terça-feira, 24 de junho de 2014

Brasil cai para 5ª posição em entrada de investimento estrangeiro

24/06/2014 14h19 - Atualizado em 24/06/2014 15h25


País recebeu US$ 64 bilhões em 2013 ante US$ 65,3 bi no ano anterior.
Em 2012, país tinha terminado na 4ª posição no balanço da Unctad/ONU.

 Do G1, em São Paulo
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Ranking de investimento estrangeiro Sobeet (Foto: G1)
O Brasil caiu da 4ª para a 5ª posição no ranking de ingresso de investimentos estrangeiros diretos (IED), segundo relatório da agência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), divulgado nesta terça-feira (24) no país pela Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet).

Segundo o relatório, o Brasil recebeu US$ 64 bilhões em 2013 ante um total de US$ 65,3 bilhões que entrarm no país em 2012. É a primeira queda em valor desde 2009.

Com o recuo, a participação do país no volume movimentado no mundo passou de 4,9% em 2012 para 4,4% em 2013.

Esse fluxo de capital é considerado pelos economistas como o melhor tipo de investimento, já que esse dinheiro vem do exterior para a construção de fábricas, infraestrutura, empréstimos internos feitos por multinacionais e fusões e aquisições de empresas.

A liderança do ranking continua dos Estados Unidos, que recebeu no ano passado US$ 187,5 bilhões em IED, superando os US$ 167,6 bilhões de 2012. Em segundo lugar ficou a China, com US$ 123,9 bilhões.


O destaque do ano foi a Rússia, que saltou da 8ª posição, para a terceira, tendo recebido um total de US$ 79,3 bilhões.

Hong Kong permaneceu à frente do Brasil, com um total de US$ 76,7 bilhões em IED.

Para 2014, a Sobeet projeta que o volume de recursos em investimento estrangeiro no Brasil voltará a cair, ficando em torno de US$ 60 bilhões. Já a participação do país no volume movimentado no mundo deverá cair para 3,8%.

Dados divulgados nesta terça-feira pelo Banco Central brasileiro mostram que, de janeiro a maio, os investimentos estrangeiros diretos somaram US$ 25,34 bilhões contra US$ 22,85 bilhões nos cinco primeiros meses de 2013. A previsão da instituição, para todo este ano, permaneceu em US$ 63 bilhões.


Brasil tende a perder mais posições
Na análise dos economistas da Sobeet, o Brasil tende a cair mais posições em 2014 e nos próximos anos. “O Brasil perde fôlego e na ausência de reformas e de novos impulsos à produtividade e à inovação, tende a continuar perdendo posições”, avaliou o presidente da Sobeet, Luís Afonso Lima, citando ainda o baixo crescimento e o número tímido de acordos comerciais bilaterais. Ele projeta que o país poderá fechar o ano na 9ª posição do ranking.

Segundo o economista, o volume de IED no Brasil atingiu o ápice nos últimos anos, impulsionado pelo boom de commodities e otimismo com o país. “O ciclo de crescimento do país precisa ser redefinido a partir de um modelo com menos consumo e mais exportação infraestrutura”, afirma Lima.

Apesar da queda do Brasil no ranking, uma pesquisa feita pela Unctad com 164 grandes companhias coloca o país como o 5º principal destino no radar das intenções de investimento para os próximos 2 anos, atrás apenas de China, EUA, Indonésia e Índia.

“O Brasil não saiu do foco dos investidores estrangeiros. Pode não ser mais a bola da vez, mas com certeza continua uma bola importante”, diz o presidente da Sobbet.

O cenário mundial também aponta para maiores dificuldades para atração de investimentos para os países em desenvolvimento. As projeções da Unctad sinalizam que já em 2014 as nações mais ricas já voltarão a ficar com cerca de 50% do fluxo de IED, após 3 anos com fatia abaixo das dos países em desenvolvimento.


Investimento no mundo
O fluxo total de IED movimentado no mundo cresceu 9% em 2013, para US$ 1,45 trilhão, recuperando parte da queda do ano anterior, mas ainda abaixo dos US$ 1,7 trilhão registrados em 2011.

O relatório da Unctad afirma que o resultado deve ser visto com “otimismo com cautela”, uma vez que o volume ainda permanece abaixo do de 2006.

A participação dos países em desenvolvimento no fluxo global de IED também recuou em 2013, de 54,8% para 53,6%. Já a fatia das economias desenvolvidas avançou de 38,8% para 39%. Já o volume de recursos recebidos pelo grupo dos países do chamado BRIC cresceu de 19,6% para 20,3%, puxado principalmente por Rússia.


A Sobeet destacou que dos 20 primeiros colocados no ranking de atração de investimentos, 10 são emergentes.

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