terça-feira, 24 de junho de 2014

Sarney, a última raposa--Cristina Lôbo

por Cristiana Lôbo
 
Há 59 anos na política, o senador José Sarney (PMDB-AP) retornou do Amapá nesta segunda-feira (23) decidido a se aposentar da vida pública e não disputar a reeleição para o Senado em outubro. A decisão de "pendurar as chuteiras políticas" foi comunicada à presidente Dilma Rousseff nesta segunda, durante uma carona de Sarney no avião da Presidência da República, retornando da capital do Amapá para Brasília.


Ele justificou à petista que iria se aposentar em razão de problemas de saúde de sua mulher, a ex-primeira-dama Marly Sarney. Nos bastidores, no entanto, ele confidenciou a aliados que está com receio de sofrer uma derrota nas urnas.


Há três meses, o ex-presidente da República já havia manifestado a aliados que havia desistido de tentar mais um mandato no Senado. Porém, no último mês, ele começou a se movimentar na direção contrária, tentado pavimentar a candidatura.


No passado, Sarney já falou várias vezes sobre o desejo de encerrar a longeva carreira política, mas sempre acabou recuando na última hora. A diferença desta vez, segundo interlocutores do senador, é que ele estaria avaliando que teria dificuldades de obter os votos necessários para se reeleger.


Durante a cerimônia de inauguração de um conjunto habitacional em Macapá (AP), nesta segunda, Sarney foi vaiado toda vez que seu nome era mencionado no sistema de som do evento. A solenidade também contou com a presença de Dilma.


Segundo a assessoria do senador do PMDB, ele não vai emitir uma nota oficial para anunciar a decisão. A eventual saída de Sarney do cenário político encerra a dobradinha Sarney e Renan, que tem comandado o Senado desde 2003, quando Lula assumiu a chefia do Palácio do Planalto.

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