Ai, que preguiça!
Segundo
levantamento feito pelo Datafolha 68% dos brasileiros rejeitam um
técnico estrangeiro para a Seleção. Só 23% dizem preferir essa
alternativa, e 9% não souberam opinar. Por que será? Não faço ideia.
É
bem possível que, caso se indague se as pessoas preferem que a telefonia
fique nas mãos de empresas privadas ou de uma empresa pública, esta
ganhe de lavada. O mais interessante é que já foi assim, no tempo em que
telefone era coisa de rico. Hoje, há mais celulares do que brasileiros,
e a tontice nacional ainda continua a falar de “privataria”. Fazer o
quê?
Técnico
nacional por quê? Tite, diz o Datafolha, que ouviu 5.377 pessoas em 233
municípios, surge como o nome preferido, com 24% das menções. Depois,
vem Zico, com 19%, seguido por Muricy Ramalho, com 14%, e Carlos Alberto
Parreira e Vanderlei Luxemburgo, com 6%. Com todo o respeito, é um
quadro desolador.
Pois é…
Pensemos bem: não fosse Tite, seria quem? Os que gostam do esporte digam
aí um nome que tenha feito algo de interessante no futebol brasileiro
nos últimos tempos.
Temos jogadores com experiência internacional e
técnicos formados quase em campinho, não é mesmo? Não! Não estou
comparando o desempenho dos atletas na Seleção àquele que exibem nos
seus clubes — o Messi do Barcelona é melhor do que o da equipe argentina
pela simples razão de que o Barcelona é, de fato, uma equipe, e o grupo
que vestiu a camisa dos “hermanos” é só um ajuntamento de pessoas. O
mesmo vale para o time brasileiro. Não custa lembrar: Neymar, o nosso
craque, não é titular absoluto no Barcelona.
O ponto é
outro. Qual é a qualidade das informações de que dispõem os técnicos
brasileiros sobre o que vai mundo afora? Será que Felipão estava mesmo
preparado para enfrentar uma Alemanha que põe em campo craques que sabem
tocar a bola, não mais tanques de guerra, que jogavam aquela coisa que
até parecia futebol — e com bastante eficiência, mesmo assim? A Seleção
Alemã chegou a oito finais (é recorde) e venceu quatro.
Um técnico
tem de ser mais do que um boleiro. Não! Eu não estou à procura de um
filósofo para a função. Tem de fazer o time jogar bem e de ter
compromisso com a vitória. Mas é evidente que precisamos de alguém capaz
de pensar o esporte de maneira mais ampla. Precisamos de alguém que
saiba cuidar também da, digamos, mentalidade. E, sinceramente, não vejo
ninguém no Brasil com essas características. A CBF chegou a discutir a
contratação de um estrangeiro, mas, consta, recuou. Depois dessa
pesquisa, aí é que não acontece mesmo.
Mas vejam
lá, hein? Tite é o que resta. Não pode ser um esquentador de cadeira
apenas. Depois dele, não sobra mais ninguém. “Está antevendo que vai ser
ruim com Tite?” Eu não! Defendia a sua permanência no Corinthians mesmo
numa série com maus resultados. É o nosso técnico campeão do mundo.
Acho apenas que o futebol precisa mudar de ares e ampliar o seu
repertório.
Sem contar
que tenho, por princípio, bode com nacionalismos dessa natureza.
Costumam ignorar a realidade em nome de um preconceito.
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