terça-feira, 6 de maio de 2014

O sensacionalismo de Freixo: quais suas reais intenções?






Em artigo publicado hoje no GLOBO, o deputado Marcelo Freixo, do PSOL, discorre sobre a escravidão moderna, mas se perde totalmente no caminho, levantando suspeitas sobre suas reais intenções. Trata-se de um texto bastante sensacionalista, que parte de um fato – ainda existem casos absurdos de escravidão – para chegar a conclusões que nada têm a ver com isso. Ele começa narrando um caso chocante de escravidão moderna:

Após 13 horas golpeando o canavial da fazenda com seu facão, o negro Romário chega, sob os últimos raios de sol, ao barraco minúsculo onde vive trancafiado com outros três homens, igualmente escravizados e negros. O espaço não tem janela, água tratada e conta apenas com duas camas. Apesar disso, ele precisa comer os restos que o capataz lhe oferece e descansar: às 4h do dia seguinte, a labuta recomeça. Se resistir, será agredido com chicotadas e pauladas.

Tal absurdo teria ocorrido em uma fazenda no Norte Fluminense, e três pessoas acabaram presas. Mas após tal relato, o deputado, queridinho da esquerda caviar, começa a escorregar feio. Afirma, sem mais nem menos, que tal caso não é exceção. Ele diz: “Entre 1995 e 2012, fiscais do Ministério do Trabalho resgataram 44.415 pessoas submetidas a condições análogas ao regime escravista”.

Aqui já mora o primeiro grande perigo. É tratado como trabalho escravo ou análogo à escravidão qualquer relação entre patrão e trabalhador que não preencher uma lista de quesitos das leis trabalhistas. Tal lista inclui mais de 200 itens, entre eles até a espessura do colchão é levada em conta! Ou seja, muito daquilo atribuído ao trabalho escravo não guarda relação alguma com a escravidão passada ou com este exemplo citado pelo deputado no começo.

E aqui chegamos na possível intenção verdadeira do deputado socialista: “Apesar dessa tragédia, a PEC do Trabalho Escravo se arrasta no Congresso Nacional há inacreditáveis 15 anos, graças ao lobby dos ruralistas. Eles resistem porque a proposta prevê a desapropriação de terras onde haja trabalho escravo”. Resistem com razão!

Como já disse, basta não cumprir um ou alguns desses mais de 200 itens para ser considerado trabalho escravo. Com a PEC defendida por Freixo, isso já seria suficiente para o estado simplesmente expropriar a terra. Não pense, caro leitor, que estamos falando de enormes latifúndios com escravos levando chibatadas, como Freixo quer que pensemos. Pequenas e médias propriedades que não atendem todas as demandas legais já seriam vítimas de expropriação, o sonho marxista, o objetivo do MST, a meta de Freixo e do PSOL.

Não satisfeito em deixar transparecer sua real intenção de forma um tanto sensacionalista e questionável, Freixo faz em seguida um verdadeiro samba do crioulo doido:

Apesar dos exemplos, a nossa herança escravocrata não se restringe ao campo. Ela impregna as instituições, o acesso a direitos fundamentais, as nossas relações cotidianas mais banais. Como escreveu Caio Prado, aquele passado colonial ainda está presente naqueles quartinhos apertados construídos nos fundos dos apartamentos; na resistência a reconhecer os direitos trabalhistas das empregadas domésticas; na proibição de uma babá entrar num clube da Zona Sul sem seu distintivo uniforme; na criminalização do funk; no êxtase provocado pelo justiçamento de um adolescente acorrentado a um poste; no assassinato de jovens negros nas favelas; na negação da humanidade da massa carcerária brasileira…

Eis que descobrimos que as empregadas domésticas são escravas modernas, e cada patrão que mantém um quartinho para elas dormirem é um legítimo escravocrata! Eis que a babá, em horário de trabalho, que não pode entrar no clube sem seu uniforme de trabalho, por regras decididas pelos sócios do clube, também é uma escrava moderna!

Criminalização do funk? Que diabos é isso? Vejo funk em todo lugar, disseminando letras chulas que degradam as mulheres, pregam violência contra a polícia ou enaltecem bandidos. Vejo a classe média consumindo cada vez mais esse lixo, financiado pelo próprio estado. Vejo até tese de mestrado sobre funkeira. Do que Freixo está falando? Seria da proibição de bailes funks em favelas onde crimes ocorrem à vista de todos, como consumo deliberado de drogas ilícitas ou sexo envolvendo menores de idade? É isso que Freixo quer legalizar?

Por que Freixo fala o tempo todo da cor de algumas vítimas? Só negros são mortos? Se for branco não tem problema? Quando a vítima é branca as ONGs dos “direitos humanos” desaparecem, e Freixo, pelo visto, endossa tal postura abjeta, cuja “sensibilidade” varia de acordo com a cor da pele. Para os liberais, não importa se a vítima é negra ou branca, homem ou mulher, pois todos são iguais perante as leis. O PSOL pelo visto discorda…

Por fim, quem nega um tratamento mais humano à população carcerária? Outro espantalho criado pelo deputado socialista para fugir do debate. Prisões existem em primeiro lugar para punir pela má conduta, em segundo lugar para afastar pessoas perigosas do convívio da sociedade, e finalmente para tentar reeducar tais criminosos, quando possível. Tudo isso, claro, deve ser feito com base num tratamento humano, porém firme.

É isso que liberais querem. O que os socialistas realmente querem? Soltar bandidos? Transformar prisões em hotel cinco estrelas? Sabemos que boa parte dessa esquerda radical trata criminosos como “vítimas da sociedade”, eximindo-os de responsabilidade por seus atos. Isso não é aceitável. Mas ninguém em sã consciência acha que os criminosos devem ser tratados como dejeto humano em condições insalubres, à exceção talvez de uma direita caricata e minoritária.

Marcelo Freixo não quer debater de verdade. Prefere o sensacionalismo em busca de votos fáceis. É lamentável ver que essa esquerda ultrapassada ainda tem voz em nosso país…

PS: O que Marcelo Freixo e seu PSOL têm a dizer sobre o maior caso de trabalho escravo no século 21, o modelo cubano e norte-coreano sob o socialismo? Por que Freixo não faz barulho contra o programa Mais Médicos do governo Dilma, que importa milhares de escravos à luz do dia como se isso fosse a coisa mais normal do mundo?

Rodrigo Constantino

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