17/07/2014
às 4:53
O
candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, fez,
entendo, a coisa certa nesta quarta ao afirmar que o programa “Mais
Médicos” continua — e nunca ninguém pediu que acabasse, é bom que fique
claro —, mas que não aceitará as imposições do governo cubano. Segundo
os contratos hoje em vigor, os médicos oriundos da ilha recebem apenas
de 25% a 30% do que custam aos cofres públicos: R$ 10 mil.
O resto vai
parar na ditadura de Fidel Castro. Transformou-se uma fonte de renda.
Estimam-se em 11.400 os médicos cubanos que atuam no programa no Brasil.
Cuba recebe mais ou menos R$ 79,8 milhões por mês — ou R$ 957,6 milhões
por ano. Em suma, a exportação de carne humana rende à tirania dos
irmãos Castro quase R$ 1 bilhão. Não custa desconfiar: como a ilha não
é, assim, um exemplo de transparência, em tese ao menos, o dinheiro que
vai pode voltar, não é mesmo? Em ano eleitoral, pode ser a chamada mão
na roda — ou no cofre.
É claro
que, se eleito, Aécio não vai conseguir mudar o contrato da noite para o
dia. O importante é começar a rever essa imoralidade. Ele também
prometeu que vai criar as condições para que os médicos estrangeiros
façam o “Revalida”, o exame que permite a quem tem formação fora do país
clinicar em terras nativas. Que fique claro: o programa hoje em vigor
poderia ser chamado “Mais Submédicos”.
Os profissionais são autorizados a
trabalhar só ali e, em razão de não terem o “Revalida”, estão proibidos
de executar uma série de procedimentos. Dilma falando certa feita sobre
o Mais Médicos refletiu, com a profundidade característica: as pessoas
precisam de médicos que as apalpem. Então tá. Eu acho que pobres e ricos
precisam de médicos que possam fazer o diagnóstico de suas doenças.
Sim, quem
quer que venha a assumir o governo terá uma bela herança maldita na área
da saúde, que não se resolve com apalpadelas. Entre 2002, último ano do
governo FHC, e 2005, terceiro ano já do governo Lula, o número total de
leitos hospitalares havia sofrido uma redução de 5,9%. Era, atenção!, O
MAIS MAIS BAIXO EM TRINTA ANOS! Números fornecidos pelo PSDB? Não! Por
outra sigla: o IBGE. Em 2002, havia 2,7 leitos por mil habitantes. Em
2005, havia caído para 2,4. “Ah, Reinaldo, de 2005 para cá, algo deve
ter mudado, né?” Sim, mudou muito!
O quadro
piorou enormemente: a taxa, em 2012, era de 2,3 — caiu ainda mais. E
caiu não só porque aumentou a população, mas porque houve efetiva
redução do número de leitos púbicos e privados disponíveis: só entre
2007 e 2012, caíram de 453.724 para 448.954 (4.770 a menos).
Ou por
outra: entre 2002 e 2012, o número leitos hospitalares por mil
habitantes teve uma redução de 15%. Entre 2008 e 2013, foram fechados
284 hospitais privados. Segundo o Conselho Federal de Medicina, entre
2005 e 2012, fecharam-se 41.713 leitos do SUS. Isso sob as barbas do
grupo político que vai repassar quase R$ 1 bilhão a Cuba por ano.
Isso tem
de mudar, com Aécio, Dilma Rousseff ou Eduardo Campos na Presidência.
Segundo a lógica, se ela vencer, fica como está porque o que se tem
também é obra sua. Campos, até agora, não se pronunciou, mas deve pensar
algo a respeito. Aécio está dizendo que, se eleito, assim não fica.
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