Em artigo
publicado hoje no GLOBO, o deputado Marcelo Freixo, do PSOL, discorre
sobre a escravidão moderna, mas se perde totalmente no caminho,
levantando suspeitas sobre suas reais intenções. Trata-se de um texto
bastante sensacionalista, que parte de um fato – ainda existem casos
absurdos de escravidão – para chegar a conclusões que nada têm a ver com
isso. Ele começa narrando um caso chocante de escravidão moderna:
Após 13
horas golpeando o canavial da fazenda com seu facão, o negro Romário
chega, sob os últimos raios de sol, ao barraco minúsculo onde vive
trancafiado com outros três homens, igualmente escravizados e negros. O
espaço não tem janela, água tratada e conta apenas com duas camas.
Apesar disso, ele precisa comer os restos que o capataz lhe oferece e
descansar: às 4h do dia seguinte, a labuta recomeça. Se resistir, será
agredido com chicotadas e pauladas.
Tal absurdo teria ocorrido em uma fazenda
no Norte Fluminense, e três pessoas acabaram presas. Mas após tal
relato, o deputado, queridinho da esquerda caviar, começa a escorregar
feio. Afirma, sem mais nem menos, que tal caso não é exceção. Ele diz:
“Entre 1995 e 2012, fiscais do Ministério do Trabalho resgataram 44.415
pessoas submetidas a condições análogas ao regime escravista”.
Aqui já mora o primeiro grande perigo. É
tratado como trabalho escravo ou análogo à escravidão qualquer relação
entre patrão e trabalhador que não preencher uma lista de quesitos das
leis trabalhistas. Tal lista inclui mais de 200 itens, entre eles até a
espessura do colchão é levada em conta! Ou seja, muito daquilo atribuído
ao trabalho escravo não guarda relação alguma com a escravidão passada
ou com este exemplo citado pelo deputado no começo.
E aqui chegamos na possível intenção
verdadeira do deputado socialista: “Apesar dessa tragédia, a PEC do
Trabalho Escravo se arrasta no Congresso Nacional há inacreditáveis 15
anos, graças ao lobby dos ruralistas. Eles resistem porque a proposta
prevê a desapropriação de terras onde haja trabalho escravo”. Resistem
com razão!
Como já disse, basta não cumprir um ou
alguns desses mais de 200 itens para ser considerado trabalho escravo.
Com a PEC defendida por Freixo, isso já seria suficiente para o estado
simplesmente expropriar a terra. Não pense, caro leitor, que estamos
falando de enormes latifúndios com escravos levando chibatadas, como
Freixo quer que pensemos. Pequenas e médias propriedades que não atendem
todas as demandas legais já seriam vítimas de expropriação, o sonho
marxista, o objetivo do MST, a meta de Freixo e do PSOL.
Não satisfeito em deixar transparecer sua
real intenção de forma um tanto sensacionalista e questionável, Freixo
faz em seguida um verdadeiro samba do crioulo doido:
Apesar dos
exemplos, a nossa herança escravocrata não se restringe ao campo. Ela
impregna as instituições, o acesso a direitos fundamentais, as nossas
relações cotidianas mais banais. Como escreveu Caio Prado, aquele
passado colonial ainda está presente naqueles quartinhos apertados
construídos nos fundos dos apartamentos; na resistência a reconhecer os
direitos trabalhistas das empregadas domésticas; na proibição de uma
babá entrar num clube da Zona Sul sem seu distintivo uniforme; na
criminalização do funk; no êxtase provocado pelo justiçamento de um
adolescente acorrentado a um poste; no assassinato de jovens negros nas
favelas; na negação da humanidade da massa carcerária brasileira…
Eis que descobrimos que as empregadas
domésticas são escravas modernas, e cada patrão que mantém um quartinho
para elas dormirem é um legítimo escravocrata! Eis que a babá, em
horário de trabalho, que não pode entrar no clube sem seu uniforme de
trabalho, por regras decididas pelos sócios do clube, também é uma
escrava moderna!
Criminalização do funk? Que diabos é
isso? Vejo funk em todo lugar, disseminando letras chulas que degradam
as mulheres, pregam violência contra a polícia ou enaltecem bandidos.
Vejo a classe média consumindo cada vez mais esse lixo, financiado pelo
próprio estado. Vejo até tese de mestrado sobre funkeira. Do que Freixo
está falando? Seria da proibição de bailes funks em favelas onde crimes ocorrem
à vista de todos, como consumo deliberado de drogas ilícitas ou sexo
envolvendo menores de idade? É isso que Freixo quer legalizar?
Por que Freixo fala o tempo todo da cor
de algumas vítimas? Só negros são mortos? Se for branco não tem
problema? Quando a vítima é branca as ONGs dos “direitos humanos”
desaparecem, e Freixo, pelo visto, endossa tal postura abjeta, cuja
“sensibilidade” varia de acordo com a cor da pele. Para os liberais, não
importa se a vítima é negra ou branca, homem ou mulher, pois todos são
iguais perante as leis. O PSOL pelo visto discorda…
Por fim, quem nega um tratamento mais
humano à população carcerária? Outro espantalho criado pelo deputado
socialista para fugir do debate. Prisões existem em primeiro lugar para
punir pela má conduta, em segundo lugar para afastar pessoas perigosas
do convívio da sociedade, e finalmente para tentar reeducar tais
criminosos, quando possível. Tudo isso, claro, deve ser feito com base
num tratamento humano, porém firme.
É isso que liberais querem. O que os
socialistas realmente querem? Soltar bandidos? Transformar prisões em
hotel cinco estrelas? Sabemos que boa parte dessa esquerda radical trata
criminosos como “vítimas da sociedade”, eximindo-os de responsabilidade
por seus atos. Isso não é aceitável. Mas ninguém em sã consciência acha
que os criminosos devem ser tratados como dejeto humano em condições
insalubres, à exceção talvez de uma direita caricata e minoritária.
Marcelo Freixo não quer debater de
verdade. Prefere o sensacionalismo em busca de votos fáceis. É
lamentável ver que essa esquerda ultrapassada ainda tem voz em nosso
país…
PS: O que Marcelo Freixo e seu PSOL têm a
dizer sobre o maior caso de trabalho escravo no século 21, o modelo
cubano e norte-coreano sob o socialismo? Por que Freixo não faz barulho
contra o programa Mais Médicos do governo Dilma, que importa milhares de
escravos à luz do dia como se isso fosse a coisa mais normal do mundo?
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