Cientistas políticos avaliam que o vídeo do PT com o mote “Não Podemos Voltar Atrás” se vale de um tom radical, pela primeira vez nessa pré-campanha, para estancar quedas de popularidade de Dilma e iniciar de vez uma campanha dura. O vídeo, que mostra pessoas empregadas e bem de vida confrontadas com seus passados de desemprego e miséria, foi comparado com um depoimento da atriz Regina Duarte 2002, em discurso pró-Serra: “O Brasil, nessa eleição (2002), corre o risco de perder toda a estabilidade que já foi conquistada”, dizia Regina. Já o vídeo petista que vai ao ar na terça-feira afirma que “não podemos deixar que os fantasmas do passado voltem e levem tudo o que conseguimos”.
As quedas constantes de popularidades da presidente são a
principal causa do vídeo, avaliam cientistas políticos. As críticas miram na
oposição, mas especialmente para Aécio Neves, cujo partido governava o país
antes dos 12 anos de PT.
- É mais ou menos de mostrar como a não reeleição da Dilma
traria mais consequências para o povo brasileiro. Só que nós sabemos que com a
Dilma também tem coisa negativa. Os fantasmas do passado fazem referência ao
governo (Fernando Henrique) Cardoso. Já é um radicalismo que pode dar o tom,
com certeza, a partir de agora - diz David Fleischer, professor emérito de
ciência política da Universidade de Brasília (UnB).
Houve uma mudança de referenciais: se em 2002 a novidade e o
risco seriam o PT, agora o mesmo partido luta para permanecer no poder. Este
pleito reservará embates duros, contrastando com as duas campanhas passadas,
avalia o consultor político André César, para quem os ganhos do governo petista
se perderam. Para o consultor político, ainda é preciso esperar para ver a
reação da população ao vídeo, que pode considerar o tom muito agressivo. O
pequeno filme mostra uma criança indo às lágrimas ao olhar para ela mesma no
passado.
- É um exemplo claro de que essa campanha será uma campanha
dura, pesada, que nós não assistimos nas últimas campanhas presidenciais. O
“Lulinha Paz e Amor” é passado. O medo só mudou de cara. O medo de 2002 era o
PT, a novidade era o PT, havia receio do mercado financeiro, medo da
instabilidade econômica, a gente vê isso no vídeo da Regina Duarte. Agora, o
medo é tirar o PT do governo, e colocar a oposição, seja ela Aécio Neves ou
Eduardo Campos, mas a mensagem é a mesma.
O PT, nas três eleições que venceu,
começou como uma novidade, teve ganhos, e essas novidades acabaram, esses
ganhos se perderam. A população está aí frente a escândalos de corrupção. É uma
estratégia que não mostra o que você tem de proposta, mas sim para mostrar o
que o outro tem ruim. Joga com o medo, mas temos que ver se a recepção vai ser
boa, ou se vão achar que foi agressivo demais - afirma César.
Para o cientista político da UnB João Paulo Peixoto, o
governo teve que “apelar”, a fim de conseguir mudanças enérgicas nas
pesquisas. - A presidente Dilma tem enfrentado sucessivas quedas de
popularidades e o PT tem que, digamos, apelar. É um sinal de fraqueza,
quase
desespero, para recuperar as pesquisas. (O Globo)
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