Articulação de Lula barra dissidências e Dilma retém maior parte dos aliados
ERICH DECAT, RICARDO DELLA COLETTA / BRASÍLIA – O Estado de S.Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma
Rousseff conseguiram, às vésperas das convenções partidárias de junho,
reverter a onda negativa no meio político e estancar dissidências na
base aliada. O PT caminha agora para ter uma ampla coalizão de dez
partidos, a maior desde a primeira candidatura presidencial, em 1989. O
arranjo de forças deve dar a Dilma o triplo do tempo de TV do seu
principal adversário, o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Isso foi possível após a combinação de alguns aspectos, como a recuperação de Dilma nas pesquisas, apontada pelo Ibope na quinta-feira, além da concessão de cargos aos aliados. Mas foi a articulação direta de Lula com os dirigentes partidários, nos últimos 15 dias, que possibilitou a reversão do cenário. Só na semana passada, Dilma assegurou a adesão do PTB e o “pré-apoio” anunciado pelo PP. Até o PROS, que apresentava problemas, indica entrada na aliança.
Situação bem diferente de um mês atrás. Até então, Dilma enfrentava queda nas pesquisas, denúncias de irregularidades na Petrobrás e abertura de CPIs no Congresso, além de dissidências no próprio PT, com setores a favor do “Volta, Lula”.
Avalista da reeleição de Dilma, o ex-presidente tem conversado com a ala mais próxima a ele do PMDB, encabeçada pelos senadores José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL), e dirigentes de outros partidos, como o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP.
Nas conversas, Lula tem oferecido a garantia de seu apoio às pretensões regionais dessas siglas, além de traçar um cenário favorável à reeleição de Dilma. Delegou também missões ao presidente do PT, Rui Falcão. Ele esteve no Norte para acertar as alianças regionais com os peemedebistas Eduardo Braga (AM) e Romero Jucá (RR).
“Há uma ação muito forte do Lula e do Rui (Falcão) nesses partidos. O Lula tem credibilidade quando fala com os aliados e, nos últimos 15 dias, ele conversou com meio mundo”, afirma o vice-presidente do PT, José Guimarães (CE).
No PROS, que até a semana passada se dividia em uma ala pró-Eduardo Campos (PSB) e outra ligada a Dilma, a situação se acalmou. “Hoje temos 98% da bancada a favor da candidatura de Dilma”, diz o líder do partido na Câmara, Givaldo Carimbão (AL).
A estratégia do Planalto em abrir espaço no governo para legendas que já estiveram no campo dos adversários também surtiu efeito. No caso do PTB, os acertos, segundo o presidente da sigla, Benito Gama, ocorreram diretamente com Dilma e com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, com aval de Lula. Duas semanas antes de aderir à campanha da petista, o PTB emplacou o tesoureiro da legenda em uma vice-presidência da Caixa Econômica Federal. Segundo Benito, o que pesou na decisão, no entanto, foi a falta de expectativa em relação aos adversários da presidente. “Não tínhamos alternativa. As candidaturas de Aécio e Eduardo são um voo no escuro”, diz.
Dissidências. O fato de terem diminuído as dissidências não significa que elas não mais existam. O maior problema para Dilma ainda é o PR. Uma das poucas vozes no partido a defender a aliança com o PT é a do presidente nacional da legenda, o senador e ex-ministro Alfredo Nascimento (AM). Entretanto, ele passou a ser alvo criticado pela maioria dos integrantes do partido, em especial da bancada na Câmara. Parte dos deputados defende um rompimento com o governo e adesão a Aécio. Outro setor, minoritário, quer apoiar Campos.
“Há uma insatisfação muito grande com o governo. O próprio Alfredo, que há um tempo disse que está tudo resolvido com o governo, recuou. Está tudo dividido”, afirmou o líder do PR na Câmara, Bernardo Santana (MG).
O PP também convive com uma ala que defende o embarque na candidatura de Aécio ou a neutralidade, como em 2010. A maioria dos Estados deve fechar com o PT, mas uma solução para o impasse deverá ser deixar as lideranças estaduais livres para montarem palanques de acordo com seus interesses, inclusive para os adversários de Dilma. Um exemplo será a campanha da senadora Ana Amélia ao governo do Rio Grande do Sul, que pedirá votos para Aécio.
No PMDB, há especial tensão no Ceará, onde o senador Eunício Oliveira deve enfrentar nome dos irmãos Gomes (PROS), no Rio de Janeiro e na Bahia. Apesar disso, essa ala representaria 30% dos votos internos, segundo os líderes dos descontentes.
Isso foi possível após a combinação de alguns aspectos, como a recuperação de Dilma nas pesquisas, apontada pelo Ibope na quinta-feira, além da concessão de cargos aos aliados. Mas foi a articulação direta de Lula com os dirigentes partidários, nos últimos 15 dias, que possibilitou a reversão do cenário. Só na semana passada, Dilma assegurou a adesão do PTB e o “pré-apoio” anunciado pelo PP. Até o PROS, que apresentava problemas, indica entrada na aliança.
Situação bem diferente de um mês atrás. Até então, Dilma enfrentava queda nas pesquisas, denúncias de irregularidades na Petrobrás e abertura de CPIs no Congresso, além de dissidências no próprio PT, com setores a favor do “Volta, Lula”.
Avalista da reeleição de Dilma, o ex-presidente tem conversado com a ala mais próxima a ele do PMDB, encabeçada pelos senadores José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL), e dirigentes de outros partidos, como o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP.
Nas conversas, Lula tem oferecido a garantia de seu apoio às pretensões regionais dessas siglas, além de traçar um cenário favorável à reeleição de Dilma. Delegou também missões ao presidente do PT, Rui Falcão. Ele esteve no Norte para acertar as alianças regionais com os peemedebistas Eduardo Braga (AM) e Romero Jucá (RR).
“Há uma ação muito forte do Lula e do Rui (Falcão) nesses partidos. O Lula tem credibilidade quando fala com os aliados e, nos últimos 15 dias, ele conversou com meio mundo”, afirma o vice-presidente do PT, José Guimarães (CE).
No PROS, que até a semana passada se dividia em uma ala pró-Eduardo Campos (PSB) e outra ligada a Dilma, a situação se acalmou. “Hoje temos 98% da bancada a favor da candidatura de Dilma”, diz o líder do partido na Câmara, Givaldo Carimbão (AL).
A estratégia do Planalto em abrir espaço no governo para legendas que já estiveram no campo dos adversários também surtiu efeito. No caso do PTB, os acertos, segundo o presidente da sigla, Benito Gama, ocorreram diretamente com Dilma e com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, com aval de Lula. Duas semanas antes de aderir à campanha da petista, o PTB emplacou o tesoureiro da legenda em uma vice-presidência da Caixa Econômica Federal. Segundo Benito, o que pesou na decisão, no entanto, foi a falta de expectativa em relação aos adversários da presidente. “Não tínhamos alternativa. As candidaturas de Aécio e Eduardo são um voo no escuro”, diz.
Dissidências. O fato de terem diminuído as dissidências não significa que elas não mais existam. O maior problema para Dilma ainda é o PR. Uma das poucas vozes no partido a defender a aliança com o PT é a do presidente nacional da legenda, o senador e ex-ministro Alfredo Nascimento (AM). Entretanto, ele passou a ser alvo criticado pela maioria dos integrantes do partido, em especial da bancada na Câmara. Parte dos deputados defende um rompimento com o governo e adesão a Aécio. Outro setor, minoritário, quer apoiar Campos.
“Há uma insatisfação muito grande com o governo. O próprio Alfredo, que há um tempo disse que está tudo resolvido com o governo, recuou. Está tudo dividido”, afirmou o líder do PR na Câmara, Bernardo Santana (MG).
O PP também convive com uma ala que defende o embarque na candidatura de Aécio ou a neutralidade, como em 2010. A maioria dos Estados deve fechar com o PT, mas uma solução para o impasse deverá ser deixar as lideranças estaduais livres para montarem palanques de acordo com seus interesses, inclusive para os adversários de Dilma. Um exemplo será a campanha da senadora Ana Amélia ao governo do Rio Grande do Sul, que pedirá votos para Aécio.
No PMDB, há especial tensão no Ceará, onde o senador Eunício Oliveira deve enfrentar nome dos irmãos Gomes (PROS), no Rio de Janeiro e na Bahia. Apesar disso, essa ala representaria 30% dos votos internos, segundo os líderes dos descontentes.
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