domingo, 25 de maio de 2014

De dentro de uma prefeitura do PT são administradas páginas caluniosas contra Aécio na internet. Até onde vai a sofisticada organização criminosa?


Dados repassados à Justiça de São Paulo mostram que equipamentos e funcionários da Prefeitura de Guarulhos, comandada há 14 anos pelo PT, foram usados para criar páginas com ofensas ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) em redes sociais. Nome dos tucanos para o Planalto, Aécio é hoje o principal rival da presidente Dilma Rousseff (PT) na disputa.

As informações chegaram ao Judiciário depois que o senador abriu um processo contra 27 empresas que prestam serviços relacionados à internet e conseguiu uma decisão que as obrigou a quebrar o sigilo contratual de clientes.

A intenção do tucano era descobrir quem estava por trás de páginas com o nome "Aécio Boladasso". Criados em novembro passado no Twitter e no Facebook, os perfis falsos a princípio se mostravam favoráveis ao senador --uma versão tucana da "Dilma Bolada", que faz publicidade da presidente nas redes.

Logo, no entanto, passaram a criticar Aécio e relacioná-lo a hábitos como o consumo de álcool. Ainda em novembro, o tucano acionou o principal escritório de direito digital do país --27 advogados estão cadastrados para seguir sua cruzada judicial.

Primeiro, Aécio processou o Facebook e o Twitter. O juiz Nilson Wilfred Ivanhoe Pinheiro obrigou as duas empresas a repassar dados cadastrais e IPs (número que identifica o computador usado para o acesso) dos criadores dos perfis falsos.

A equipe de advogados, então, fez uma pesquisa particular e identificou e-mails e telefones celulares que tinham sido usados para fazer postagens e criar as páginas. Com essas informações, pediram que mais 25 companhias fossem incluídas na ação e entregassem dados de pessoas ligadas ao caso. Com nova decisão favorável do juiz, empresas como UOL, do Grupo Folha, Microsoft, TIM e Telefônica entregaram CPF, CNPJ, nome e endereço dos clientes listados.

A Folha acessou o processo na Justiça e fez cruzamentos com os dados fornecidos, chegando à localização dos imóveis e às profissões de alguns dos citados no caso. Só a partir da sede da Secretaria de Comunicação Social de Guarulhos as páginas contra Aécio foram manipuladas 81 vezes em 20 dias. Há ainda entre os criadores do perfil uma funcionária da prefeitura, Nataly Diniz, que usou o celular para administrar as páginas.

A pasta confirmou que Nataly é servidora, mas não informou em que setor ela atua. A assessoria de imprensa disse que a funcionária não falaria sobre o caso, mas que sua conduta seria apurada (leia mais ao lado). Na Secretaria de Comunicação, os acessos aos perfis de Aécio ocorreram a partir de um IP vinculado a uma agência de propaganda, a PG Comunicação.

As páginas contra Aécio também foram administradas por pessoas de outros dois Estados. A Folha conseguiu contato com duas delas. Lucas Nunes Pereira, de Juiz de Fora (MG), diz não saber por que aparece na ação. "O que postei era a favor de Aécio."

A segunda, de Petrópolis (RJ), não quis se manifestar. Procurada, a advogada Juliana Abrusio, sócia do escritório que representa Aécio, disse que o tucano é vítima de uma "ação orquestrada em vários Estados".
 

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