Governo investiu 10 milhões de reais para preparar o Comando de Operações Táticas, que só agirá na Copa do Mundo se tudo der errado.
Se nesta Copa um único tiro for disparado pelo Comando de Operações
Táticas (COT) é sinal de que todas as outras forças de segurança
falharam. A tropa de elite da Polícia Federal foi criada em 1987 para
combater o terrorismo, mas poderá agir no Mundial em praticamente
qualquer situação – mas apenas como último recurso. ...
Com uma média de 110 operações por ano, o COT é formado por menos de
100 policiais treinados à exaustão para atuar em situações que vão do
desarme de bombas e resgate de reféns até assalto a bancos, prisão de
traficantes internacionais e operações de reintegração de terras
indígenas (como prova do seu currículo diversificado, o COT registra
ainda a solução de três sequestros de aeronaves).
Relatórios obtidos por VEJA mostram que o governo federal gastou mais
de 10 milhões de reais para armar o grupo para o Mundial. Hoje, o COT é a
única tropa brasileira a operar com o calibre 338, mais estável e capaz
de parar um veículo com um único tiro.
Seus policiais estão capacitados
para atingir uma bola em campo, por exemplo, posicionados a uma
distância de até 1 000 metros, o equivalente a dez campos de futebol no
padrão da Fifa.
Durante a preparação para a Copa, o COT considerou o pior cenário: o da
ocorrência de atentados terroristas. O treinamento dos policiais
incluiu simulações de episódios como os dos ataques a ônibus e estações
de metrô em Londres e Madrid e o massacre na escola de Beslan, na
Rússia.
As técnicas usadas na captura de Osama Bin Laden pelo Seal Team
Six da Marinha norte-americana também foram estudadas. Mas a maior
preocupação do grupo é com atos simultâneos e coordenados. Ações como
essas são impossíveis de prever e a reação policial é determinante na
redução de danos, segundo especialistas em segurança.
Espalhados pelas 12 cidades-sede, os policiais do COT estão preparados
para atuar em todo território nacional e chegar a qualquer ponto do país
em até três horas.
Nos últimos seis meses, o grupo realizou missões de
reconhecimento em hotéis, aeroportos, portos, estádios e estações de
metrô. As equipes esquadrinharam cada centímetro desses locais para
armazenar dados como: planta baixa dos edifícios, localização de canos
de gás, rotas de fuga e invasão.
Para candidatar-se a um lugar no COT, basta pertencer aos quadros da
Polícia Federal e se dispor a passar por um curso de 18 semanas. Nele,
os candidatos recebem um número, um uniforme e têm cabeça raspada. São
levados a LINs (sigla para “local incerto e não identificado”), onde
passam por treinamentos de operações aéreas, anfíbias, ribeirinhas e
aprendem técnicas para pilotar e parar um trem, por exemplo.
A privação
de sono e de alimentação faz parte do treinamento. Mais da metade dos
candidatos não chega ao fim do curso.
Fonte: Revista Veja - 15/06/2014 - - 21:56:24
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