FOLHA DE SP - 14/05
Das 167 intervenções prometidas para o Mundial, somente 41% já estão prontas; imagem que fica é a de um país desorganizado
Em suas tentativas de tranquilizar a todos quanto ao andamento dos preparativos para a Copa do Mundo, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, recorreu algumas vezes a comparações com o Carnaval.
"Se você comparecer a um galpão de escola de samba, você aposta que não vai ter desfile nenhum", mas, no dia, "a escola está lá, bonita, pontual, organizada", afirmou em março de 2012, quando o cronograma das obras já preocupava.
Ontem, esta Folha publicou um extenso levantamento das metas anunciadas para o Mundial. O resultado indica que o desfile não será nem pontual nem organizado, restando a chance de que seja bonito --um conceito subjetivo.
De 167 intervenções prometidas, 68 ficaram prontas a um mês do início da Copa, ou 41% do total. Outras 88 (53%) não foram concluídas, e 11 não sairão do papel.
Principal destaque dos compromissos oficiais, as obras para melhorar a mobilidade nas cidades, que seriam o legado do Mundial, são o grande fiasco da organização: apenas 10% estão prontas.
Quem for a Cuiabá e Manaus, por exemplo, não verá os esperados VLTs (veículos leves sobre trilhos), que levariam os turistas dos terminais aéreos ao centro. Em São Paulo, Guarulhos, o mais movimentado aeroporto do país, não conseguiu concluir a nova área a tempo de ser utilizada por inúmeras companhias aéreas.
No que tange aos estádios, por certo terão condições de abrigar as partidas, mas muitos foram entregues fora dos prazos, com custos acima do previsto.
Não há dúvida de que foi um equívoco escolher 12 cidades para hospedar o evento, muitas delas sem tradição futebolística. A Fifa considerava que deveriam ser, no máximo, dez sedes. A ampliação foi exigência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no intuito de acomodar interesses políticos.
O resultado é o desperdício de recursos em arenas que dificilmente terão finalidade após o torneio. De acordo com dados oficiais, 99,4% do custo dos estádios --num total de R$ 8 bilhões, contra R$ 4,8 bilhões originalmente estimados-- será bancado, direta ou indiretamente, por governos, com ajuda de financiamentos de bancos estatais e renúncia fiscal.
A Copa não deixará de trazer benefícios, mas o balanço dos preparativos é negativo. Não é demais lembrar que o Brasil foi confirmado como sede do Mundial há sete anos --tempo suficiente para que o "desfile" fosse preparado.
Perde-se a oportunidade de o país do futebol mostrar-se confiável, comprometido com a melhoria de sua infraestrutura e zeloso com os recursos públicos. Prevalece a outra face do estereótipo nacional: a descompromissada imagem de país do Carnaval.
Das 167 intervenções prometidas para o Mundial, somente 41% já estão prontas; imagem que fica é a de um país desorganizado
Em suas tentativas de tranquilizar a todos quanto ao andamento dos preparativos para a Copa do Mundo, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, recorreu algumas vezes a comparações com o Carnaval.
"Se você comparecer a um galpão de escola de samba, você aposta que não vai ter desfile nenhum", mas, no dia, "a escola está lá, bonita, pontual, organizada", afirmou em março de 2012, quando o cronograma das obras já preocupava.
Ontem, esta Folha publicou um extenso levantamento das metas anunciadas para o Mundial. O resultado indica que o desfile não será nem pontual nem organizado, restando a chance de que seja bonito --um conceito subjetivo.
De 167 intervenções prometidas, 68 ficaram prontas a um mês do início da Copa, ou 41% do total. Outras 88 (53%) não foram concluídas, e 11 não sairão do papel.
Principal destaque dos compromissos oficiais, as obras para melhorar a mobilidade nas cidades, que seriam o legado do Mundial, são o grande fiasco da organização: apenas 10% estão prontas.
Quem for a Cuiabá e Manaus, por exemplo, não verá os esperados VLTs (veículos leves sobre trilhos), que levariam os turistas dos terminais aéreos ao centro. Em São Paulo, Guarulhos, o mais movimentado aeroporto do país, não conseguiu concluir a nova área a tempo de ser utilizada por inúmeras companhias aéreas.
No que tange aos estádios, por certo terão condições de abrigar as partidas, mas muitos foram entregues fora dos prazos, com custos acima do previsto.
Não há dúvida de que foi um equívoco escolher 12 cidades para hospedar o evento, muitas delas sem tradição futebolística. A Fifa considerava que deveriam ser, no máximo, dez sedes. A ampliação foi exigência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no intuito de acomodar interesses políticos.
O resultado é o desperdício de recursos em arenas que dificilmente terão finalidade após o torneio. De acordo com dados oficiais, 99,4% do custo dos estádios --num total de R$ 8 bilhões, contra R$ 4,8 bilhões originalmente estimados-- será bancado, direta ou indiretamente, por governos, com ajuda de financiamentos de bancos estatais e renúncia fiscal.
A Copa não deixará de trazer benefícios, mas o balanço dos preparativos é negativo. Não é demais lembrar que o Brasil foi confirmado como sede do Mundial há sete anos --tempo suficiente para que o "desfile" fosse preparado.
Perde-se a oportunidade de o país do futebol mostrar-se confiável, comprometido com a melhoria de sua infraestrutura e zeloso com os recursos públicos. Prevalece a outra face do estereótipo nacional: a descompromissada imagem de país do Carnaval.
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