07/04/2014 | BLOG SINAL
A renúncia fiscal com a desoneração da folha de salários continuará a afetar a gestão fiscal em 2015, mesmo que o governo decida não prorrogar a vigência dessa medida. O governo não é claro sobre o tamanho da renúncia fiscal estimada para essa medida em 2014, mas os números divulgados indicam que ela pode deixar uma conta bilionária para ser compensada no próximo ano.
Nas informações complementares ao
Projeto de Lei do Orçamento de 2014, o governo estimou uma renúncia
fiscal com a desoneração dos salários de R$ 24 bilhões para este ano,
número que não foi oficialmente revisado no decreto de reprogramação
financeira de fevereiro, quando o valor de compensação à Previdência foi
reestimado de R$ 17 bilhões para R$ 11 bilhões este ano. Entretanto,
parte dessa verba (54% ou R$ 5,9 bilhões) ainda refere-se à compensação
de 2013.
Depois de acertar as contas do ano passado, sobrarão R$ 5,1
bilhões correspondentes a 2014. Se a conta deste ano chegar mesmo aos R$
24 bilhões estimados quando o orçamento foi feito, sobraria uma conta
de R$ 19 bilhões para ser acertada em 2015.
Como o dinheiro sai do Tesouro e entra
na Previdência, ele não impacta o superávit primário. Ele compromete,
porém, parte da receita do ano que vem, reduzindo o montante que poderia
ser direcionado para outros gastos públicos.
O valor de R$ 24 bilhões para 2014 pode
parecer exagerado diante da renúncia de R$ 13,2 bilhões estimada pela
Receita Federal para 2013. Os valores do primeiro bimestre, contudo,
mostram crescimento expressivo. Foram R$ 3,5 bilhões, bem acima do R$
1,6 bilhão do início de 2012.
Com base na renúncia de R$ 2 bilhões
estimada pela Receita Federal para fevereiro, o economista José Roberto
Afonso, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), calcula
que o valor do ano pode chegar perto de R$ 27 bilhões. Fevereiro, lembra
ele, é o primeiro mês em que o cálculo envolve todos os 56 setores
beneficiados e a medida continuará em vigor para esse grupo até o fim do
ano.
A Associação Nacional dos Auditores
Fiscais da Receita Federal (Anfip) também tem batido na tecla de que os
valores estão subestimados. A associação fez a conta de 2013 e estima
que o governo federal abriu mão de R$ 19,1 bilhões, mais que os R$ 13,2
bilhões relatados pela Receita Federal no ano passado.
Entretanto, parte dessa verba (54% ou R$ 5,9 bilhões) ainda refere-se à compensação de 2013. Depois de acertar as contas do ano passado, sobrarão R$ 5,1 bilhões correspondentes a 2014. Se a conta deste ano chegar mesmo aos R$ 24 bilhões estimados quando o orçamento foi feito, sobraria uma conta de R$ 19 bilhões para ser acertada em 2015.
Como o dinheiro sai do Tesouro e entra
na Previdência, ele não impacta o superávit primário. Ele compromete,
porém, parte da receita do ano que vem, reduzindo o montante que poderia
ser direcionado para outros gastos públicos.
O valor de R$ 24 bilhões para 2014 pode
parecer exagerado diante da renúncia de R$ 13,2 bilhões estimada pela
Receita Federal para 2013. Os valores do primeiro bimestre, contudo,
mostram crescimento expressivo. Foram R$ 3,5 bilhões, bem acima do R$
1,6 bilhão do início de 2012.
Com base na renúncia de R$ 2 bilhões
estimada pela Receita Federal para fevereiro, o economista José Roberto
Afonso, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), calcula
que o valor do ano pode chegar perto de R$ 27 bilhões. Fevereiro, lembra
ele, é o primeiro mês em que o cálculo envolve todos os 56 setores
beneficiados e a medida continuará em vigor para esse grupo até o fim do
ano.
A Associação Nacional dos Auditores
Fiscais da Receita Federal (Anfip) também tem batido na tecla de que os
valores estão subestimados. A associação fez a conta de 2013 e estima
que o governo federal abriu mão de R$ 19,1 bilhões, mais que os R$ 13,2
bilhões relatados pela Receita Federal no ano passado.
Além disso, ponderou que as despesas com benefícios previdenciários foram reduzidas devido à atualização dos parâmetros econômicos e incorporação dos dados de 2013 e de janeiro de 2014, cujo valores ficaram inferiores à projeção feita com os parâmetros disponíveis quando o orçamento foi feito. O governo, porém, não apresentou nova estimativa de renúncia anual em substituição aos R$ 24 bilhões informados no projeto do Orçamento de 2014.
No decreto bimestral, os valores de
compensação referentes a janeiro e fevereiro deste ano (a serem
remetidos em junho e julho à Previdência) foram estimados em R$ 912
milhões, cada. A Receita Federal, contudo, registrou valores maiores de
renúncia para os dois meses: R$ 1,5 bilhão em janeiro e R$ 2,038 bilhões
em fevereiro.
Afonso, do Ibre, pondera que fevereiro
foi o primeiro mês com todos os 56 setores desonerados e que, como todos
permanecerão beneficiados até o fim do ano, pode-se esperar valor
semelhante por mais dez meses e um valor maior para a parcela relativa
ao décimo terceiro salário, quando não existe um recolhimento sobre o
faturamento que possa atenuar a parcela devida ao Regime Geral da
Previdência Social (RGPS). Somados esses valores à renúncia do bimestre,
chega-se ao total de R$ 27 bilhões.
Para Felipe Salto, economista da
Tendências Consultoria, o nível de renúncia estimado para fevereiro não
deve ser mantido até o fim do ano porque o ritmo da atividade tende a
arrefecer.
O crescimento da massa salarial, pondera ele, já vem sendo
menor e ele determina a base de comparação para o cálculo. Uma
perspectiva menor de aumento na arrecadação também implica em renúncia
tributária menor , diz Salto. No ano de 2013, argumenta, os valores
mensais não foram lineares.
Em 2013, a Receita Federal estimou (nos
relatórios de arrecadação) que a renúncia fiscal chegou a R$ 13,2
bilhões. O Tesouro, por sua vez, informou que repassou R$ 9,2 bilhões
para a Previdência, valor que incluía uma parcela (R$ 1,9 bilhão
relativa a 2012).Pela lei que criou a desoneração, a arrecadação
perdida pela Previdência com a troca da contribuição patronal ao RGPS
pela alíquota sobre o faturamento deve ser integralmente compensada pelo
Tesouro, pagamento que pode ser feito com atraso de quatro meses,
segundo o decreto que regulamentou essa movimentação de contas.
Entidades, sindicalistas e economistas
envolvidos no debate da desoneração concordam que o atraso não é o maior
problema. A questão, ponderam, é que os valores de renúncia fiscal
estão sendo subestimados pelo governo.
Para José Roberto Afonso, a discussão é
de transparência porque a sociedade precisa saber, de fato, qual o custo
e o benefício dessa medida. Ele não considera o repasse que ficará para
2015 como uma herança e a maior ou menor remessa à Previdência não o
incomoda porque no Brasil ela foi universalizada e qualquer buraco que
houver vai ser compensado pelo Tesouro, seja qual for sua origem.
A questão é que o custo da desoneração é
maior do que se fala , argumenta ele, referindo-se aos valores de 2013 e
2014 e o risco que o governo decida prorrogar essa medida para 2015. Do
ponto de vista fiscal, observa, o impacto acontece uma vez e é dado
pelo valor não arrecadado. Este ano, pode chegar a R$ 27 bilhões pelas
suas contas. Por isso, ele insiste na transparência dos dados.
Para os sindicalistas, o problema é
outro. Ao projetar valores menores, o compromisso de compensação diminui
e o repasse menor aumenta o déficit da Previdência Social. Com isso,
crescem as críticas e demandas por redução dos benefícios, observa o
vice-presidente de Assuntos Fiscais da Anfip, Vanderley Maçaneiro.
Entre 2012 e 2013, o Ministério da
Previdência Social informou que o déficit da Previdência cresceu 14,8%
em termos reais e alcançou R$ 51,2 bilhões, aumento de R$ 6,6 bilhões.
Se nos dois anos a compensação tivesse sido integral (mesmo pela
estimativa oficial), o déficit teria crescido 6%, ou cerca de R$ 2,6
bilhões.
Sérgio Luiz Leite, presidente da
Federação dos Trabalhadores Químicos e Farmacêuticos do Estado de São
Paulo e representante da Força Sindical na comissão tripartite criada
pela lei para acompanhar a desoneração da folha, faz coro à preocupação
da Anfip.
Ele defende a desoneração, acha que é uma medida válida, mas
deveria ter sido acompanhada de alguma contrapartida a favor dos
trabalhadores. Quando começam a faltar recursos, a corda arrebenta no
lado mais fraco e vêm as discussões para reduzir benefícios , diz ele,
listando o debate para rever as regras do seguro-desemprego.
Procurado, o Ministério da Fazenda não
explicou os cálculos de renúncia e a diferença entre os dados da
Receita Federal e do Tesouro Nacional e também não comentou a
possibilidade dos mesmos estarem subestimados, seja para 2013, seja para
2014.
Fonte: Valor Econômico
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