A economia brasileira gerou somente 25.363 empregos com carteira
assinada no mês de junho, informou o Ministério do Trabalho nesta quinta-feira
(17), com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(Caged). Isso representa uma queda de 79,5% frente ao mesmo mês do ano passado,
quando foram abertas 123.836 vagas formais.
Este foi o pior resultado para meses de junho desde 1998,
quando foram abertas 18.097 empregos com carteira assinada, de acordo com o
Ministério do Trabalho, que começou a divulgar dados do tipo em 1992.
O ministro do Trabalho, Manoel Dias, informou que esperava
um resultado melhor do emprego formal em junho. "O grande fato causador da
diminuição foi a indústria. Em todos os setores da indústria, houve decréscimo.
Mas mês que vem já começam as contratações visando o Dia dos Pais e também o
fim do ano [Natal]", declarou.
Em sua visão, o juro alto, fixado em 11% ao ano pelo Banco
Central, embora combata a inflação, não é bom para o ritmo de atividade
econômica. Com taxas maiores, a instituição busca reduzir o crédito disponível
e, assim, o dinheiro em circulação. Assim, diminui a quantidade de pessoas e
empresas dispostas a consumir bens e serviços, e os preços tendem a cair ou
parar de subir.
Além disso, segundo o ministro, a Copa do Mundo impactou
negativamente as vendas do comércio. "No período da Copa, houve uma
redução drástica do consumo. No dia em que houve jogos, os shoppings ficaram
abertos até 16h e depois ninguém foi lá", disse.
O economista da Gradual Investimentos, André Perfeito,
avaliou que o resultado da criação de empregos formais de junho foi
"desastroso", uma vez que o mercado financeiro esperava a abertura de
pelo menos 53 mil vagas com carteira assinada. "Mas o resultado foi de
medíocres 25 mil", avaliou. Segundo ele, isso "evidencia um processo
de acomodação no mercado de trabalho que é desejado para acomodar a inflação de
serviços".
Também é o pior resultado para o primeiro semestre desde
2009, quando o país ainda enfrentava os efeitos da crise financeira
internacional. Nos seis primeiros meses daquele ano, as empresas contrataram
397.936 trabalhadores.
Nova previsão de vagas
Por conta do fraco resultado do semestre, o ministro do
Trabalho revisou para baixo sua previsão de abertura de vagas com carteira
assinada em todo este ano. Até o momento, ele vinha estimando a criação de 1,4
milhão a 1,5 milhão de vagas em 2014, valor que agora está em cerca de 1 milhão
de vagas.
Os números de criação de empregos formais do acumulado de
2014, e de igual período dos últimos anos, foram ajustados para incorporar as
informações enviadas pelas empresas fora do prazo (até o mês de maio). Os dados
de junho ainda são considerados sem revisão.
Setores da economia
Segundo o Ministério do Trabalho, o setor de serviços
liderou a criação de empregos formais nos seis primeiros meses deste ano, com
386.036 postos abertos, contra 361.180 no mesmo período do ano passado. O setor
inclui trabalhadores como médicos, vendedores de lojas, manicures, corretores
de imóveis, garçons e motoristas.
Setor de serviços lidera contratações no 1° semestre
A indústria de transformação, como as refinarias de
petróleo, foi responsável pela contratação de 44.146 trabalhadores com carteira
assinada no mesmo período. De janeiro a junho do ano passado, a indústria abriu
186.815 vagas. O resultado do primeiro semestre deste ano foi o pior desde 2009
(demissão de 140 mil trabalhadores pelo setor).
A construção civil, por sua vez, registrou a abertura 73.343
trabalhadores com carteira assinada de janeiro a junho deste ano, contra
133.436 vagas no mesmo período de 2013. Já o setor agrícola gerou 110.840
empregos nos seis primeiros meses deste ano, contra a abertura de 115.745 vagas
no mesmo período de 2013.
O comércio fechou 58.096 vagas formais de janeiro a junho
deste ano, contra 13.693 vagas fechadas nos seis primeiros meses de 2013.
Regiões do país
Segundo números oficiais, o emprego formal cresceu em quatro
das cinco regiões do país no primeiro semestre deste ano. No período, a
Região
Sudeste abriu 330.009 empregos com carteira assinada e a Região Sul,
177.251. A Região Centro-Oeste foi responsável pela abertura de
90.319 postos formais de emprego de janeiro a junho deste ano, enquanto
que a
Região Norte teve a abertura de 15.534 postos de trabalho com carteira
assinada. A Região Nordeste, por sua vez, registrou o fechamento de
24.442
empregos com carteira nos seis primeiros meses deste ano.
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