Trecho final do artigo de Reinaldo Azevedo hoje, “José
Serra, vice de Aécio Neves: será que isso é possível?”
Assino embaixo.
Aécio Neves tem conseguido dar corpo e musculatura à sua
candidatura. É, inequivocamente, um homem de oposição — uma tarefa que tem se
mostrado ingrata e difícil no país, dada a presença do estado na economia e do
governo na vida das pessoas. O oficialismo é onipresente na imprensa até por
força inercial, e a mensagem dos que divergem chega com muita dificuldade ao
público. Serra é mais conhecido nacionalmente, por enquanto ao menos, do que o
senador mineiro e tem, é óbvio, mais presença em São Paulo, o maior colégio
eleitoral do país.
Incluo-me entre aqueles que, como analista mesmo, não como
torcedor — embora todos saibam que eu jamais votaria em Dilma —, avaliam que o
momento é bom para as oposições, em especial para a candidatura do PSDB. É
fato, no entanto, que é preciso avançar, mudar de estágio, e um Serra vice me
parece que seria uma solução inteligente. Aécio evidenciaria ainda que foi
capaz de unir o partido, acabando com uma quase fratura histórica.
Mas solução não pode ser problema. Em lugar de Serra, eu não
moveria uma palha para que isso acontecesse. Em lugar de Aécio, eu faria o
convite na hora adequada. Essa solução só é possível se for, de fato,
consensual — ou se eventuais arestas forem aparadas no mais absoluto silêncio.
Se for preciso quebrar uma única lança, mínima que seja, então não vale a pena.
Porque aí o ativo vira matéria de rixa política e de questões menores. O PSDB
precisa querer.
“Ah, mas se Aécio tivesse topado ser vice de Serra em 2010…”
Em política e em história, não existe “se”. Existe o fato. O fato é que as
circunstâncias, hoje, conspiram a favor de uma candidatura de oposição —
realmente de oposição — e que a união entre Aécio e Serra é uma resposta com a
qual muita gente conta e há muito tempo. Mas reitero: tem de ser uma operação
suave, que torne tudo mais fácil e mais agradável, como quando se harmoniza uma
música.
Se for para produzir dissonâncias, convenham: ninguém, muito menos o país, precisa disso. E, claro, encerro com o óbvio: para que ocorra, Aécio precisa querer Serra como vice, e Serra precisa querer ser vice de Aécio. O bom é que ambos são livres para escolher e que ninguém está obrigado a nada, nem pelas circunstâncias.
Se for para produzir dissonâncias, convenham: ninguém, muito menos o país, precisa disso. E, claro, encerro com o óbvio: para que ocorra, Aécio precisa querer Serra como vice, e Serra precisa querer ser vice de Aécio. O bom é que ambos são livres para escolher e que ninguém está obrigado a nada, nem pelas circunstâncias.
Mas que seria um golaço da oposição, isso seria.
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