O líder do PMDB no Senado,
Eunício Oliveira (PMDB-CE), afirmou nesta terça-feira (6) que o presidente da
Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), irá submeter à sessão do Congresso Nacional –
conjunta da Câmara e do Senado – a discussão sobre se deve ser criada uma CPI
mista de deputados e senadores para investigar as denúncias contra a Petrobras. Diante de uma série de denúncias
contra a estatal do petróleo, a oposição protocolou dois pedidos de CPI no
Legislativo: um exclusivo para o Senado e outro para uma comissão mista.
Segundo o líder peemedebista,
durante uma reunião nesta segunda (5), Renan decidiu cancelar o encontro
agendado para esta terça com líderes das bancadas, no qual seria debatido qual
das duas CPIs será instalada. Ainda conforme Eunício, o presidente do Senado
vai antecipar para esta quarta (7) ou quinta-feira (8) a sessão do Congresso
que estava marcada para 20 de maio.
A oposição insiste na criação de
uma CPI mista, que integre senadores e deputados, mas o PT quer uma CPI
exclusiva no Senado. "Ontem à noite [segunda-feira], eu me reuni na casa
do Renan, inclusive com o Eduardo Braga [líder do governo no Senado], para
decidir essa questão da CPI. Conversamos sobre como vai ser e como fica. O
Renan decidiu cancelar a reunião de líderes que teria hoje [terça] para tratar
dos nomes que seriam indicados e resolveu passar para amanhã ou quinta a
decisão, disse o líder do PMDB ao G1.
"Ele [Renan] vai marcar uma
sessão do Congresso, que aí vai se decidir se vai ser CPI, CPI mista, quem
participar, as indicações. Tudo deve ser resolvido então nesta sessão que o
presidente decidiu marcar", complementou. O G1 tentou contato com o
presidente do Senado, mas até a última atualização desta reportagem não havia
obtido retorno.
Nesta terça, após reunião com o
ministro de Relações Institucionais, Ricardo Barzoini, o líder do PT na Câmara,
deputado Vicentinho (SP), confirmou que Renan cancelou a reunião que iria
debater a criação de uma comissão mista ou exclusiva do Senado para investigar
a Petrobras.
A oposição, no entanto, disse não
ter sido informada sobre o cancelamento da reunião com Renan. Líderes de DEM,
PPS, PSDB, PSB e Solidariedade decidiram nesta terça levar ao presidente do
Senado a lista com os nomes de seus representantes na CPI mista. “Caso haja uma
reunião extraordinária do Congresso amanhã [quarta], melhor ainda. Já ficam
entregues as indicações por antecipação”, destacou o líder do DEM no Senado,
Agripino Maia (RN).
Pressão petista
A decisão de Renan de levar a
discussão para a sessão do Congresso poderá contemplar anseio do PT, que
pretende apresentar um requerimento para criação de outra CPI mista, essa
destinada a investigar supostos casos de corrupção em São Paulo e em
Pernambuco, estados governados por adversários da presidente Dilma Rousseff.
Na semana passada, o líder do PT
no Senado, Humberto Costa (PE), chegou a dizer que só aceitaria tratar de CPMI
da Petrobras durante reunião do Congresso. “Ele [Renan] vai chamar uma reunião
do Congresso para amanhã. Vamos caminhar de acordo com os segmentos
regimentais. Têm seis questões de ordem a serem respondidas [durante a reunião
do Congresso]. Queremos a apuração ampliada dos fatos, incluindo também a
questão do metrô de SP”, ressaltou Vicentinho.
Oposição
Principais partidos da oposição,
PSDB, DEM e PPS não querem a CPI exclusiva do Senado. Para evitar a instalação
da comissão, os líderes dos três partidos não devem indicar nomes para compor o
colegiado. Como o governo federal tem uma maioria expressiva na Casa, os
senadores oposicionistas temem que o Palácio do Planalto controle as atividades
da comissão, impedindo o aprofundamento das investigações contra a estatal do
petróleo.
Com a CPI mista, a oposição
espera envolver tanto deputados quanto senadores na apuração, o que
dificultaria a influência do governo, já que a base aliada na Câmara tem se
rebelado nos últimos meses. Insatisfeitas com a relação entre Executivo e
Legislativo, siglas que dão suporte ao governo Dilma, lideradas pelo PMDB,
criaram um bloco para tentar aumentar o poder de negociação com o Planalto.
Após uma resistência inicial, o
PMDB, maior bancada do Senado e segunda maior da Câmara, também deve apoiar a
CPI mista. Segundo o Blog do Camarotti, a oposição teria fechado um acordo com
a cúpula peemedebista para viabilizar a instalação da CPI de deputados e
senadores. Ainda de acordo com o blog, em troca do apoio à CPI mista, o PMDB
seria poupado do foco das investigações.
PT
Convencidos de que a criação da
CPI irá servir de palanque eleitoral para a oposição, os parlamentares do PT
defendem a criação de uma comissão integrada exclusivamente por senadores, onde
teriam mais controle. Os petistas alegam que "sem o barulho dos
deputados", a comissão poderá trazer menos desgaste ao Palácio do
Planalto.
Nesta terça, o líder petista na
Câmara criticou a postura de partidos oposicionistas de não indicar nomes para
a CPI da Petrobras exclusiva do Senado. “A oposição entra no Supremo para
garantir uma CPI no Senado exclusivamente sobre Petrobras, a ministra Rosa
Weber concede e agora eles não querem mais? Está comprovado que queriam barulho
eleitoral. Isso é desonestidade”, disse Vicentinho. (G1)
Nenhum comentário:
Postar um comentário