terça-feira, 6 de maio de 2014

Qual é, branquelo? Ou: O racismo é seletivo




Um caso ocorrido em uma boate de Porto Alegre neste sábado e relatado pelo jornal Zero Hora mostra como a questão do racismo pode ser seletiva:


Militante do movimento negro em Porto Alegre, o estudante de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Thales Machado, 20 anos, denunciou um funcionário da boate Beco203 à polícia por racismo. A confusão aconteceu na noite do último sábado, dia 3. O jovem diz ter sido chamado de “negrinho racistinha” quando entrava no local com um grupo de amigos para comemorar o aniversário de um deles:

– Na hora de fazer o cadastro no caixa, um amigo esbarrou em mim e eu disse ‘qual é, branquelo?’, como sempre faço. O caixa falou ‘aqui tu não entra, aqui não entra racista’. Eu questionei e ele falou ‘tu é um negrinho racistinha’. Os meus amigos ficaram mais alterados do que eu com a situação.

A situação levanta uma questão importante: só é racismo quando a vítima pertence às “minorias”? Se o amigo tivesse falado “qual é, negão?”, as coisas seriam diferentes? Pode chamar os outros de “branquelos” por aí? Em meu livro Esquerda Caviar, tratei do tema “racismo reverso”, para lembrar que também há o racismo de negros contra brancos:

O combate ao racismo é bastante seletivo: ignora o ódio aos brancos. Miles Davis, grande ícone do jazz, disse certa vez que, se alguém lhe contasse que tinha somente mais uma hora de vida, passaria esse tempo asfixiando um homem branco. E faria isso com calma e bem devagar. Já Spike Lee, que nunca perde uma oportunidade de expor seu ódio aos brancos, sugeriu que dessem um tiro em Charlton Heston, presidente da National Rifle Association, e ainda especificou o calibre que deveria ser usado.

O ator vencedor do Oscar, Jamie Foxx, foi na mesma linha. Ele, que ganhou as manchetes dos jornais ao chamar Obama de “nosso senhor e salvador” (amém!), resolveu fazer uma brincadeira no programa “Saturday Night Live” ao comentar sobre seu último filme, Django Livre: “Eu mato todas as pessoas brancas no filme. O quão fantástico é isso?” Como diria Galvão Bueno: pode isso, Arnaldo?

Esse “racismo reverso” ficou bastante evidente quando uma stripper negra acusou três rapazes brancos de estupro na Duke University, em 2006. O caso era bom demais para ser verdade, pela ótica da marcha dos oprimidos. Ela, uma dançarina negra e pobre; eles, brancos e ricos, jogadores do time de lacrosse da faculdade. Um prato cheio aos abutres de plantão, que partiram para um precipitado linchamento moral antes de melhor averiguar os fatos.

Após prisões, muitas acusações virulentas da grande imprensa esquerdista e várias teses de sociólogos, que acusavam os brancos de inclinação ao estupro das pobres negras, ficaria provado que a moça, cuja reputação não era das melhores, mentira. Além disso, estatísticas oficiais americanas mostram que os casos de estupro ocorrem em proporção infinitamente maior entre homens negros contra mulheres brancas do que entre brancos contra negras.

Mas esses eram apenas fatos, e a esquerda não liga para isso. A ideologia da vitimização precisa vir antes, e, após muita histeria e cobertura enviesada da imprensa, o assunto simplesmente foi deixado de lado, com os jornalistas ávidos pela próxima história quente onde pintar as minorias como vítimas de brancos ricos e, portanto, malvados.

O melhor exemplo do duplo padrão que resultou da “marcha dos oprimidos” talvez seja comparar a (justa) revolta que gera a simples menção da Ku Klux Klan (KKK), com a absoluta negligência diante dos crimes hediondos praticados pelo grupo Black Panther (Panteras Negras) nos Estados Unidos. Criado em 1966 na Califórnia, o Black Panther se envolveria em diversos crimes, tais como tráfico de drogas, estupro ou assassinato.  Como, porém, fazia tudo com cores marxistas, sob o discurso anticapitalista, contava com o aval da esquerda caviar.

Tom Wolfe capturou em seu livro Radical Chic a essência dessa beautiful people, que usa suas milionárias coberturas para levantar fundos a grupos criminosos como o Black Panther. Wolfe é também o autor da novela A fogueira das vaidades, que viraria filme, dirigido por Brian De Palma, com Tom Hanks, Bruce Willis, Melanie Griffith e Morgan Freeman. Vaidade, a marca registrada da esquerda caviar.

A narrativa de vitimização das “minorias” é tão forte que todos encaram com a maior naturalidade uma banda chamada “Raça Negra”, enquanto com certeza geraria a maior celeuma se uma banda resolvesse se chamar “Raça Branca”. Há uma charge que circulou bastante pelas redes sociais que captura bem esse duplo padrão estranho:

charge

Como podemos ver, a esquerda usa e abusa do velho “um peso, duas medidas”.


Rodrigo Constantino

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