terça-feira, 18 de março de 2014

Escândalo que moveu R$ 10 bilhões com lavagem de roubo em fundos de pensão apavora a petralhada


terça-feira, 18 de março de 2014


Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net






Uma movimentação ilegal de R$ 10 bilhões – o mais recente escândalo investigado pela Polícia Federal na República Sindicalista do Brasil – assusta a petralhada e comprova que o mensalão julgado pelo Supremo Tribunal Federal teve a dimensão de um roubo de galinha. Não por coincidência, um ilustre condenado a penas alternativas na Ação Penal 470 agora figura entre as 24 pessoas agora suspeitas de desvio de dinheiro público, tráfico de drogas, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, e formação de quadrilha.

Nos meios policiais e no submundo da politicagem, comenta-se que o novo escândalo é uma pronta resposta à absolvição por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro no STF. A petralhada ficou particularmente apavorada com a prisão de Enivaldo Quadrado, ex-sócio da corretora Bônus-Banval. A operação “Lava Jato”, que é um desdobramento da Operação Miqueias, comprovou que existe ainda muita coisa podre por trás do esquema de desvios de dinheiro dos fundos de pensão de servidores públicos municipais e estaduais.

O escândalo bate na portinha do Palácio do Planalto. Até porque, em 20 de setembro de 2013, a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República se viu forçada a exonerar um assessor da subchefia de Assuntos Federativos (SAF), investigado pela Polícia Federal na operação que apurou o desvio de R$ 50 milhões de fundos de pensão de prefeituras e governos estaduais. Idaílson José Vilas Boas Macedo foi suspeito de ser lobista do esquema e teria feito negociações no Palácio do Planalto. Acusado de tráfico de influência e formação de quadrilha, Idaílson trabalhava na SRI desde março de 2012 e recebia R$ 9.682,03, conforme dados do Portal da Transparência da Controladoria Geral da União (CGU).

O STF será acionado a decidir se abre ou não inquérito para aprofundar apuração sobre o braço político da organização, a partir de parecer do Ministério Público. Isto porque gravações telefônicas legais lançaram suspeitas sobre três parlamentares. Os deputados Waldir Maranhão (PP-MA), Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Eduardo Gomes (PSDB-TO) foram apontados pela PF por terem ligações com a organização do doleiro Fayed Traboulsi. Um senador – cujo nome é mantido em sigilo – também teria relação com o esquema. O grupo do doleiro é suspeito também de movimentar pelo menos R$ 300 milhões nos últimos anos, em lavagem de dinheiro de origem criminosa.

O caso mexeu com o Congresso – em plena crise do PMDB com o governo petista. O presidente do Senado, Renan Calheiros, foi forçado a demitir ontem uma servidora nomeada em ato secreto do então presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), em 17 março de 2009. Flávia Peralta de Carvalho, que ocupava cargo comissionado de assistente parlamentar de imprensa.

Flávia foi orientada a contratar advogado para processar quem fizer denúncias infundadas contra ela. O nome dela aparece no contrato social das empresas SCIA Comércio e Atacadista, Varejista, Exportação de Vidros, Espelhos, Vitrais e Molduras, Silo Sistemas Construtora e Incorporadora e Investimentos Imobiliários, Arte Verde Cerimonial e Ambientação e Acácia Cerimonial e Ambientação. Flávia seria sócia do pai, Flávio Júnior Carvalho, o Crente, apontado pelos promotores do caso como um dos principais cúmplices do doleiro Fayed e do policial Marcelo Toledo.

O chefe de comunicação da Polícia Federal no Paraná, delegado Paulo Gomes da Silva, revelou o tamanho da quadrilha e sua dimensão nas entranhas dos podres poderes do Capimunismo Tupiniquim: “Esse grupo de pessoas investigadas, além de envolver alguns dos principais personagens do mercado clandestino de câmbio do Brasil, é responsável também pela movimentação financeira e lavagem de ativos de pessoas físicas e jurídicas envolvidas com diversos crimes, como tráfico internacional de drogas, corrupção de agentes públicos, sonegação fiscal, contrabando de pedras preciosas, desvio de recursos públicos, entre outros que serão agora objeto de investigação”.

Agentes da Polícia Federal apreenderam ontem R$ 5 milhões em dinheiro, 25 carros, avaliados em mais de R$ 100 mil cada, joias e obras de arte. Segundo o delegado Gomes da Silva, o grupo tinha ramificações entre o poder de estado e empresarial: “São pessoas que, por meio da compra e venda de grandes quantias em dólares, faziam a lavagem desse dinheiro de diversas maneiras, inclusive criando empresas fictícias no Brasil e no exterior, fazendo compras fictícias e encaminhando esse dinheiro para fora do país”.

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