| 12 Junho 2014
Artigos - Governo do PT
Artigos - Governo do PT
Inicia-se,
neste dia 12 de junho, a Copa do Mundo. Realizada no Brasil –
corriqueiramente designado país do futebol – a Copa deveria comportar,
naturalmente, uma euforia contagiante.
Entretanto,
os sentimentos são contraditórios entre os brasileiros. Junto a uma
natural alegria e expectativa, a população parece ao mesmo tempo envolta
por certa perplexidade, motivo pelo qual, até agora, não são muitas as
bandeiras e as manifestações exteriores que habitualmente marcam o
ambiente pré-Copa, tanto mais sendo esta realizada em território
nacional.
Da apoteose ao pesadelo
Muito
se tem dito e escrito a respeito desta Copa do Mundo e não é minha
intenção debruçar-me aqui sobre temas já muito batidos, como, por
exemplo, os inexplicáveis e faraônicos gastos envolvidos na preparação
da mesma.
Gostaria
apenas de fazer uma reflexão e tentar apontar o motivo pelo qual, para o
PT – mais precisamente para Dilma e seu mentor, o ex-presidente Lula – a
grande e anunciada apoteose da Copa se tornou um verdadeiro pesadelo.
Pesadelo,
sim. Ou será por acaso que, neste momento, quem tenta de todos os modos
convulsionar o ambiente da Copa do Mundo, com greves abusivas, com
invasões de terrenos urbanos, com mobilizações de índios (reais ou
fictícios), com queima de ônibus, são precisamente os “movimentos
sociais”, os sindicatos e os grupelhos (estilo black blocs) incentivados
e financiados pelo governo petista?
São
eles que tentam mergulhar o País num clima de apreensão, de angústia e
de incerteza, estragando a própria festa do futebol e denegrindo a
imagem do Brasil no Exterior.
Recordar é viver
Ensina o velho provérbio português que “recordar é viver”. Permitam-me, pois, recordar algumas circunstâncias prévias à realização desta Copa.
Voltemos
ao final de outubro do ano de 2007. Num clima de euforia, a imprensa
anunciava aos quatro ventos: “a Copa do Mundo é nossa”! Todos os vinte
membros do Comitê Executivo da Fifa tinham votado a favor da candidatura
do Brasil.
Ao
anunciar a sede de 2014, Joseph Blatter salientara que o país que
produziu os melhores jogadores do planeta teria o direito agora de
sediar a Copa do Mundo.
Luís
Inácio Lula da Silva, então Presidente, encabeçava a delegação
brasileira presente na sede da Fifa, em Zurique. Após receber a taça da
Copa do Mundo das mãos de Blatter, Lula afirmara, num tom de
indisfarçável ufanismo, que o Brasil realizaria uma das maiores Copas de
toda a história.
A euforia se espalhava e tudo parecia encaixar-se, como uma luva, no plano político de Lula.
Rumo ao terceiro mandato
Pela inoperância e condescendência de considerável parte da chamada oposição, Lula conseguira livrar-se do escândalo do mensalão, e ser reeleito em 2006.
Estava,
pois, no seu segundo mandato: a situação econômica era estável, devido,
entre outras razões, a uma bonança externa, e a uma alta taxa de juros
que atraía grandes fluxos de capitais especulativos; o dólar baixava, o
risco Brasil caía.
De
outro lado, o PT acentuava o aparelhamento do Estado e a política
externa era cada vez mais submissa aos interesses ideológicos dos países
bolivarianos, com a Venezuela de Chávez à cabeça.
Pouco
tempo antes da escolha da Fifa, começavam os primeiros rumores e
manobras políticas para um terceiro mandato de Lula, que abordei em meu
blog mais de uma vez. Havia até acenos petistas para uma reforma
constitucional. A possibilidade do terceiro mandato acenava, a longo
prazo, para uma vitaliciedade de Lula no poder, ao estilo de Hugo
Chávez.
A
Copa do Mundo estava, pois, calculada para ser um grande evento, de
repercussão mundial, que consagrasse a permanência no poder do caudilho
petista.
Tudo
seria grandioso. Haveria investimentos em infra-estrutura, estádios
faraônicos, o famoso trem-bala e até mesmo o jogo inaugural da Copa
teria seu significado mais profundo nesta apoteose lulo-petista. A
abertura da Copa do Mundo, no Itaquerão, fazia parte, a meu ver, do
ufanismo que seria criado em torno da imagem de Lula, o “pai dos
pobres”, o qual, segundo as lendas farta e generosamente divulgadas pela
mídia internacional, resgatara milhões de excluídos das periferias, com
seus programas sociais.
Percalços do lulo-petismo
Entretanto, os planos lulo-petistas desandaram. As tentativas do então presidente Lula de um terceiro mandato esbarraram na resistência ponderável de setores importantes da sociedade. E Lula teve de contentar-se com o “poste”, como ele mesmo chegou a designar a então candidata à presidência, Dilma Rousseff.
A
postura da oposição, sempre sofrível e condescendente, viabilizou um
terceiro mandato do PT. Muitos ingênuos ou mal-intencionados elogiavam a
presidente eleita como “gerentona”, a mulher que faria uma devassa na
corrupção, e que ao mesmo tempo – se me permitem o neologismo –
desideologizaria a diplomacia, a política interna, econômica, etc.
Mas
Lula continuava a dar as cartas. O projeto intervencionista e estatista
foi-se configurando, cada vez mais. E os tiques bolivarianos,
acentuando-se.
A Copa do Mundo, como grande espetáculo do lulo-petismo, começava a periclitar.
Manifestações de junho
As manifestações de junho do ano passado vieram mudar definitivamente o panorama político do País. Como tive oportunidade de expor, em palestra proferida em Fortaleza, o movimento que dera início às manifestações, dirigido por grupelhos de esquerda – como o Passe Livre – mancomunados com o governo, pretendia dar um golpe nas instituições e na Constituição, e instaurar a “democracia das ruas”. O próprio discurso da presidente, na época, e suas manobras políticas na tentativa de uma Constituinte específica para a reforma política, desvelavam essa intenção.
Mas
o movimento inicial foi ultrapassado por um transbordar de mal estar –
até então silencioso e difuso – que levou às ruas de todo o Brasil
milhões de pessoas, num inequívoco sinal do desgaste do projeto político
do PT, em amplas camadas da população.
Desde
então, esse desgaste não fez senão aumentar e, a realização da Copa do
Mundo se dá, precisamente, no momento em que o mesmo chega a seu auge.
A
Presidente, em suas andanças pelo País, na campanha eleitoral
antecipada, recebe vaias por toda a parte e de todo o tipo de público; o
“Fora Dilma e leve o PT junto” se tornou recorrente.
Apesar
de quererem ver a Seleção brasileira vitoriosa, muitos se sentem
envergonhados por todas as manobras de baixa política e pela gastança a
que a Copa deu azo; e outros chegam até a torcer contra, para que o
governo petista seja prejudicado.
A Copa não é mais deles!
É por este motivo que a grande e anunciada apoteose da Copa do Mundo, em favor do lulo-petismo, se transformou num pesadelo. Lula que sonhara com aclamações pessoais e de seu projeto político, assistirá aos jogos em casa. Dilma Rousseff, que contava com a Copa do Mundo como passo para sua reeleição, receosa de uma vaia no Estádio na cerimônia de abertura, antecipou seu discurso, fazendo-o em cadeia nacional de rádio e televisão, tentando defender seu governo, com uma série de imprecisões e falsidades, logo desmascaradas pela mídia.
É
por este motivo que a máquina lulo-petista põe sua tropa de choque
(sindicatos, movimentos sociais, etc.) para tentar tumultuar o evento de
todas as formas.
É por este motivo também que a Copa não é mais deles!
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