suspeitas sobre o Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), fundação vinculada à Secretaria de Assuntos
Estratégicos da Presidência da República, que, na semana passada,
reconheceu ter errado a divulgação dos resultados da pesquisa
“Tolerância Social à Violência Contra Mulheres”.
“O Ipea sempre fez
pesquisas, estudos e cenários para a sociedade e devemos, em defesa do
Ipea, ver se eles não estão fazendo em defesa de um governo, o que é
extremamente grave”, comentou.
O senador tucano anunciou que três estudiosos do Instituto Teotônio
Vilela (ITV) vão identificar quais os métodos que o Ipea vem utilizando
em suas pesquisas, ao mesmo tempo em que parlamentares vão se mobilizar
em defesa da fundação. “Vamos fazer o Congresso criar uma frente
parlamentar em defesa do Ipea e vamos investigar o que está acontecendo
com este instituto que agora parece muito mais próximo de um partido
político”, destacou.
Na pesquisa que gerou a polêmica, o Ipea afirmou
inicialmente que 65% dos brasileiros acham que mulheres que usam roupas
que mostram o corpo merecem ser atacadas. Depois retificou o índice para
26%.
Aliança com o PP
Nas poucas horas que passou em Porto Alegre Aécio também fez contatos
políticos, especialmente afagos, às lideranças do PP. O pré-candidato
tucano busca um palanque forte no Rio Grande do Sul, que seu próprio
partido, sozinho, não pode lhe dar, e pode encontrar esse aliado no PP.
Embora esteja na base da presidente Dilma Rousseff, o partido tem a
dissidência do Rio Grande do Sul, que não se mistura com o PT. Além
disso, tem uma candidata, a senadora Ana Amélia Lemos, que lidera as
pesquisas eleitorais para o governo do Estado.
Na entrevista coletiva, Aécio foi todo elogios a Ana Amélia, que
trocou o jornalismo pela cadeira de senadora em 2011, mas evitou falar
na perspectiva de ela se tornar candidata a vice-presidente na sua
chapa, uma especulação que tem ganhado força no universo político gaúcho
nos últimos dias.
“A companhia da senadora é um privilégio e uma
honra”, afirmou. “Eu tenho de respeitar hoje a posição do PP, que ainda é
de alinhamento ao governo federal”, ressalvou. “O que posso dizer é que
o movimento que estamos vivendo é de conversas no âmbito estadual, das
direções partidárias, e as informações que tenho é de que vão muito
bem”.
Pesquisas
Ao comentar a mais recente pesquisa eleitoral, do Datafolha,
divulgada no domingo, na qual manteve os 16% que tinha em fevereiro,
mesmo que a presidente Dilma tenha caído de 44% para 38%, Aécio disse
que um candidato é 100% conhecido da população enquanto os demais não
são totalmente conhecidos e não têm a mesma exposição na mídia, prevendo
que o quadro vai mudar quando começar o debate eleitoral.
“O indicativo
atual nos satisfaz plenamente”, reiterou. “O sentimento que deve ser
avaliado e sobre o qual temos nos debruçado em nossas análises é que
dois terços da população querem mudanças profundas no Brasil.”
Diante da queda de Dilma, o senador chegou a provocar os adversários.
“Vejo o PT hoje como um partido à beira de um ataque de nervos, vejo o
resultado das pesquisas e as disputas internas que não consegue mais
esconder”, avaliou. “Para mim é indiferente se o candidato (do PT) for
Dilma ou Lula, quero é derrotar esse modelo que está aí fazendo tanto
mal ao Brasil.”
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