quinta-feira, 17 de julho de 2014

Índice de suicídio entre indígenas é o maior dos últimos 28 anos

Disputa por território ainda é um dos principais motivos para o aumento da violência contra indígenas no Brasil


Publicação: 17/07/2014 09:35
Correio Braziliense
 (Monique Renne/Esp. CB/D.A Press)


A cada cinco dias um índio cometeu suicídio no Brasil em 2013.
O dado é da Secretaria de Saúde Indígena e é apontado no Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas divulgado pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) nesta quinta-feira (17/7). 
 
O levantamento é realizado há 20 anos com base nas polícias judiciárias estadual e federal, além de dados do governo e de notícias veiculadas pela imprensa.

Apenas no Mato Grosso do Sul foram registrados 73 casos de suicídio. Desses, 72 eram do povo Guarani-Kaiowá, a maioria com idade entre 15 e 30 anos. O número praticamente triplicou na última década. 
 
 
Entre os anos de 1986 a 1997 foram contabilizados 244 suicídios entre os indígenas no estado, contra 684 mortes entre os anos de 2000 e 2013.

O levantamento traz informações sobre invasões, exploração ilegal de recursos naturais em terras indígenas, informações sobre assassinatos, ameaça de morte, homicídio culposo, lesão corporal, racismo, discriminação e violência sexual, tanto envolvendo grupos indígenas contatados, quanto relacionados a povos que vivem em situação de isolamento ou de pouco contato no Brasil.

Violência no campo

Os dados de violência que abarcam conflitos fundiários demonstram que os indígenas protagonizam as estatísticas de agressões e assassinatos relacionados à disputa por terras no país. De acordo com o CIMI, em 2012 houve aumento de 237% nos casos de violação de direitos contra os povos indígenas. Os conflitos territoriais ainda são um dos principais motivos pelo avanço da violência.
 
 
A paralisação das demarcações de terras, a tentativa de retirar direitos garantidos por meio de projetos de emenda à Constituição, a proposta de modificar o procedimento administrativo de demarcação das terras e as manifestações ruralistas realizadas em vários estados, dentre outros atos anti-indígenas, tiveram consequência direta no acirramento das contendas que envolvem conflitos fundiários, principalmente no interior do país, de acordo com os coordenadores do estudo.

O movimento indigenista acusa o panorama político desfavorável, que afeta diretamente o aumento da violência nas aldeias. O governo da presidente Dilma Rousseff tem a pior média de homologações de terras indígenas dos últimos 20 anos, com 3,6 homologações anuais. Em todo o ano de 2013, apenas uma terra indígena foi homologada, a TI Kayabi, no Pará.

Atualmente existem 426 terras indígenas regularizadas no Brasil, a maior parte delas, 98,75%, encontra-se na Amazônia Legal. Paralelamente, a maior parte da população indígena recenseada no levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em 2010, vive em outras regiões do país. De acordo com a Funai, há apenas 1,25% da extensão de terras demarcadas nas regiões Centro-sul, Sudeste e Nordeste do Brasil, onde vivem 554.081 indígenas.

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