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Em São Paulo, a mega metrópole de 10 milhões de habitantes cujo Plano Diretor está sendo desenhado com o objetivo precípuo de consolidar as cinco últimas invasões do MTST, o ensaio do Brasil para o Inferno prossegue livre, leve e solto. Quinta-feira, dia de jogão da Copa no Itaquerão, aquela meia dúzia de sempre manteve a cidade bloqueada por quase cinco horas ininterruptas, promovendo depredações selvagens a gosto, sem que ninguém os perturbasse.
O séquito de repórteres e cinegrafistas acompanhando a turba era quase tão numerosa quanto ela de modo que a multidão pacífica pode observar em detalhe durante toda a metade de um dia, de dentro de suas casas, o que é que vem vindo por aí. Quem insiste em trabalhar, em ir e vir pelas ruas para buscar a vida, então, esses são os alvos prioritários.
Não passarão!
E
se estiverem carregando bandeiras verdes e amarelas, então, pau neles!
Só as vermelhas ou as negras são admitidas. Só a violência -- com ou sem
"causa" -- tem salvo-conduto.
Passadas quase cinco horas de livre exercício de selvageria a PM se deu o incômodo de apagar incêndios, juntar cacos e ir desbloquear esta ou aquela avenida barricada. Houve duas ou tres prisões e, mesmo com tão poucas, foram apreendidos socos-ingleses, facas e o resto dos instrumentos do costume. O tipo de "equipamento" atesta a boa formação moral dos seus portadores.
Passadas quase cinco horas de livre exercício de selvageria a PM se deu o incômodo de apagar incêndios, juntar cacos e ir desbloquear esta ou aquela avenida barricada. Houve duas ou tres prisões e, mesmo com tão poucas, foram apreendidos socos-ingleses, facas e o resto dos instrumentos do costume. O tipo de "equipamento" atesta a boa formação moral dos seus portadores.
O comandante da PM de São Paulo, não obstante, explicou aos contribuintes que "assinou um termo de compromisso com 'as lideranças' dos 'manifestantes' comprometendo-se a não incomodá-los" nem mesmo com uma supervisão direta.
E
porque não, afinal? Não são eles os mesmos que a presidente da
Republica convoca volta e meia para sentar-se à mesa do poder em rodas
de conversas amenas depois de badernas até maiores que as desse dia? Não
são eles os mesmos a quem o mais recente decreto de sua excelência
determina que seja entregue a co-governança da Nação passando por cima
dos poderes Legislativo e Judiciário?
No meio deles esgueiram-se os mascarados de sempre, à procura de um cadaver. Não vai demorar que o produzam. Será o primeiro de muitos porque, como o mundo nos prova todos os dias e a quinta-feira passada confirmou mais uma vez, a civilização não é muito mais que a presença da polícia e nós já alcançamos o estágio em que os comandantes da polícia é que dão a ordem para que ela se faça ausente, seguindo, por sua vez, as ordens dos comandantes dos comandantes da polícia.
Isso acaba mal! Acaba muito mal!
Não custa repetir aquilo que a humanidade já sabe desde a Bíblia: a coisa mais fácil do mundo é abrir as portas do Inferno; e a mais difícil, é cercar todos os diabos fugidos, tocá-los de novo lá pra baixo e trancá-la outra vez.
Será que teremos mesmo de ser os próximos a reconfirmar o que desde sempre se sabe? A sociedade brasileira terá mesmo perdido a energia que se requer para impedir que seja ela a próxima a se auto-imolar?
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