quinta-feira, 17 de julho de 2014

Em carta, Lagarde diz a Dilma que FMI terá satisfação em trabalhar com Brics


17/07/2014 10h57 - Atualizado em 17/07/2014 12h02


Carta da presidente do FMI foi divulgada pelo Palácio do Planalto.
Nesta semana, Brics anunciaram criação de banco e fundo de reserva.

Filipe Matoso e Natalia Godoy Do G1, em Brasília
Christine Lagarde, diretora do FMI, sorriu durante encontro anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Foto: Reuters)Christine Lagarde, diretora do FMI, durante
encontro anual do Fórum Econômico Mundial,em Davos  
 
Em carta enviada à presidente Dilma Rousseff nesta quarta (16) e divulgada nesta quinta-feira (17), a presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou que o organismo vai ter "grande satisfação" em trabalhar junto com o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) do Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).


A criação do banco foi anunciada nesta terça-feira (15), durante a reunião da VI Cúpula do Brics, em Fortaleza (CE). O NBD terá capital inicial de US$ 50 bilhões, mas poderá chegar a US$ 100 bilhões. O objetivo é financiar projetos de infraestrutura em países emergentes.


“O staff do FMI terá grande satisfação de trabalhar com a equipe dos BRICS responsável por este projeto, com vistas a reforçar a cooperação entre todas as partes integrantes da rede internacional de segurança destinada a preservar a estabilidade financeira no mundo”, disse Lagarde na carta enviada a Dilma.

Segundo a presidente do FMI, o organismo mantém relacionamento com as nações que compõem o Brics e os considera “membros-chave” do fundo. Lagarde afirmou na carta esperar que cooperação entre os países do Brics e o FMI sejam “fortalecidas”.

Em entrevista a jornalistas nesta quarta (16), antes de participar da II Sessão de Trabalho da Cúpula do Brics, em Brasília (DF), a presidente Dilma afirmou que mesmo com a criação do banco, “não tem o menor interesse de abrir mão" do FMI.
Na avaliação de Dilma, o Banco do Brics não é “contra” o FMI, mas tem “uma postura completamente diferente” quanto aos países em desenvolvimento.
A sede do Banco dos Brics será na China, o primeiro presidente será da Índia e o Brasil terá o direito a indicar o primeiro presidente do Conselho de Administração da instituição, cujo objetivo financiar projetos de infraestrutura em países emergentes. A presidente Dilma Rousseff defendeu uma "relação permanente" entre Brics e países sul-americanos.

Líderes sul-americanos
Presidentes de países da América do Sul convidados a participar da cúpula do Brics, em Brasília, afirmaram nesta terça-feira (16) que o NBD permitirá que países em desenvolvimento dependam menos de outros organismos econômicos globais, como o FMI.


O presidente do Uruguai, José Mujica, por exemplo, disse que a criação do banco pode ser considerada uma “alternativa” para seu país. Mas ele não disse se o Uruguai pedirá empréstimo ao banco.

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, disse que a decisão do bloco de criar o banco para financiar projetos de infraestrutura em países emergentes poderá “colocar ordem” no sistema de regulação e fomento financeiro internacional.


Veja a íntegra da carta da presidente do FMI para Dilma Rousseff:


"Mensagem de Christine Lagarde (FMI) sobre a Cúpula dos BRICS e o Arranjo Contingente de Reserva


Senhora Presidente,

Gostaria simplesmente de transmitir-lhe minhas felicitações pela realização da bem-sucedida reunião dos líderes dos BRICS em Fortaleza e, em especial, pelo estabelecimento do Arranjo Contingente de Reservas, anunciado na reunião. O staff do FMI terá grande satisfação de trabalhar com a equipe dos BRICS responsável por este projeto, com vistas a reforçar a cooperação entre todas as partes integrantes da rede internacional de segurança destinada a preservar a estabilidade financeira no mundo.

Como a Senhora sabe, o FMI mantém relacionamento com todas as nações dos BRICS, que são membros-chave desta instituição. Esperamos fortalecer ainda mais a nossa cooperação futura.
Tenciono também compartilhar publicamente a minha manifestação de apoio.
Saudações cordiais,


Christine Lagarde"




Nenhum comentário: