terça-feira, 8 de abril de 2014

Sede do governo paulista gasta mais água em meio à crise





São Paulo - Em pleno mês que estourou a crise hídrica em São Paulo, o consumo de água do Palácio dos Bandeirantes subiu 22%. 
Dados oficiais mostram que a sede do governo paulista e residência oficial do governador Geraldo Alckmin (PSDB) gastou 160 mil litros a mais em janeiro deste ano do que em dezembro passado, totalizando 1,98 milhão de litros. Foi o maior consumo dos últimos 12 meses, 35% superior ao de janeiro de 2013, e custou R$ 51.755,00.
O palácio fica no bairro do Morumbi, zona sul da capital, e é abastecido pela Represa do Guarapiranga, que não passa por escassez de água como o Sistema Cantareira.

Segundo o governo, o aumento ocorreu porque os consumos em janeiro e dezembro de 2013 foram "fora da curva", ou seja, abaixo da média. O resultado pode ser reflexo de um número maior de servidores em férias ou menos eventos do que o comum nesses dois meses.

Foi em janeiro que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) veiculou um comunicado público alertando para o baixo nível de água do manancial que abastece 47% da Grande São Paulo.

O alerta foi feito com base nos dados de dezembro, que já indicavam o pior volume de chuva dos últimos 84 anos e a necessidade de redução do consumo.

À época, o Cantareira estava com 24% da capacidade, menor índice dos últimos dez anos.

Para amenizar a crise e tentar evitar um possível racionamento na Região Metropolitana, a Sabesp anunciou três dias depois, em 1.º de fevereiro, um plano de bônus que previa desconto de 30% na fatura para quem reduzisse o consumo em ao menos 20%.


Até março, essa medida valeu apenas para os cerca de 8,8 milhões de clientes da Sabesp atendidos pelo Cantareira.


Se o Palácio dos Bandeirantes estivesse nesta lista, não teria cumprido a meta: o consumo de água em fevereiro foi 1,4% menor do que a média registrada nos 12 meses anteriores.


A fatura mostra que, entre 6 de fevereiro e 8 de março, o palácio consumiu 1,80 milhão de litros de água, 9,3% a menos do que em janeiro. Apesar da redução, o total ficou só 26 mil litros abaixo da média de 12 meses que serve de cálculo para a concessão do desconto.

Para atingir a meta, o governo deveria ter reduzido o consumo em 365 mil litros. A partir deste mês, Alckmin ampliou o bônus para os 17 milhões de clientes atendidos pelos seis sistemas, incluindo o Guarapiranga, que abastece a região onde fica o palácio.


Redução permanente. Segundo o governo, desde 2010, o "Palácio dos Bandeirantes vem reduzindo fortemente seu consumo de água, com queda de 15,4% de 2011 em comparação a 2010, 3,2% de 2012 em comparação a 2011, e 5,3% de 2013 em comparação com 2012".


A principal medida, segundo o governo, foi a implantação, em 2001, do Programa de Uso Racional da Água (Pura), que tem por objetivo o combate ao desperdício.

"Desde então, a redução no consumo de água chegou a 60,3%", diz a administração.

O governo destacou ainda que o consumo per capita do palácio "está abaixo do indicado para prédios públicos, que é de 50 litros por dia por funcionário", segundo um decreto estadual de 2003. "A média de utilização é de 32 litros por dia por funcionário", informa.

Outros órgãos

Quem também não atingiu a meta de redução de consumo em fevereiro foi a Assembleia Legislativa de São Paulo, que é abastecida pelo Cantareira. Segundo a Casa, a economia foi de 11,4% na comparação com a média de 12 meses, chegando a 3,54 milhões de litros.

"Nós já estávamos fazendo uma economia forte nos últimos anos, com troca de vasos sanitários e torneiras. Reduzimos 21,4% no ano passado", disse o diretor de Serviços Gerais, Felipe Carraro de Araújo.

Já a Sabesp, responsável pelo abastecimento direto de 31 cidades da Grande São Paulo, informou que reduziu o consumo de água em 23% na sede da companhia, em Pinheiros, na zona oeste da capital, no primeiro mês do bônus. Foram gastos 1,56 milhão de litros.

A região era atendida pelo Cantareira, mas passou a receber água do Guarapiranga neste ano. O Estado também questionou o consumo do Tribunal de Justiça de São Paulo no mesmo período, mas não obteve resposta.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


MPE vai apurar se houve má gestão hídrica em SP


São Paulo - O Ministério Público Estadual (MPE) decidiu abrir investigação para apurar responsabilidade do governo do Estado pela atual crise hídrica do Sistema Cantareira que ameaça mais de 14 milhões de pessoas de racionamento na Grande São Paulo e na região de Campinas.
 

Promotores do Meio Ambiente decidiram instaurar nesta terça-feira, 7, um inquérito civil para investigar se o governo Geraldo Alckmin (PSDB) gerenciou mal os recursos hídricos do Cantareira e como a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) fez uso da outorga renovada em 2004 para captar água do principal manancial paulista e distribuir na Região Metropolitana.

O inquérito foi distribuído para o promotor José Eduardo Ismael Lutti, que já havia manifestado interesse em esclarecer se a Sabesp ou o governo podem ser responsabilizados pela pior seca dos cinco reservatórios que formam o Cantareira.

No interior do Estado, duas promotorias já abriram investigações decorrentes da atual crise. Em Campinas, a investigação é sobre a partilha das águas do manancial com a Bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ).

No Vale do Paraíba, um inquérito apura o projeto para transposição de água da Bacia do Rio Paraíba do Sul para o Cantareira, que rendeu uma disputa com o Rio de Janeiro.

Questionado sobre a investigação do MPE, Alckmin disse que a situação climática é atípica e que o Estado se mostrou preparado para enfrentar a seca. "Nós estamos enfrentando na região Sudeste do Brasil a maior seca dos últimos 84 anos.

Temos 22 milhões de pessoas na metrópole, passamos meses e meses de muito calor e sem uma gota de água, e não falta água, então o governo é preparado, nós temos uma estrutura excepcional", disse o governador.



Alckmin afirmou ainda que, desde o início da crise, o governo tem desenvolvido medidas para minimizar o problema. "Fizemos o bônus, agora estendemos para a Região Metropolitana.

Acredito que, com o bônus estendido para a Região Metropolitana e com as obras que já estão prontas e as que serão concluídas, está todo mundo trabalhando para que a gente consiga superar a estiagem", disse.


As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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