Um caso ocorrido em uma boate de Porto Alegre neste sábado e relatado pelo jornal Zero Hora mostra como a questão do racismo pode ser seletiva:
Militante do
movimento negro em Porto Alegre, o estudante de Relações Internacionais
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Thales Machado, 20
anos, denunciou um funcionário da boate Beco203 à polícia por racismo. A
confusão aconteceu na noite do último sábado, dia 3. O jovem diz ter
sido chamado de “negrinho racistinha” quando entrava no local com um
grupo de amigos para comemorar o aniversário de um deles:
– Na hora de
fazer o cadastro no caixa, um amigo esbarrou em mim e eu disse ‘qual é,
branquelo?’, como sempre faço. O caixa falou ‘aqui tu não entra, aqui
não entra racista’. Eu questionei e ele falou ‘tu é um negrinho
racistinha’. Os meus amigos ficaram mais alterados do que eu com a
situação.
A situação levanta uma questão
importante: só é racismo quando a vítima pertence às “minorias”? Se o
amigo tivesse falado “qual é, negão?”, as coisas seriam diferentes? Pode
chamar os outros de “branquelos” por aí? Em meu livro Esquerda Caviar, tratei do tema “racismo reverso”, para lembrar que também há o racismo de negros contra brancos:
O combate ao
racismo é bastante seletivo: ignora o ódio aos brancos. Miles Davis,
grande ícone do jazz, disse certa vez que, se alguém lhe contasse que
tinha somente mais uma hora de vida, passaria esse tempo asfixiando um
homem branco. E faria isso com calma e bem devagar. Já Spike Lee, que
nunca perde uma oportunidade de expor seu ódio aos brancos, sugeriu que
dessem um tiro em Charlton Heston, presidente da National Rifle
Association, e ainda especificou o calibre que deveria ser usado.
O ator
vencedor do Oscar, Jamie Foxx, foi na mesma linha. Ele, que ganhou as
manchetes dos jornais ao chamar Obama de “nosso senhor e salvador”
(amém!), resolveu fazer uma brincadeira no programa “Saturday Night
Live” ao comentar sobre seu último filme, Django Livre: “Eu mato todas as pessoas brancas no filme. O quão fantástico é isso?” Como diria Galvão Bueno: pode isso, Arnaldo?
Esse “racismo reverso” ficou bastante evidente quando uma stripper
negra acusou três rapazes brancos de estupro na Duke University, em
2006. O caso era bom demais para ser verdade, pela ótica da marcha dos
oprimidos. Ela, uma dançarina negra e pobre; eles, brancos e ricos,
jogadores do time de lacrosse da faculdade. Um prato cheio aos
abutres de plantão, que partiram para um precipitado linchamento moral
antes de melhor averiguar os fatos.
Após
prisões, muitas acusações virulentas da grande imprensa esquerdista e
várias teses de sociólogos, que acusavam os brancos de inclinação ao
estupro das pobres negras, ficaria provado que a moça, cuja reputação
não era das melhores, mentira. Além disso, estatísticas oficiais
americanas mostram que os casos de estupro ocorrem em proporção
infinitamente maior entre homens negros contra mulheres brancas do que
entre brancos contra negras.
Mas esses
eram apenas fatos, e a esquerda não liga para isso. A ideologia da
vitimização precisa vir antes, e, após muita histeria e cobertura
enviesada da imprensa, o assunto simplesmente foi deixado de lado, com
os jornalistas ávidos pela próxima história quente onde pintar as
minorias como vítimas de brancos ricos e, portanto, malvados.
O melhor
exemplo do duplo padrão que resultou da “marcha dos oprimidos” talvez
seja comparar a (justa) revolta que gera a simples menção da Ku Klux
Klan (KKK), com a absoluta negligência diante dos crimes hediondos
praticados pelo grupo Black Panther (Panteras Negras) nos Estados
Unidos. Criado em 1966 na Califórnia, o Black Panther se envolveria em
diversos crimes, tais como tráfico de drogas, estupro ou assassinato.
Como, porém, fazia tudo com cores marxistas, sob o discurso
anticapitalista, contava com o aval da esquerda caviar.
Tom Wolfe capturou em seu livro Radical Chic a essência dessa beautiful people,
que usa suas milionárias coberturas para levantar fundos a grupos
criminosos como o Black Panther. Wolfe é também o autor da novela A fogueira das vaidades,
que viraria filme, dirigido por Brian De Palma, com Tom Hanks, Bruce
Willis, Melanie Griffith e Morgan Freeman. Vaidade, a marca registrada
da esquerda caviar.
A narrativa de vitimização das “minorias”
é tão forte que todos encaram com a maior naturalidade uma banda
chamada “Raça Negra”, enquanto com certeza geraria a maior celeuma se
uma banda resolvesse se chamar “Raça Branca”. Há uma charge que circulou
bastante pelas redes sociais que captura bem esse duplo padrão
estranho:
Como podemos ver, a esquerda usa e abusa do velho “um peso, duas medidas”.
Rodrigo Constantino
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