Josias de Souza
Sob a liderança da CUT, sindicatos, organizações sociais, estudantes e petroleiros farão uma manifestação na próxima terça-feira (27), em São Paulo. Vão à Avenida Paulista para “protestar contra os ataques da mídia e da direita” à Petrobras. O ato conta com o inusitado apoio do Sindicato dos ‘Jornalistas’ de São Paulo, que divulgou a convocação em seu site.
No texto, o petroleiro Roni Anderson Barbosa, membro da Executiva Nacional da CUT, tenta explicar o sentido da pajelança: “Nós sabemos que a direita que ataca a Petrobras quis vendê-la no passado. Precarizou a empresa, diminuiu número de trabalhadores, tomou decisões muito ruins e fez o contrário do que diz que quer fazer agora.”
O companheiro acrescenta: “A direita e a mídia golpista querem mudar a legislação, pois não aceitam a Petrobras como operadora única do pré-sal”. Nenhuma palavra sobre Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da estatal que, apoiado por PT, PMDB e PP, tornou-se protagonista de um escândalo que mistura propinas e caixa dois.
Nada sobre as patrióticas indicações feitas por Renan Calheiros para a Petrobras —entre elas a do ex-parlamentar Sérgio Machado, no comando da Transpetro há 11 anos, desde 2003. Nenhuma menção à ruinosa compra de Pasadena —aquela que Dilma Rousseff disse em nota que jamais teria avalizado não fosse pelo parecer “falho” do agora ex-diretor Nestor Cerveró, um chapa do PT e do PMDB.
A convocatória do protesto faz menção à defesa de “uma gestão 100% estatal e pública para a Petrobras.” Nem sinal de Lula e Dilma, sob cujas gestões a estatal foi levada ao balcão e rateada entre os partidos. O texto que o sindicato dos ‘jornalistas’ difundiu prefere mirar noutros alvos: “o ato alertará a população para as reais intenções da mídia e dos políticos nesta campanha contra a empresa.”
Se Cristo voltasse à Terra e intimasse o Sindicato dos ‘Jornalistas’ de São Paulo a optar entre os malfeitores da Petrobras e os repórteres que os denunciam, a casa sindical apravaria em assembleia: “Abaixo a mídia golpista, morra o reportariado.” E, com isso, ficaria claro para todos: se os sindicatos fossem feitos à base de lógica, faltaria matéria prima.
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