segunda-feira, 16 de junho de 2014

Protesto contra a Copa em Brasília tem 'apitaço' e jogo de futebol na rua


15/06/2014 12h03 - Atualizado em 15/06/2014 14h33


Arena do DF recebe primeira partida do Grupo E, entre Suíça e Equador.


Manifestantes foram impedidos de ultrapassar barreira a 1,5 km do Mané.

  G1 DF
Integrantes do Sindicato dos Trabalhadores Federais da Educação Básica, Técnica e Tecnológica fazem ato de  (Foto: Isabella Formiga / G1 DF)Integrantes do Sinasefe se uniram a manifestantes contrários à Copa para fazer "apitaço" e tentar marchar em direção ao Estádio Nacional de Brasília 
 
Dezenas de manifestantes contrários à realização da Copa do Mundo promoveram neste domingo (15) um "apitaço" e uma "partida de futebol de brincadeira" em uma das principais avenidas de Brasília. 

O grupo formado por integrantes de movimentos populares e sindicalistas chegou a marchar pelo Eixo Monumental durante o primeiro jogo do Mundial no Estádio Nacional de Brasília, mas retornou ao ponto de partida após encontrar uma barreira policial. 

A manifestação durou cerca de duas horas.
Manifestantes ironizam a Copa do Mundo jogando uma pelada diante de barreira policial próxima ao estádio Mané Garrincha, em Brasília (Foto: Fábio Amato / G1) 
 
Manifestantes ironizam a Copa jogando uma 'pelada'diante de barreira policial próxima ao estádio Mané Garrincha, em Brasília 
 
Na concentração do protesto, na Rodoviária do Plano Piloto, os organizadores estenderam faixas e ergueram cartazes com mensagens contra o evento esportivo escritas em português, inglês e espanhol. 


Uma delas ironizava o Mundial, dando boas-vindas aos torcedores à "Copa das Manifestações". Em outra mensagem estava escrito "Dilma, escuta, na Copa vai ter luta".

Sem entrar em confronto com os manifestantes, a Polícia Militar retirou uma faixa que havia sido pregada na plataforma superior da rodoviária. 


De acordo com a PM, 150 manifestantes participaram do ato.


Em seguida, marcharam pelo Eixo Monumental, que reúne os principais prédios administrativos de Brasília, em direção ao estádio da Copa. 


Os manifestantes, no entanto, foram impedidos por uma barreira policial de ingressar na área definida como perímetro da Fifa, em um raio de três quilômetros a partir da arena.


Policiais militares do DF impedem acesso de manifestantes ao perímetro definido como área de segurança do estádio Mané Garrincha (Foto: Fábio Amato / G1) 
 
Policiais do DF impedem acesso de manifestantes ao perímetro definido como área de segurança do estádio Mané Garrincha
 
 
A Polícia Militar formou três cordões de contenção para barrar o acesso dos manifestantes às proximidades do estádio Mané Garrincha. Duas delas eram compostas por membros da cavalaria.


Sem autorização para se aproximar do estádio, o grupo decidiu ironizar o evento esportivo com uma partida de futebol em plena avenida. Parte dos manifestantes usou galões de água mineral para definir traves de brincadeira e jogar uma "pelada" diante da barreira de policiais.


Um dos líderes do movimento Copa pra Quem?, Thiago Ávila disse ao G1 que o ato promovido neste domingo em Brasília é pacífico e tem como objetivo incentivar as pessoas a voltarem às ruas para protestar.


"A gente vê que a população apoia nossos atos, mas está com medo de vir para a rua por causa da repressão", destacou Ávila.


"Nosso problema não é com a Copa em si. Não temos nada contra o futebol. Nosso problema é com o modelo de desenvolvimento que exclui e segrega e torna insustentável a vida da maioria da populacao", complementou.


Manifestantes protestam em Brasília contra a Copa do Mundo (Foto: Isabella Formiga / G1) 
 
Manifestantes protestam em Brasília contra a Copa do Mundo 
 
 
Ávila ressaltou que o movimento do qual ele faz parte tem recebido apoio inclusive de estrangeiros. "É impressionante o apoio que a gente recebe da comunidade internacional e da imprensa internacional. As pessoas estão realmente abismadas com o que acontece no Brasil", enfatizou.


Impedidos de prosseguir em marcha até o Estádio Nacional, os manifestantes decidiram voltar para a Rodoviária do Plano Piloto. De volta ao local de concentração do protesto, os manifestantes fizeram batucadas e entoaram gritos de ordem contra a Fifa e contra o governo federal.


Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que o jogo no Mané Garrincha transcorreu em clima de tranquilidade. Não houve registro de ocorrências criminosas até as 13h40. A pasta conta com 3.448 homens para realizar a segurança na arena e nos arredores.
 

Reforço sindical
 
Em greve desde o dia 21 de abril, integrantes do Sindicato dos Trabalhadores Federais da Educação Básica, Técnica e Tecnológica (Sinasefe) se uniram aos manifestantes que se mobilizaram pela internet. 


De acordo com o Sinasefe, 161 instituições ligadas ao sindicato estão com as atividades paralisadas. O grupo reivindica a antecipação dos 5% de aumento previsto para 2015, 10% do PIB para educação pública e reestruturação das carreiras de técnicos e docentes.


O ato deste domingo em Brasília foi combinado por meio de redes sociais e é coordenado pelo Comitê Popular da Copa. A concentração começou por volta das 11h na escadaria da Rodoviária do Plano Piloto.


O acesso à região central de Brasília se deu exclusivamente por metrô e linhas autorizadas de ônibus, já que sete vias foram bloqueadas às 7h. Carros particulares também estão proibidos de circular no perímetro do estádio.


Encarregado pela operação, o secretário de Segurança do Distrito Federal, Paulo Roberto de Oliveira, afirmou que os protestos em Brasília serão barrados na altura da avenida W3, a cerca de 1,5 quilômetro do estádio Mané Garrincha.

 
O advogado paulista Diego Vega fez um protesto solitário na 701 Norte contra a realização da Copa do Mundo. (Foto: Ricardo Moreira / G1) 
 
Advogado paulista faz protesto solitário na 701 Norte


Protesto solitário
 
O advogado paulista Diego Vega decidiu fazer um protesto solitário na 701 Norte contra a realização do Mundial.


"Eu sou contra colocar os estádios em uma prioridade maior do que os hospitais, escolas. Eu acho que as pessoas têm que comemorar sim, a Copa é bem-vinda, mas a ordem de prioridade que está sendo colocada no país é que tem que ser contestada".

Vega disse que chegou ao local por volta das 9h deste domingo.


Manifestações em Brasília
 
A manifestação deste domingo é segunda promovida em Brasília desde que teve início a Copa do Mundo. 


O primeiro ato contra o Mundial ocorreu no primeiro dia do evento, quando cerca de 80 pessoas ocuparam o Pistão Norte, na cidade aministrativa de Taguatinga (a cerca de 25 quilômetros de Brasília) e tentaram se aproximar da área montada para a Fan Fest, no Taguaparque. 

O grupo chegou a dizer à Polícia Militar que largaria faixas e cartazes se fosse autorizado a panfletar nas proximidades da estrutura.


Não houve acordo entre as partes, e os manifestantes insistiram em tentar atravessar o cordão policial. Os PMs usaram spray de pimenta para contê-los. 


Três pessoas foram presas por desacato – uma delas estava mascarada e teve as vendas retiradas à força do rosto.



Para este domingo, não há previsão de manifestação nos arredores da festa organizada pela Fifa. 

A principal atração é o grupo de rock CPM 22, que entra no palco após a partida. 

Também haverá a transmissão de jogos nos telões e interação com o público, como concurso de embaixadinhas e disputa de pênaltis. As atividades acontecem até as 21h30.

Estádio Mané Garrincha
 
Suíça e Equador fazem a primeira disputa do Grupo E às 13h. A estreia das seleções e do próprio Mané Garrincha na competição acontece exatamente um ano após a abertura da Copa das Confederações, que teve Brasília como palco.


Em campo, duelam uma seleção que se classificou de forma invicta para o torneio e que tem como ídolo o meia suíço Shaqiri – que joga no Bayern de Munique – e os animados da “La Tri”, que foram recebidos na capital federal com gritos de "Sí, se puede" e pela funkeira MC Bandida. 


Os equatorianos têm inclusive sua versão de Neymar: o reserva Fidel Martínez é famoso por também ser magrelo e usar moicano tingido de loiro e chuteiras coloridas.


O jogo é o primeiro de uma lista de sete previstos para acontecer na capital do país. O próximo é entre Colômbia e Costa do Marfim, na quinta-feira (19). No dia 23, ainda dentro da primeira rodada, Brasil enfrenta Camarões.


O Estádio Nacional de Brasília substituiu o antigo Mané Garrincha e completou um ano em maio. A inauguração aconteceu com cinco meses de atraso e após dois adiamentos. O pontapé inicial foi dado pela presidente Dilma Rousseff, no gramado. Ele custou R$ 1,2 bilhão.


Diversas etapas da obra foram contestadas pelo Tribunal de Contas. Uma auditoria divulgada em março pelo órgão apontou sobrepreço de R$ 431 milhões na construção do estádio. O GDF nega haver irregularidades e diz que o resultado da análise é preliminar.


Além disso, na arena foi registrada a primeira das oito mortes em acidentes em obras para a Copa do Mundo: o operário piauiense José Afonço de Oliveira Rodrigues, de 21 anos, caiu de uma altura de 30 metros e não resistiu aos ferimentos.


Os custos e a suposta falta de segurança nas obras do Mané Garrincha também foram alvo de protesto. O penúltimo antes do Mundial também reuniu indígenas. Um cabo da cavalaria acabou atingido por uma flecha perto da virilha.


Manifestantes do movimento Copa para Quem promovem apitaço na Rodoviária do Plano Piloto (Foto: Isabella Formiga / G1)Manifestantes do movimento Copa para quem se concentraram na Rodoviária do Plano Piloto
 

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