Dados repassados à Justiça de São Paulo mostram que
equipamentos e funcionários da Prefeitura de Guarulhos, comandada há 14 anos
pelo PT, foram usados para criar páginas com ofensas ao senador Aécio Neves
(PSDB-MG) em redes sociais. Nome dos tucanos para o Planalto, Aécio é hoje o principal
rival da presidente Dilma Rousseff (PT) na disputa.
As informações chegaram ao Judiciário depois que o senador
abriu um processo contra 27 empresas que prestam serviços relacionados à
internet e conseguiu uma decisão que as obrigou a quebrar o sigilo contratual
de clientes.
A intenção do tucano era descobrir quem estava por trás de
páginas com o nome "Aécio Boladasso". Criados em novembro passado no
Twitter e no Facebook, os perfis falsos a princípio se mostravam favoráveis ao
senador --uma versão tucana da "Dilma Bolada", que faz publicidade da
presidente nas redes.
Logo, no entanto, passaram a criticar Aécio e relacioná-lo a
hábitos como o consumo de álcool. Ainda em novembro, o tucano acionou o
principal escritório de direito digital do país --27 advogados estão
cadastrados para seguir sua cruzada judicial.
Primeiro, Aécio processou o Facebook e o Twitter. O juiz
Nilson Wilfred Ivanhoe Pinheiro obrigou as duas empresas a repassar dados
cadastrais e IPs (número que identifica o computador usado para o acesso) dos
criadores dos perfis falsos.
A equipe de advogados, então, fez uma pesquisa particular e
identificou e-mails e telefones celulares que tinham sido usados para fazer
postagens e criar as páginas. Com essas informações, pediram que mais 25 companhias fossem
incluídas na ação e entregassem dados de pessoas ligadas ao caso. Com nova decisão favorável do juiz, empresas como UOL, do
Grupo Folha, Microsoft, TIM e Telefônica entregaram CPF, CNPJ, nome e endereço
dos clientes listados.
A Folha acessou o processo na Justiça e fez cruzamentos com
os dados fornecidos, chegando à localização dos imóveis e às profissões de
alguns dos citados no caso. Só a partir da sede da Secretaria de Comunicação Social de
Guarulhos as páginas contra Aécio foram manipuladas 81 vezes em 20 dias. Há
ainda entre os criadores do perfil uma funcionária da prefeitura, Nataly Diniz,
que usou o celular para administrar as páginas.
A pasta confirmou que Nataly é servidora, mas não informou
em que setor ela atua. A assessoria de imprensa disse que a funcionária
não
falaria sobre o caso, mas que sua conduta seria apurada (leia mais ao
lado). Na Secretaria de Comunicação, os acessos aos perfis de Aécio
ocorreram a partir de um IP vinculado a uma agência de propaganda, a PG
Comunicação.
As páginas contra Aécio também foram administradas por
pessoas de outros dois Estados. A Folha conseguiu contato com duas delas. Lucas
Nunes Pereira, de Juiz de Fora (MG), diz não saber por que aparece na ação.
"O que postei era a favor de Aécio."
A segunda, de Petrópolis (RJ), não quis se manifestar. Procurada,
a advogada Juliana Abrusio, sócia do escritório que representa Aécio, disse que
o tucano é vítima de uma "ação orquestrada em vários Estados".
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