quinta-feira, 17 de julho de 2014

Com juros altos, poupança fica menos atrativa em 2014

17/07/2014 10h27 - Atualizado em 17/07/2014 11h10


Selic saiu de 7,25% no meio de 2013 para 11% desde abril deste ano.
Rendimento da poupança é menor que o de fundos de investimentos.

Gabriela Gasparin Do G1, em São Paulo
INVESTIMENTO VARIAÇÃO (no 1º sem)
Poupança (antiga e nova) 3,39%
Fundos de renda fixa 4,32%
Fundos DI, que são atrelados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI) 3,81%
Certificado de Depósito Bancário (CDB) 4,84%
Ibovespa 3,2%
Fundo cambial -6,44%
Certificado de Depósito Interbancário (CDI) 4,93%
Dólar paralelo 5,95%
Ouro 3,87%
Fonte: Anefac

Com a trajetória de alta da taxa de juros da economia do país (a Selic), deixar o dinheiro rendendo na poupança torna-se menos atrativo em 2014 com relação a outros investimentos, apontam levantamentos de entidades feitos a pedido do G1.
A elevação da Selic começou em em meados de 2013, que a fez passar de 7,25% ao ano para 11% desde abril de 2014. Nesta quarta-feira, o Banco Central manteve a taxa em 11% ao ano – patamar mais alto desde 2011. 

Cálculos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) apontam que a poupança variou 3,39% no acumulado do primeiro semestre do ano (como os juros estão superiores a 8,5% ao ano, as poupanças nova e antiga estão rendendo a mesma coisa).

No mesmo período, as variações do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e do CDB (Certificado de Depósito Bancário) foram de 4,93% e 4,84%, respectivamente. Os fundos de renda fixa, por exemplo, tiveram variação de 4,32% no mesmo período, e os Fundos DI (atrelados ao CDI), de 3,81%.

A Easynvest Título Corretora fez os cálculos em um período um pouco maior – de janeiro até o dia 11 de julho, e o cenário se mantém: a variação da poupança no acumulado do período, de 4,02%, perde para 8 de 9 outros tipos de investimento comparados na amostra. O único que rendeu menos foi o fundo de índice ETF DIVO11 (um fundo espelhado em índices com cotas negociadas em bolsa da mesma forma que as ações), que inclusive teve variação negativa (- 5,10%).


INVESTIMENTO VARIAÇÃO

(de janeiro a 11 de julho)
                           Tesouro Direto
LFT 07032017 5,29%
LTN 01012017 8,27%
NTN-B Principal 15052035 14,40%
                  ETF (fundo de índices)
BOVA11 6,19%
SMAL11 4,37%
DIVO11 -5,10%
Ibovespa 6,36%
Certificado de Depósito Interbancário (CDI) 5,36%
Títulos de renda fixa LCI/LCA (95% CDI) 5,09%
Poupança (nova e antiga) 4,02%
Fonte: Easynvest Título Corretora


Pelo levantamento da corretora, a maior variação no período foi a da NTN-B Principal (com vencimento em 15 de maio de 2035), um dos títulos do Tesouro Direto: a alta acumulada no ano é de 14,4%. O CDI, por exemplo, acumula alta de 5,36% no ano. O Ibovespa, por sua vez, acumula alta de 6,36% de janeiro a 11 de julho.
Rendimento da poupança
 
O rendimento da poupança é de 0,5% mais a variação da Taxa Referencial (TR) sempre que a Selic está acima de 8,5% ao ano, o que aconteceu durante os seis primeiros meses de 2014. Pelas novas regras, estabelecidas em 2012, a poupança passa a render 70% da taxa Selic mais a variação da TR quando os juros básicos recuarem para 8,5% ao ano, ou abaixo disso. As aplicações que já existiam antes da mudança, contudo, seguem com a variação antiga em qualquer cenário.


Imposto de Renda
“Com a Selic em alta, ela influencia todas as aplicações atreladas aos juros”, disse o diretor-executivo de estudos e pesquisas econômicas da Anefac, Miguel de Oliveira.

O especialista lembrou, contudo, que quem aplica dinheiro em fundos têm de pagar taxas de administração que variam de 0,5% a 3%. Há ainda a incidência do Imposto de Renda (IR) sobre o rendimento, que varia de 15% a 22,5% (alguns investimentos, no entanto, não têm a incidência do IR, como LCI e LCA).

Com a cobrança acima de 2,5% ao ano de taxa os fundos começam a perder para a poupança (que não tem nem taxa de administração nem a incidência do IR), diz Oliveira.

O rendimento da poupança no primeiro semestre, contudo, superou a variação do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa), que foi de 3,2% no período.

A variação do dólar no acumulado do ano, por sua vez, foi a única que registrou depreciação no primeiro semestre, com queda de 5,95%. O fundo cambial registrou recuo ainda maior, de 6,44%.

Oliveira estimou que o ciclo de alta de juros da economia deve ficar mantido no patamar atual até o final do ano, por conta do desaquecimento da economia – se o governo sobe muito os juros, prejudica o investimento.  Dessa forma, a variação até o momento para a poupança e fundos pode ser tomada como uma base até o final do ano, estima.

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Rendimento de R$ 10 mil em um ano com Selic a 11% ao ano
Investimento Variação Total acumulado em 12 meses
Poupança 6,55% ao ano R$ 10.655
Fundo com taxa de administração de 0,5% 8,34% ao ano R$ 10.834
Fundo com taxa de administração de 2% 6,93% ao ano R$ 10.693
Fundo com taxa de administração de 2,5% 6,42% ao ano R$ 10.642
Fonte: Anefac   
 
Simulação: poupança x fundos 
 
A Anefac fez ainda uma simulação de R$ 10 mil investidos por um ano tanto na poupança como nos fundos de renda fixa, com os juros a 11%. De acordo com o levantamento, os fundos terão um rendimento superior às contas da poupança quando suas taxas de administração forem inferiores a 2,5% ao ano – passando disso, a poupança ganha.


Isso porque, com a Selic em 11% ao ano, a poupança terá um rendimento mensal de 0,55% (0,5% ao mês + TR). Com isso, o investidor teria acumulado em 12 meses o rendimento no valor de R$ 655, totalizando um valor aplicado de R$ 10.655.

Em um fundo de investimentos cuja taxa de administração seja 2% ao ano, o investidor teria acumulado de rendimento o valor de R$ 693 (6,93% ao ano), totalizando um valor aplicado de R$ 10.693. Já com um fundo com taxa de administração de 2,5% ao ano, o investidor teria acumulado de rendimento o valor de R$ 642 (6,42%) totalizando um valor aplicado de R$ 10.642 – inferior, portanto, ao da poupança.

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