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Artigo publicado em O Estado de S. Paulo de 23/6/2014
Volta
à cena o discurso do ódio. Já não é plantação, é colheita. Nenhum ódio
tem sido desprezado pelo partido do “nós” contra “eles”, este que
patrocina o exército de apedrejadores profissionais que patrulha a
internet.
Está morto o Brasil em que Gilberto Freyre viveu e há muitos
outros ódios no forno. Mas o ódio por trás de todos os outros; o ódio
cujo nome o PT que sobrou não ousa mencionar é o ódio ao merecimento.
Há uma boa razão para isso.
O PT não é causa, o PT é consequência. Essa corrupção toda não está no ponto de chegada, está no ponto de partida.
O
que é essa “expertise” em se apropriar das bandeiras alheias e
perverte-las para sustentar a Contra Revolução em nome da Revolução
senão o velho expediente “corporativista” que Portugal inventou lá atrás
para “fazer a revolução antes que o povo a fizesse” e, assim, abortar a
da igualdade perante a lei, da meritocracia e dos representantes
submetidos aos representados que vinha derrubando monarquia atrás de
monarquia pela Europa afora?
O
PT que sobrou é o resultado dessa receita na versão retemperada por
Getúlio Vargas apud Benito Mussolini e Juan Domingo Perón. O produto do
sindicalismo pelego que saltou do papel de “coadjuvante assalariado”
para o de dono do cofre e do Poder, ele próprio.
Essa evolução de “subornado” para “subornante” a que nós todos assistimos não foi apenas natural, portanto, era inevitável.
A receita não poderia resultar em coisa muito diferente.
Junte
meia dúzia de "companheiros" dispostos a tudo e funde um sindicato sem
trabalhadores associados que o governo vai lhe dar uma teta eterna no
grande úbere do imposto sindical. Trate, daí por diante, apenas de não perdê-la nas “eleições” por aclamação desse seu sindicatozinho do nada. É
a primeira etapa do curso. Use dinheiro, use intimidação, use a
imaginação: vale tudo nesse jogo sem juiz.
Como
força auxiliar dessa “forja de lideranças”, monte uma justiça paralela e
diga a todo sujeito que trabalhou para alguém um dia que contrato,
neste país, não vale nada: se ele mentir, inventar e trair, e se cabalar
quem se preste a coadjuvá-lo nessa milonga depois de finda a relação,
ganha um monte de dinheiro no mole.
“Seja
desonesto que o governo garante!”, é a mensagem que desce do Olimpo.
Essa sempre próspera indústria custou R$ 51 bi aos empregadores
brasileiros só no ano passado.
Repita
a mesma receita para a criação de partidos do nada. Adicione ao
dinheiro do Fundo Partidário o tempo de TV negociável no mercado "spot"
da governabilidade e você estará selecionando a “elite” dos mais sem
limites entre os que não se põem limites para disputar esse tipo de
“liderança”.
Cubra
tudo com uma categoria de brasileiros “especiais” que, uma vez tocados
pela mão que loteia o Estado nunca mais perde o emprego, nem que não
trabalhe, nem que seja pego roubando.
Decore
com elementos da pornografia comportamental – essa em que todo mundo
trai todo mundo dentro e fora da família; os filhos às mães e estas a
eles e daí para baixo tudo, e “Tudo bem! Ai de quem disser o contrário!”
– em que todo brasileirinho e toda brasileirinha é sistematicamente
treinado pela televisão desde o nascimento.
Está pronto! “Reserve” e deixe fermentar.
Que
tipo de país pode resultar dessa mistura? Este cuja festa nacional
evoluiu da ingênua “pátria em chuteiras” de ha pouco para esta Copa da
corrupção com 57 mil soldados do Exército nas ruas para garantir a paz
que não há, um para cada brasileiro assassinado no ano passado?
Não é um palpite absurdo...
Enquanto
procura a resposta sobre se “é a arte que imita a vida ou a vida que
imita a arte”, vá se perguntando que argumento tem uma mãe da favela
para convencer seu filho a não entrar para o tráfico e continuar
estudando nas nossas escolas publicas porque este é o pais onde quem se
esforça vai pra frente!
Esse
é o único jeito de jogar o jogo do poder que o PT entende; aquele em
que o partido nasceu e foi criado. Eventualmente “lá”, até por falta de
qualquer outro tipo de repertório, é inevitavelmente mais do mesmo que o
carregou até ali que o partido fará para manter o que conquistou.
Mas
as contas, agora, são outras. Será preciso comprar 50% + 1 de todas as
lealdades o que pode custar a destruição da economia. Para que essa
relação de causa e efeito não seja percebida será necessário falsificar
as contas nacionais. A confiança do investidor será, porém, a primeira
vítima.
E então o dilema se apresentará: para que os investimentos voltem será preciso admitir a verdade; mas para admitir a verdade será preciso admitir que se estava mentindo antes.
Como, então, manter “aprovada” a farsa exposta senão substituindo a regra de maioria pela do “onguismo pelêgo”? A lei terá de passar a ser feita na rua; no porrete. Mas isso só será possível se o jornalismo livre for substituído por um “jornalismo” também “pelêgo”...
E então o dilema se apresentará: para que os investimentos voltem será preciso admitir a verdade; mas para admitir a verdade será preciso admitir que se estava mentindo antes.
Como, então, manter “aprovada” a farsa exposta senão substituindo a regra de maioria pela do “onguismo pelêgo”? A lei terá de passar a ser feita na rua; no porrete. Mas isso só será possível se o jornalismo livre for substituído por um “jornalismo” também “pelêgo”...
Não
é, portanto, uma questão de ideologia ou de coerência – e quem se
importa com elas? – a progressão da anti-utopia pelêga do lulopetismo. É
um imperativo de sobrevivência.
Há
um Brasil submetido à meritocracia – senão por outra razão porque a
internacionalização do jogo econômico o impõe implacavelmente – no qual
educação é a única medida do merecimento, e há um Brasil que, a um preço
cada vez mais proibitivo para o outro, só subsiste se conseguir
mante-la longe dele.
Esses dois Brasis são mutuamente excludentes na nova realidade globalizada. A opção hoje está em entrar nele pelo mérito ou sair do mundo e viver bolivarianamente à margem dele.
Esses dois Brasis são mutuamente excludentes na nova realidade globalizada. A opção hoje está em entrar nele pelo mérito ou sair do mundo e viver bolivarianamente à margem dele.
Pense
nisso antes de decidir qual das alternativas de caminho postas à sua
frente conduz ao beco sem saída do ódio e qual a que, com todas as
dificuldades que houver, deixa aberta a porta da esperança. Sua escolha
vai decidir o destino de toda uma geração.
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